Antonio Prata > O pior surdo é o que não quer ouvir Voltar
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Belo texto !
Sou deficiente auditivo. Se fosse só caixa de supermercado, mas amigos e parentes também se importam pouco. É preciso usar a plaquinha peito pra ser reconhecido?
Adaptando a célebre frase do Millor, o pior surdo é o que QUER ouvir. Acho que, diferentemente do cego (entre outros) o surdo não parece, de bate pronto, ter deficiência - fica portanto a impressão de ser um fulano desatento, pouco atencioso com o interlocutor, preguiçoso etc. E um problema (tenho sério problema auditivo): a pessoa demora a aceitar essa condição, o que em muito prejudica a adaptação aos aparelhos auditivos. O texto foi maravilhosamente escrito.
Quando me perguntam: débito ou crédito, respondo DÉ ou CRÉ... fica bem mais claro, apesar de acharem estranho... rsrsrs
Meu avô sempre padeceu de surdez; quando surgiram os primeiros aparelhos auditivos, o convenceram a experimentá-los. Ele, que vivia em paz até então, começou a ouvir as queixas, os gritos e a tagarelice da vovó. Declarou, então, que para continuar a viver em paz com a mulher, era melhor não ouvi-la. Devolveu o aparelho e prosseguiu, feliz, até o fim de seus dias, aos 94 anos, em plena harmonia conjugal.
Deviam era mudar esses nomes: tem coisa mais parecida que crédito e débito? Há várias possibilidades de nomes para não gerar confusão. DÃbito e Crádito, por exemplo.
Caraca, tenho uma perda de audição, quando não escuto digo: perdão, estava pensando na morte da bezerra no Afeganistão.
artigo maravilhoso!!!!!! minha mãe não quis de modo algum……. Kkkkkkkkk
Responda "drébito", só pra ver a cara do caixa
Ótima iniciativa a dessa campanha, Prata!
Como sempre muito bom! Acho que preciso usar o tal aparelho mas falta grana porquê é carÃssimo!
Além de carÃssimo, não me adaptei durante um mês de teste. Ouvia minha fala em eco, alunos mais próximos me disseram q minha voz ficava diferente quando usava o famigerado aparelhinho nos 2 ouvidos. Passei tentar usar em apenas um ouvido, não funcionou. Continuo colocando a mão em concha para ouvir melhor radio, Tv, gente com má dicção, ou má vontade de repetir, enfim, felizes os que conseguem conviver com o tal.
Graças a Zeus (e, não custa enfatizar, à esquerda) o Sus fornece, cara Diva!
Como o cotidiano e as próprias experiências tornam-se um convide à reflexão, uma empatia ou mesmo uma leitura leve das limitações. Parabéns por mais esse texto. E, parafraseando Saramago - Se podes ouvir, escuta. Se podes escutar, repara.
Um pequeno reparo: o pior surdo é o que 'não quer ver', porque o surdo já não ouve mesmo, mas pode enxergar.
Concordo, porque muitas vezes só acompanho a conversa fazendo leitura labial. !
Hahahahah! Tem perfeita lógica, meu caro. Mas você diz isso porque não teve uma mãe confortavelmente surda, com o silêncio cotidiano garantido, mesmo morando no centro de Londrina... Hahaha!
O Antonio Prata é insuperável.
E curiso que óculos anunciam nomes de casas de moda famosas, mas aparelhos auditivos se disfarçam cada vez mais.
E se quiser, ouve?
Na função de diretor da faculdade de história da Unirio, acompanhei a dificuldade que um estudante com surdez profunda teve prá conseguir intérpretes. De fato a integração deles é mais complicada que a nossa. De quebra um intérprete contou que quando explicou a um surdo numa Igreja evangélica, através da lingua de sinais que o pastor queria curá-lo, o surdo pediu que explicasse que não buscava cura. Vida difÃcil.
[Ó sençura. Que ao ridÃculo faz ouvidos Loucos. Não seriam moucos, perguntaria alguém? Não, prezado, são mesmos Loucos. Porque *proibir* ââânnus dá trabalho. E desbloqueá-los não custa vintém. Ainda assim é o que faz, essa sençura do Baralho.]
Estamos juntos, Marcão.
Oh, carÃssimo Pratamouco, folgo em saber que levará décadas pra que ensurdeça depois de morto - você não morrerá de noite e, surpresa!, ao acordar estará surdo. Não. Tal como o subdesenvolvimento, é um projeto de anos (e sem trocadalho: um "projeto de ââânnus" é hemorróida, não surdez). Mas, falando em subdesenvolvimento, veja só: conheci uma francesa surda que usava cão-guia. Meus cães nunca deram conta de "dar a patinha", e o dela sabia Libras. Em Francês. Nóis é mêmo Únda-Ole, né não? Hahaah!
A perda da audição impacta também no equilÃbrio fÃsico. Pode aumentar o risco de quedas.
E atropelamentos. É arriscoso mesmo.
