Mirian Goldenberg > Hipervalorização da performance sexual atrapalha a satisfação conjugal Voltar

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  1. JOSE EDUARDO MARINHO CARDOSO

    Se não temos autonomia sobre nossos hábitos, vícios e manias, então teremos muitas dificuldades em lidar com os hábitos, vícios e manias dos outros. Baseados em Nietzsche podemos indagar: "Se não somos senhores de nós mesmos, quem será por nós? Podemos ter domínio sobre os nossos pró e os nossos contras, e aprender a mostrá-los e novamente guardá-los de acordo com seus fins?".

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  2. JOSE EDUARDO MARINHO CARDOSO

    O sexo mais do que nunca tornou-se produto de consumo, moeda de troca e instrumento de poder em sociedades capitalistas e ocidentais. Os comportamentos sexuais fazem parte de um contexto onde predomina a lei da oferta-demanda, a regra da livre concorrência, onde o sexo é visto como uma mercadoria qualquer. (1/2)

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    1. JOSE EDUARDO MARINHO CARDOSO

      A sexualidade tornou-se recreativa e até mesmo imperativa, causando a sexualização precoce dos jovens e a supervalorização do sexo e do orgasmo nos relacionamentos. O sexo é importante, porém é apenas uma parte de um relacionamento. E é normal as pessoas ligarem falta de sexo a falta de amor, mas isso também não é verdade, porque um casamento vai muito além do que acontece na cama. (2/2)

  3. JOSE EDUARDO MARINHO CARDOSO

    Vivemos uma época de exageros de todos os tipos, na qual trabalho, drogas lícitas, drogas ilícitas, comida, atividade física, jogos, Internet etc. são usados para proporcionar alguma satisfação ainda que fugaz. O sexo é só mais um item a ser incluído nessa lista de descomedimentos. Infelizmente, muitas pessoas sofrem pela dependência/abstinência em mais de um desses itens, incorrendo também numa potencial overdose. Acreditam que o contentamento que buscam vem de fora - algo, alguém ou evento.

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    1. JOSE EDUARDO MARINHO CARDOSO

      Nosso maior desafio somos nós mesmos, pois vivemos num contexto marcado pelo "ter" ou "parecer ter/ser". Daí a relevância da reflexão acerca dos nossos hábitos, vícios e manias, pois eles podem trazer satisfação/sofrimento a nós e aos outros, bem como gerar dependência/abstinência e overdose.

  4. João Gabriel de Oliveira Fernandes

    Eu tenho uma teoria: o sexo virou outro espaço para performance. Há até um termo na internet para o homem que não aguenta muito tempo, ou faz mal: "é soca fofo". Então, quando você já tem o indivíduo premido pela hiperprodutividade do trabalho, o sexo não será um refúgio para ele, e sim mais um espaço em que ele precisa pontuar e "demonstrar serviço". Daí o desinteresse etc. Apenas uma conjectura minha.

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    1. Mirian Goldenberg

      Muito interessante sua hipótese. Muito mesmo

  5. Claudio Gomes

    O problema é o eventual desalinhamento de interesses sexuais, que se torna mais evidente após os 50 anos. O sexo deixa de ser tão obvio, requer alguns preparativos de ambos os lados, fica mais trabalhoso. Alguns sublimam, outros não. Mas quando um quer muito, e o outro não, nao adianta tapar o sol com a peneira, haverá tensão. Não adianta tentar convencer o outro que o sexo não é importante. O desenrolar dessa historia é conhecido, o casal terá dificuldades em permanecer como tal.

