Vera Iaconelli > A quem convém tanto ódio nas redes? Voltar
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A esquerda, dita progressista, divide a humanidade entre conservadores e progressistas. Mesmo analisada apenas por esse binômio, a argumentação racional é suficiente para fazer ruir o castelo de cartas do progressismo.
Luiz Carlos, apenas argumentos "ad hominem", pois não? É tão fácil e cômodo... Basta xingar o interlocutor, no caso, eu, pondo-o em descrédito por meio de adjetivos pejorativos e/ou ataques à sua pessoa. (Onde faltam argumentos sobram adjetivos.) Qualificativos depreciativos existem à saciedade. É mais fácil do que ter conhecimentos e argumentos para atacar o cerne da questão. Inteligência emocional também é requisito para o debate saudável. Entendo pessoas como você. O mundo é assim.
A extrema- direita utilizada a mesma divisão Patriota X Comunista Bem X mal e etc...
Só podia ser Homem com esse papo conservadorista , um discurso monolÃtico, de papéis previamente definidos e uma imaginada estabilidade. A famÃlia tradicional , o homem de bem , o patriota e o resto é o inimigo .
Todo ser humano busca, basicamente, a estabilidade na vida. Busca a segurança. Viver na incerteza é prejudicial, perturbador. É deveras deprimente viver sob a sombra do medo. Não é à toa que o termo "assombrado" tem ela como étimo. Assim, essa modernidade lÃquida simboliza o caos, a confusão, pois nela, tanto os prazeres sexuais podem estar em primeiro lugar e a razão em último, quanto os prazeres do ventre e da gula estarem na primazia.
Como diz Clóvis de Barros Filho, os antigos se orgulhavam de dizer "estou há vinte anos na mesma empresa", "moro há trinta anos na mesma casa", "estou casado há trinta anos com a mesma mulher", fatos que indicam uma solidez identitária, a qual importa em demonstrar que aquela pessoa tinha estabilidade em todos os sentidos: era digna de confiança.
Afinal, você só confia no que é estável, firme, que lhe dá apoio. Conhecer uma pessoa é isso. Mas a pessoa que é fluida, lÃquida, instável, não se pode confiar. É camaleônica. A metamorfose ambulante preconizada por Raul Seixas, com a qual Lula se identificou. Numa apertada sÃntese, conservador é, por definição, ser clássico.
O que não é clássico é efêmero, passageiro: volátil, indefinido, inconstante. O que não é conservador é fútil, cujos sinônimos são frÃvolo, volúvel. Por outro lado, o termo progressista remete ao que é fluido, inconstante, à modernidade lÃquida denunciada por Bauman, à pós-verdade: ao mundo das fake news; aos seres camaleônicos; ao filme "A Forma da Ãgua". Em suma, é um mundo caótico em que nada é definido. Vida sob os auspÃcios do medo. Entendedores entenderão.
A extrema direita precisa do ódio e do caos. É nesse ambiente que ela próspera.
Acho que há bastante espaço para a agressividade sem resvalar no ódio. Mesmo que sejam parentes próximos. Uma disputa de bola pode acabar em duplo cartão vermelho, mas isso é raro. A disputa polÃtica pode também ser dura mas respeitar limites, evitando a perseguição dos adversários com cassações, censura ou prisão.
O último parágrafo do artigo resume toda a sua mensagem: filosofia da alcova. Quem sabe ficaria melhor "Filosofia na Alcova"? Clóvis de Barros Filho, sobre os ensinamentos de amor do Senhor Jesus, fechou com chave de ouro: "Ele não parou de falar que o maior valor da vida é o amor. E não é exatamente como um dever moral, mas é isso como um sentido de vida, um sentido existencial, é ter a absoluta convicção que quando você tem a disponibilidade para estender a mão, (continua)
(continuação) pra se esforçar para que alguém sofra menos, isso tem um valor existencial imenso, porque, vamos combinar, a gente é massacrado por discursos onde tudo é recurso pra ser feliz e obter prazer e viver uma vida mais cômoda. E acabou. Então saber o que é meio e saber o que é fim, e saber que o fim maior pode não ser a busca da própria felicidade... Isso é revolucionário." Por que não podemos ter o bem do próximo como ideal de vida? O hedonismo na alcova não é lá tão edificante.
