Vera Iaconelli > O que fazemos com nosso desamparo? Voltar
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Flávio Gikovate afirmava que individualismo não é egoÃsmo: "O individualismo está relacionado à individualidade, ou seja, à capacidade de se reconhecer como unidade, ainda que integrada a um contexto maior — a famÃlia, o paÃs, o planeta. Somos indivÃduos com peculiaridades próprias, uma parte única em um universo composto de pessoas diferentes que partilham interesses comuns". (1/2)
O individualista tem uma noção clara dos seus limites. Sem essa consciência da fronteira que separa os direitos alheios dos seus, ele não conseguiria se distinguir do todo e perderia seu individualismo. Nossa sociedade valoriza intensas trocas de sentimentos e idolatra as pessoas que se doam sem medida e incondicionalmente. (2/2a) Ver: https://www.construirnoticias.com.br/individualismo-nao-e-egoismo/
Gikovate diz: "Então, o individualista, que não se entusiasma em trocar, é visto com reservas. Trata-se de alguém que não espera muito dos outros e prefere dar pouco de si. Esse comportamento não é egoÃsmo, embora as pessoas vejam assim. EgoÃstas são os que defendem profundas trocas de experiências entre as pessoas para tirar vantagem, já que exigem muito e dão pouco. Como não sobrevivem sem isso, acusam de egoÃsta quem não aceita as regras desse jogo de dar muito e receber pouco". (2/2b)
Que texto! Fora as muitas coisas que devo ter deixado passar ele vai de Pirandello, passando por Becket até a incrÃvel Carolina Maria de Jesus. Vera cada dia melhor.
texto fantástico. obrigado vera
Mais um texto enriquecedor. Mas existem, sim, ateus em avião caindo.
Obrigado por ter nascido!
Texto para pessoas com qualidades bovinas: tenho que rumirar.
Embora obviamente todas as crianças aprendam a falar a lÃngua que os adultos falam em torno, já ouvi uma teoria de que as crianças é que criaram a linguagem, com os adultos pre-históricos em torno tentando adivinhar suas carências pelos sons que emitiam. Daà a aleatoriedade dos nomes das coisas nas diversas lÃnguas, e a diversidade das gramáticas.
Querida Vera, busca incessante, corrida desenfreada, solidão, a vida não é bela, ao contrário do que dizia nosso poeta Gonzaguinha, convivência forçada, desalento, eterna penitência, é dificil viver e, ao contrário do que uns dizem não é nada bonito.
É algo que tenho pensado, em cancelar a assinatura deste jornal. Quando as evidências cedem espaço para a militância, a proposição de coisas interessantes para a sociedade cede espaço para a defesa de criminosos (ladrões, estupradores, assassinos), quando a defesa do bem comum cede espaço ao consumo de luxo e supérfluos, é sinal de que é hora de partir, alçar voo para outras paragens. Não financiar isto. Também há gente e espaço interessantes fora daqui.
Esse penúltimo parágrafo acho que expressa bem o ponto em que muitos chegam nessa terapia de choque que é a psicanálise: a percepção de que atingiu um tal grau de compreensão das coisas, do ser no mundo, que passa a se achar o máximo, a rainha da cocada preta. E, no entanto, persistindo na exploração, chega ao patamar comum dos mortais, alguém que vê a ausência nos outros mas também o buraco em si mesma, alguém para a qual vão olhar e dizer: "quem é você na fila do pão?".
Olá, Vera. Continuando o que eu queria dizer. Eu desprezo esse expediente de dizer-se que queria ter composto tal canção ou pintado tal tela. Não. Não isto não era para mim até ler este seu texto, "eu" deveria tê-lo escrito. Obrigado por me poupar. rsrs.
Olá, Vera. É justamente a poesia, a polissemia, a comunicação que me esvaziam, conforme você pareceu afirmar. O desamparo é não ter palavras que expressem o que estou sentindo. Isto é crÃtico como choro de infante. Os pretensiosos dizem saber a que se refere cada (tom de) choro. Mas a criança não pode dizer: não tem palavras, "ainda". Às vezes, só depois de alguns anos é que eu dou conta que deveria ter dito isto ou aquilo numa determinada ocasião. Isto gera remorso, desilusão e sofrimento.
Perfeita!!!
Vera "Icone". Mais uma espetacular coluna.
Como recomendava Nietzsche, a Arte é um dos consolos para o desamparo humano, pois ela é perfeita, iluminando uma vida imperfeita.
Mais um ótimo texto!
O desamparo existencial, reforçado pelo desamparo social/estatal, produz falências múltiplas. Não à toa, no caso brasileiro, o desamparo social lança a maioria da população nas teias desesperadoras da religião. Penso que só é possÃvel encontrar um pouquinho de alento para nossa existência nas artes e na educação. E o paradoxo psicanalÃtico: desampara para amparar.
Profundo!
Muito!
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