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    1. Mirian Goldenberg

      Dá muito trabalho mesmo

  6. raul pereira

    Estou sempre defendendo que a ciência trabalha com fatos e não com opiniões. Pergunto; qual o motivo que teve como consequencia a formação do casal? Se foi o sexo não poderia durar muito . É instintivo. De havia outros enlaces é possivel durar mais tempo. . Pergunte ao Jean Paul Sastre e para a Simone de Beauvoir

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    1. Mirian Goldenberg

      E, apesar de não ser o sexo o principal quesito da relação, Simone sofreu muito por não ser a única na vida dele

  7. Marcos Menendez

    Minha opinião é que o sexo é como a praia; se você o têm muito fácil e por perto, não vai. E se é mais distante , o anseia. Por isso os casais que convivem fazem pouco sexo. E por isso a tendência cada vez mais estendida entre os casais de classes abastadas de morar em casas separadas e se encontrarem como namorados (meu caso). Os encontros são românticos, com flores, velas, comidinha,barba feita, lingerie sexy,perfume, beijos, pequenos presentes e agrados,etc. Se entra no mar com aquele desejo.

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    1. Mirian Goldenberg

      Muitos casais desejam esse modelo para evitar o desgaste da relação

    2. Galdino Formiga

      O comentário é interessante, mas penso que é exceção.

  8. adenor Dias

    Eu um cidadão de pouca experiência em sexo, arrisco dizer que a hipervalorização do sexo, derruba muitos casamentos! Vale para homens e mulheres: sexo quando se torna uma obrigação, perde o encanto! Dizem que o que vale é a qualidade e não a quantidade! talvez por isso, muitos homens mentem se gabando da sua performance. Infelizmente, temos um milhão de coisas para nos preocuparmos, o que põe o sexo em ultimo lugar. Não somos animais reprodutores, que só temos uma coisa a fazer...

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    1. Mirian Goldenberg

      Perdeu o lugar de prioridade, especialmente pós pandemia

  9. emmo marques

    Na verdade a questão da quantidade de sexo depende do funcionamento de cada casal. Ele pode ou não ter mais ou menos importância. Sabemos que homens e mulheres, em geral, entendem o sexo de maneira bem diferente. É claro que as coisas mudam com a "evolução" da humanidade, mas ainda vejo que as mulheres ficam "melhor" sem sexo frequente do que os homens. Para muitos homens, o sexo é como escovar os dentes, tomar banho, dormir, almoçar. Vc não precisa estar no clima ou estar tranquilo para fazer

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    1. Galdino Formiga

      Fazer sexo é habitual para os homens, para as mulheres é eventual.

    2. Mirian Goldenberg

      Parece que isso também está mudando

  10. Chiara Gonçalves

    Olá, querida Mirian! Nunca me esqueço de uma neurologista entrevistada no roda viva que, ao ser questionada sobre o que unia os casais, respondeu sem pestanejar: o sexo! Ela disse que era como uma cola para o casal. E Freud também não deixou por menos. Aí tem...

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    1. Galdino Formiga

      O sexo no casamento é uma atividade muito importante. Existem diversas outras..

    2. Mirian Goldenberg

      Querida Chiara, nem todos os casais acham tão importante assim

  11. CAMILA ramalho rolim MARTINS

    Mirian como sempre trazendo dados e questionamentos necessários e interessantíssimos, te amo e espero que sua coluna aqui jamais acabe.

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    1. Mirian Goldenberg

      Fico muito muito feliz Camila

  12. Eládio Gomes

    É a monogamia, estúpido. PS: é só uma brincadeira com a fase famosa, cara Miriam, não é de forma alguma endereçada a você, de cujos artigos sou leitor assíduo.

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    1. Mirian Goldenberg

      Acho que a idade muda muito esse pensamento e os casais passam a encontrar outros prazeres

    2. Eládio Gomes

      Pode ter certeza que sim. Sou seu fã, mas não resisti à brincadeira, já que penso que a monogamia é imperativa em nossa cultura e seria um fator a ser considerado nesse dilema.

    3. Mirian Goldenberg

      Será???

  13. Alexandre Marcos Pereira

    Há tantas razões para um casal não fazer mais sexo e elas variam muito em cada caso. Condições médicas, como disfunção erétil, doenças crônicas, dor ou fadiga, podem afetar o desejo sexual ou a capacidade de ter relações sexuais. Depressão, ansiedade, estresse e problemas de autoestima podem diminuir o interesse sexual. Traumas passados, como abuso sexual, também podem desempenhar um papel. Conflitos, comunicação deficiente, ressentimento acumulado e falta de conexão emocional também atrapalha.