Gostei muito do texto da semana passada, mais ''guerreiro'' do que o de hoje, que de forma racional, nos dá uma ideia desse conflito contraditório constante nas redes sociais e nas ruas. Mas não podemos esquecer que todo conflito pode conter a esperança de nos autoconhecer melhor. Ou, talvez, a válvula de escape desses pobres coitados de extrema-direita, seja se identificar com seus algozes mesmo.
Tanto malabarismo que da até para se candidatar ao Cirque du Soleil...
Prazer, prazer, prazer, a vida tem que ser isso? Essa busca quase que fanática pelo prazer a todo custo, será que vamos ter que ouvir isso pela eternidade? Sexo, grana, drogas, a vida está se resumindo a isso.
Não vi nexo entre o conteúdo e a manchete. Bom citar Lacan, quem lê o conteúdo pode aprender alguma coisa: amor, ódio e ignorância são frutos da mesma árvore.
* o amor se dá nas tréguas * dá para explicar que trégua é essa? Não dá, acabou o espaço.
"O ódio compartilhado é a grande cola dos grupos. Esse jogo permite manter a ilusão de que o grupo é coeso e feliz" É uma perspectiva interessante abordada pela autora. Nas entrelinhas existe um julgamento dos Outros, que nâo sâo progressistas como nós. O que remete ao jogo do ódio: rechaça os outros, para manter a ilusão de que o grupo é coeso e feliz. Para provar que é coeso e feliz faz alusão a poemas, comprovando que faz parte do grupo angelical. Visa ao elogio e ao autoengano.
Acredito que um autoexÃlio criado pelo desprezo (merecido) dirigido ao gado, dirigido aos alinhados automaticamente sem a reflexão necessária, as "futilidades mercadológicas" e casos afins é uma escolha sustentável pra nos manter fora do "circuito do ódio". O desprezo aqui não implica ignorar o poder brutal da manipulação envolvida, pelo contrário, por saber dele preciso do autoexÃlio.
Como o colega Celso Coccaro ressaltou abaixo, as manifestações de dona Vera são "unilaterais e desumanizam o antagonista". Sob o falso verniz do cultismo erige uma crÃtica contumaz a todos os que se opõem ao progressismo e a uma visão de mundo academicista. Nunca dá um abraço acolhedor aos discordantes. Pelo menos nunca vi aqui. Esquece que filosofismos e quejandos são nuvens passageiras. (continua)
(continuação) Nessa postura, alcandorada em sua torre de marfim, dita e julga comportamentos como se tivera a régua moral e o monopólio da verdade. Tudo isso em esquemas simplistas em que tudo o que é contrário ao que pensa e ao academicismo cai na vala comum do protofascismo e conceitos congêneres. (continua)
(continuação) A humildade é uma virtude bela. Alguns não a admiram. Na Estrada Real da humanidade só a verdade permanece. É uma enorme Roda Gigante (redundância)... Ou Roda da Fortuna. A história sempre foi o melhor juiz. Sábias são as palavras de Voltaire, neste particular: "O inferno é o outro." Meu amigo MaurÃcio Lessa já dizia: "[Nesse filme da vida] Só tem mocinho, ninguém é bandido." Tem uma assinante que gosta de me rotular, em tom debochado, de "escritor". Um prato cheio pra ela.
"Et voilà ".
O ser humano e oque é , gostaria que fosse diferente , mais educado ,mais atencioso, mais solidário . O tempo passa e a natureza humana não evolui, gostaria de ler, ver e sentir coisas boas ,mas infelizmente não é assim, todos tem que procurar ser o melhor ser, fazer um policiamento constante e persistente. " Talvez quando chegar a nossa hora possamos ver que poderÃamos ter sido melhores".
