Alvaro Machado Dias > Jesus Cristo tem livre-arbítrio? Voltar
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Livre arbÃtrio talvez surja em relação ao fato de termos consciência da nossa própria morte, de algum modo. Um estadista acuado e com arsenal nuclear qual decisão tomaria? Animais acuados costumam cometer suicÃdio, porém não somos animais...
No nÃvel das ações cotidianas de pessoas comuns, a questão do livre-arbÃtrio estaria relacionada ao do conhecimento sobre a realidades das coisas ou situações que nos pressionam? Já ouvi uma metáfora no budismo tibetano de que a vida é como uma dança. O passo de dança anterior restringe as possibilidades seguintes, o que equivale a dizer que torna certos passos viáveis. Haveria uma liberdade condicionada.
Caro Felipe, A frase citada "a vida é como uma dança" se trata da figura de linguagem de sÃmile ou comparação. Se fosse "a vida é uma dança" é que seria metáfora. Percebe a diferença?
Quando não se pode explicar algo pelo rigor do método cientÃfico, ainda nos resta o reino da metáfora. Uma metáfora pode orientar criativamente um pesquisador na elaboração de suas hipóteses e interpretação de seus dados.
Com certeza não leu o livro, colocou afirmações na boca de Robert que ele nunca fez, e expôs teses totalmente fora do contexto do tema. Mais fácil atacar, sem nem mesmo pensamento crÃtico descente, e ainda fazendo ciência ruim, especulando, sem provas, e sem uma elaboração lógica robusta. É realmente inacreditável o poder das crenças, abandoná-las parece ser pior que morrer, até mesmo para aqueles que não deveriam ser crentes, os cientistas.
Como é difÃcil mexer nas crenças das pessoas, inclusive dos cientistas. Este neurocientista, da Unifesp, fez o pior artigo que li em toda minha vida sobre o tema, para atacar o livro de Robert Sapolsky e suas teses. Ele parece, ficou tão perturbado com a possibilidade de não haver livre arbÃtrio, que parece ter escrito a base de tranquilizantes, parece um artigo de alguém bem transtornado em suas idéias.
Apenas argumentos "ad hominem", pois não? É tão fácil e cômodo... Basta xingar o interlocutor, no caso, o articulista, pondo-o em descrédito por meio de adjetivos pejorativos e/ou ataques à sua pessoa. (Onde faltam argumentos sobram adjetivos.) Qualificativos depreciativos existem à saciedade. É mais fácil do que ter conhecimentos e argumentos para atacar o cerne da questão. Inteligência emocional também é requisito para o debate saudável.
A sentença contida no artigo que diz que "aquilo que não conseguimos explicar, por definição, não funciona ou não existe" se comporta como um axioma. Logo, pode muito bem se aplicar à existência de Deus. A ciência não consegue explicá-lo e, consequentemente, declara que Ele não existe. E o mais surpreendente ainda é que, não obstante a ciência não explicá-lo, tampouco pode afirmar que Deus não funciona, ou melhor, que não podemos sentir os efeitos da agência divina. Um tiro no pé.
"Concedei-nos, Senhor, serenidade necessária, para aceitar as coisas que não podemos modificar (determinismo), coragem para modificar aquelas que podemos (livre-arbÃtrio) e sabedoria para distinguirmos umas das outras".
Ficção não tem livre arbÃtrio.
Exposição riquÃssima. Excitante. E faz pensar na hipótese epifenomenal. Existe vida inteligente fora do qualia?
Questões sobre determinismo e livre-arbÃtrio parecem carecer de decidibilidade. Acredito que há dois pontos importantes na base do problema, ambos relacionados a estatÃstica:
Ponto excelente, Anderson! Eu não tenho dúvidas de que a experiência de que orientações intencionais me dão vontade de optar por A e não B não é nada randômica. O determinismo não está sob júdice. A questão é se esta experiência tem em si algum papel nesta sequência de processos não-randômicos que convergem na decisão ou se emerge sem função alguma. Esta segunda hipótese parece-me pouco crÃvel, dado que não é assim que a evolução costuma operar suas mágicas.
O primeiro é que informação importa, um fenômeno pode ser aleatório para alguém que não o conhece e determinado para alguém que o entende. Logo, mesmo em um mundo determinista a aleatoriedade advém da ignorância. O segundo é que estatÃstica, apesar de considerada uma ciência exata, depende das interpretações de nós humanos. Vide o Paradoxo da Branca de Neve.
Uma dúvida sobre a hipótese de que qualquer caracterÃstica significativa tem uma função evolucionária: à s vezes pode ser um efeito colateral, como o sono por exemplo. Não vejo função para ele do ponto de vista da seleção natural, mas talvez o cérebro (que obviamente foi formado pela seleção natural), simplesmente não funcione bem sem um 'reset' periódico. O que chamamos de consciência poderia ser um efeito colateral da fisiologia dos cérebros humanos.
Olá José Cardoso, ótimo ponto. Agora, olha só, o sono tem função (várias funções), entre as quais se encontra a restauradora que você menciona. Ele não é propriedade emergente de outra coisa qualquer, mas sim um processo (conjunto de processos) positivamente selecionado para eliminar toxinas, processar memórias e assim por diante. O paradigma evolucionário contemporâneo diz que o mesmo se aplica para todos os outros processos relevantes, e.g., consciência, que dificilmente seria epifenomênica.
Que ótima coluna, estimulante e provocativa. E muito boa também a alfinetada elegante na Pasternak e outros que tais.
Fico muito feliz por você ter gostado, Maria. Depositei muitas madrugadas na construção desses experimentos mentais, na expectativa de que a leitura fosse ao menos divertida. Bom final de semana.
Por partes, a atitude de que aquilo que não entendemos não existe ou não é importante é pura e simplesmente estupida. Já, quanto ao determinismo e, portanto, ausência de livre arbitrio, não há muita escapatória numa abordagem materialista. A questão em aberto é só em que nivel esse detrminismo se dá. Pode ser até sub-atomico ou quantico, mas necessariamente há. Para que não exista determinismo é necessaria a metafisica religiosa, um dualismo corpo mente +
Olá Pedro, muito obrigado pelos magnÃficos comentários. Note que no artigo digo: "não tenho dúvida de que as vontades são determinadas, apenas considero que um dos potenciais determinantes é exatamente esta manifestação que nos surge à mente na forma de orientação intencional". Não é o determinismo que está sob júdice, mas ideia de que as orientações intencionais são meramente epifenomênicas, o que me parece difÃcil de sustentar, do ponto de vista evolucionário, já que são marcantes em nós.
3- quanto a Leibniz e Espinosa, em certo aspecto refletem o que disse acima, se vc puxar a relação causal de qualquer coisa e for recuando, ao fim se chegará a causa primeira, Deus. Dai sai o aparente paradoxo, só a existência de Deus pode garantir o livre arbitrio, pois possibilita a dissociação corpo alma. Neste sentido, os humanos seriam Deus pata o computador com livre arbitrio que você imaginou, só o teria porque um agente o externo o dotou, e voltariamos a estaca zero
2- É uma questão lógica. Não se enxerga outra maneira de a mente tomar decisões que não sejam ancoradas no mundo fisico que não sejam via religião/metafisica. Por causa desse problema Descartes atribuiu à glandula pineal a tarefa de fazer a ligação entre corpo e alma E, se as decisões da mente são ancoradas no mundo fisico, em alguma medida são determinadas exteriormente +
Nossa, super genial, explodiu a minha mente com essa ideia de livre-arbÃtrio negativo. Acho que o gado sofre disso: lavagem cerebral e livre-arbÃtrio negativo.
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