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    1. Galdino Formiga

      Acrescento a principal que é a falta de interesse pelo outro.

    2. Mirian Goldenberg

      Verdade

  14. JERSEY MARTINS

    Penso que o problema, às vezes, não é a ausência do sexo por si só. O problema é o parceiro/a não demonstrar sentir nenhuma falta do parceiro/a. Aí não tem autoestima que resista.

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    1. Mirian Goldenberg

      Concordo totalmente

  15. Cida Sepulveda

    O mito sexo.

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    1. Mirian Goldenberg

      Mito que não deixa enxergar outros prazeres

  16. RAMON CARVALHO

    Continuando: quando o mote da relação é apenas sexo, a tendência de insatisfação aumentará. E a busca por novas experiências também. Não raro, no fim da vida, o sujeito olha para trás, percebe que se relacionou com uma quantidade gigantesca de pessoas e não se conectou a ninguém. Prazer e dor são faces da mesma moeda.

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    1. Mirian Goldenberg

      Sem intimidade e sem maturidade

  17. RAMON CARVALHO

    Há uma supervalorização do prazer. As pessoas hoje querem viver, continuamente, numa rotação alta. E naturalmente, numa relação estável, a rotação do desejo( leia-se: vontade de sexo) tende a diminuir e se firmar em uma rotação mais cadenciada. Atualmente percebo as pessoas com muita dificuldade de encararem essa realidade, especialmente os mais jovens. Muitos casais de jovens se separam afirmando que amam a pessoa, mas a relação esfriou. Que nada mais é que o sexo diminuiu a rotação.

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    1. Mirian Goldenberg

      Eu encontro o mesmo nas minhas pesquisas

  18. RODRIGO TORRES COSTA

    Realmente a média anda baixa. Embora concorde com a ideia de que existem outras questões importantes que podem influenciar positivamente a satisfação conjugal, a meu ver o sexo continua sendo uma valiosa e deliciosa ferramenta para a união para casais. Sorte de quem tem e não deixa faltar!

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    1. Mirian Goldenberg

      Muita sorte

  19. André Conci

    Excelente texto, como sempre! Gostei especialmente do trecho em que fala que fala que quem reclamava da falta de sexo eram os homens e, hoje em dia, quem reclama são as mulheres. Muito interessante essa mudança de paradigma. Isso faz com que me pergunte sobre o que fez com que houvesse tal mudança? Isso deveu-se a algum fator social? Trata-se apenas de pessoas demasiadamente estressadas com o trabalho? Ou é apenas falta de compreensão das reais necessidades dos parceiros?

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    1. Galdino Formiga

      Penso que os homens sempre querem fazer sexo. As mulheres nem tanto.

    2. Mirian Goldenberg

      André, estou buscando compreender melhor essas questões. Mas as pessoas estão muito impacientes e intolerantes, não sabem escutar o outro

  20. Sinésio Brito

    Estou em um relacionamento novo depois de 29 anos convivendo com uma mesma pessoa, seus textos me ajudam muito nesse meu novo momento.

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    1. Mirian Goldenberg

      Fico muito feliz Sinésio, vou continuar pesquisando essas questões

  21. Carlos Telles

    O último parágrafo resume o contexto. O problema é que a geração dos que estão entre 65 e 70 anos, foi a turma da transição do amor livre, dos hippies e o conservadorismo católico de casa. Por termos ficado divididos entre os dois, conservadores no relacionamento e liberais em relação ao sexo, muitas vezes não temos nada, mas é a sina da transição.

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    1. Carlos Telles

      Exatamente, um pé em cada canoa, dá de cara na água.

    2. Mirian Goldenberg

      Talvez por querer tudo, não enxergamos oque realmente importa

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