Cony tinha razão, a humanidade não tem como dar certo. O ódio interessa a quem dele obtém renda. Simples e doloroso. Fabricar armas é rentável. Edgar Allan Poe, num dos seus contos, talvez no Barril de Amontillado, se refere ao espÃrito da perversidade, é dele que se alimentam as tais redes sociais, que de sociais nada têm. É o mesmo espÃrito que endoidece a alma, liberta o Mal e dissolve a culpa nos crimes de bando.
Elizabeth Roudinesco, presente!
Vera, perdemos Contardo Calligaris, mas ganhamos você. São os textos mais aguardados da semana, talvez os mais questionados, os que mais efeitos provocam, muitas vezes pela falta de entendimento, ou pelo excesso de ódio ou ignorância. Faz-se necessário dizer desse feminino, dessa feminilidade, dessas mulheres no que diz respeito às suas lutas, conquistas, desejos, sonhos, descompassos - de um lugar a ser ocupado.
Olha ela!!
Bem Vera, acho que colheu mais alguns comentários para o arcabouço de sua análise. Eu seria mais materialista e penso que convém a todos os que monetizam algo com isso.
Vamos excluir a nefasta polÃtica brasileira dos artigos. Simplesmente esquecer.
Esquecer o que você pratica todos os dias? Ou você não faz polÃtica?
Paixão pela ignorância.
Muita gente frustrada no mundo.
Com medo de perder privilégios
Seu problema é, antes de tudo, a pouca capacidade de processamento do HD
HD é memória de massa, Pedro. Capacidade de processamento é velocidade de CPU. O resto, sem comentários.
A chuva na roça, o perfume do bolo pela casa, os cachorros dormindo e o texto da semana: apaixonantes.
Estudo a um bom tempo o caso dos "haters" no ciberespaço, e a rede de causas e consequências desse fenômeno. Não há aqui espaço para um discussão sobre, claro, mas sempre ficou, de fundo, a incrÃvel capacidade de uma parte da sociedade em ser malévola, baixa e reles, apelando para a simples maldade como diversão vil. Essa parte deveria, assumo, ser segregada, culpabilizada e punida com todo o rigor, pelo mal que causa.
Concordo com seu comentário. É necessário canais de denúncias, efetivos, visto os danos irreparáveis por vezes sancionados pelo Estado que detém o monopólio da violência fÃsica e simbólica.
A palavra progressista me causa desassossego. Eu a vinculo a uma suposta esquerda egoÃsta, venal, sectária e fantasista. Já a palavra humanista me traz conforto, e me faz recordar da esquerda universal, produtiva e saudável, da sÃntese ideológica que poderia agraciar a humanidade, na vertente que um dia chamamos de social-democracia. Então, quando leio artigos com o seu, que desânimo. São unilaterais e desumanizam o antagonista. Queria o que, senão o ódio?
Perfeito. Uma maneira bem superficial de rotular o ser humano, como se fazer parte de determinado grupo x garantisse um selo de qualidade. A maioria das pessoas têm virtudes e defeitos, erram e acertam, e não há grupo algum nem dentro de partido polÃtico, nem em religião nenhuma que garante que ali estão reunidas as melhores pessoas, de bom caráter e ética, confiáveis, altruÃstas.
As redes antissociais mostram o quanto as pessoas estão prontas para serem manipuladas pelas suas visões e opiniões extremas. Parece que ao navegar na Web, às vezes cruzamos o Cabo da Tormentas, outras vezes atravessamos o Cabo da Calmaria e na maior parte das vezes em mares desconhecidos. Na verdade, há piratas por todo lado que lucram incitando e manipulando aqueles que simpatizam com a cultura do ódio.
A Dominação, como são corajosos os que irmanados pelo ódio se julgam poderosos e possuidores de tudo e de todos , sofrendo insanamente com sua falta de paz e raiva incontida.
Adorei suas reflexões, cara Vera. Parabéns! Nesse mesmo jornal o filósofo Pondé incrementa a ignorância com o intuito único de ser lido, sem a menor reflexão. Triste.
Reflexão polÃtica não cabe mais. Existem tantas assuntos úteis e interessantes.
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