Como disse certa vez um paciente para um colega médico: "Doutor, dos cegos as pessoas têm dó, dos surdos, têm raiva!".
O cego, prezado xará, é visÃvel em sua cegueira, senão pelos olhos fechados (que podem estar cobertos por óculos), pelo instrumental que usam ao caminhar. O surdo, é um anônimo, esteticamente um igual; usassem aquelas trompas do século dezoito na'zoreia, alcancariam igual tolerância, suponho eu.
Uma vantagem é que um vizinho barulhento do andar de cima não tem como te incomodar. Comentei isso com um colega quatro ouvidos e ele riu satisfeito.
Meu tipo de deficiência auditiva se incomoda com barulho do andar de cima, e muito mais com barulho de motocicletas potentes. Motociatas me levaram a comprar tapador de ouvidos, daqueles q operários usam para britadeiras. Ou seja, certo tipo de som, barulho, ruÃdo, causa-me irritação. Talvez eu seja autista, Aspenger, com surdez. Fico muito irritado com gente q ouve, mas não escuta. Ouve, mas não quer compreender. Ex. fanáticos.
Eu comentei isso com a vizinha de cima da minha mãe, certa vez: olha, fique tranquila com o barulho das suas crianças, minha mãe não escuta nada. Ela realmente se tranquilizou, coisa que eu não queria, preferia que tivesse entendido o recado. Agora, que minha mãe morreu, uma irmã irá ocupar o apartamento e terá que se virar com a criançada totalmente enlouquecida... E, não só, como se não bastasse, com os gritos da vizinha de baixo, já que a barulheira chega àquele andar!
Passei a usar, há uns 6 meses. Recomendo.
Curioso, Prata. Acabei de ler seu livro "meio intelectual, meio de esquerda" e, como documento histórico de crônicas de um perÃodo especÃfico, lá você fala de iPods (e a sabotagem do 'schuffle' quando ha visitas), videolocadoras etc. À época, as pautas identitárias ainda não tinham avançado e tomado o debate público. As tecnologias para problemas auditivos, também, certamente não eram tão discretas, quiçá eficacez. Analisar sempre essas mudanças, e como vc bem diz, não perder o bonde da história
Não conte para ninguém nós gostamos de não ter que ouvir tudo. Mesmo ouvindo, podemos dizer ao ser repreendidos, NÃO OUVI!
Mamãe era, decididamente, da tua turma, Antonio Carlos. Mas quem se Sode mêmo é o entorno, né? Impiedosos, oceis...
hahahhaa
Antonio, li seu texto com um sorriso e muita ternura. Afinal, faço parte do grupo e também acho que perdemos o bonde da história do politicamente correto. Já usei o aparelho mas não me adaptei. Vou seguir seu conselho e fazer nova tentativa, sem deixar de estressar a turma do caixa com o tradicional “o quê?”
Uma frustraçao q tenho é não dirigir, tirei CNH mas qdo tinha q pilotar, suava, parecia prever um acidente fatal e acabei desistindo . Hj entro no carro, ligo o rádio num volume alto e quem dirige e ouve bem é a "patroa ". Pra ajudar, os carros tem controle de som na direção, portanto quem controla o volume é o motorista. Desisti de ouvir rádio e um ap.de surdez até q resolveria, duro é q além de nao guiar, não aprendi a guardar e esta é outra frustração, q fica pra um próximo comentário.
Receba minha empatia. Tb passei por esta situação.
Ôôô, Carlos, meu caro, essa estorinha de "fica pra próxima semana" tá ficando Soda aqui na folha: o seu Marcelo, matemático e chefe do inpa, volta e meia o faz; dia desses, acho que foi a Bia Braune. Pô, agora você, colégua leitor? Conta pra nóis, Mano Campos, faz favor! Pô, ao menos o que é "guardar": é estacionar? Ou botar na garagem? (Sem metáfora ou metádentra, bem entendido)
Realmente, a degeneração inerente ao envelhecimento, causa uma certa repulsa, parece que ao ignorarmos, superamos as deficiência. Amei a comparação com os cabelos prateados, a baixa visão e etc., formidável. Acho que deveria existir a libra na grade curricular das escolas, é grande o número de não ouvintes. Já li que a surdez pode ser sinal de Alzheimer
Marcos, recebe minha empatia comovente. Tamos junto.
Justa Lerda, Marenildes, que Herda de notÃcia: tomara que o Alzheimer não seja sinal de surdez; já não me basta estar esquecendo das obviedades? Se eu ficar surdo, ainda por cima, aà Sodeu-se tudo. Perdi um tanto do olfato; além de mÃope, presbÃope - minha vista anda exausta dos horrores que vê - e, diabético, mais que meio broxa. Orra, que saco! Se ensurdecer, aà que que nem a farmacopéia ajuda o semimorto a levantar.
Boa!
biblioteca da UFRJ é um antro de surdez. os funça são tudo surdo, ficam o dia inteiro na maior conversaiada, e sem atrapalhar a freguesia. perfeito.
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