João Pereira Coutinho > Tudo compreender não é tudo perdoar Voltar
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Brasil: “Há quinhentos anos a Europa tenta nos civilizar, sem grande sucesso.” Ruy Castro.
CarÃssimo, J. P. Coutinho, suas recomendações são sempre instigantes, e passam ao largo dos Blockbusters que infestam nossa blogosfera. Isso é sensacional! A praga do relativismo é uma especie de preguiça intelectual. Se “tudo é relativo”, logo a própria expressão”tudo é relativo” é relativa. É uma contradição gritante!
E pena de morte nos EUAs e outros paises? E o aborto? Cada um na sua?
Toda essa volta para cair no mesmo: e velho e surrado eurocentrismo, com a defesa dos soberanos valores ocidentais. Quem discorda ou contra argumenta, é relativista e defensor das barbáries culturais que ocorrem mundo afora (exceto na Europa e EUA). Vai te catar, couto menor.
Uau! Precisa de ler um texto como esse. Alguns só entendem que há valores que são absolutos quando sentem na pele a ausência deles.
Os historiadores sabem disso há muito tempo. Compreender certos processos históricos siginifica analisar tais processos nos termos próprios aos valores e sentidos sociais e culturais daquele perÃodo/contexto histórico da qual se debruça, nunca à luz dos valores culturais e polÃticos do tempo presente do historiador, o que é muito diferente de " normalizar", justificar , ou perdoar nos termos do colunista, tais processos.
O Coutinho revela-se cada vez mais um Pondé que sabe escrever. Tudo certinho, mas no final conclui que o certo está no Ocidente, a base das suas inúmeras intervenções mundo afora para "defender a democracia". Naturalmente, mencionou o antissemitismo como um dos males da humanidade - e é, o problema é que gente como ele promoveu qualquer forma de oposição ou crÃtica a Yzrraeu como tal. Conclusão: os valores e interesses do Ocidente devem prevalecer sobre todos os povos.
Só discordo do "sabe escrever". Os textos dele são ridiculamente previsÃveis e levam sempre ao mesmo lugar: seu eurocentrismo anacrônico e sua estreiteza de pensamento.
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Como sempre, leitura obrigatória.
para quem?
A proposição do tema é muito relevante, porém ficou confuso (talvez seja minha capacidade interpretativa). Mas fica a pergunta: seria essa confusão própria da predominância cultural global - o patriarcado? Sabe-se que o patriarcado não nos permite relativizar - onipresente e opressor.
Uma regra social bem antiga a meu ver é a vingança direta da parte ofendida. No caso, o pai talvez com auxÃlio de amigos tentaria matar os estupradores. É a solução daquela cena inicial do poderoso chefão. Essa é a força motriz da indignação moral que sustenta o aparato jurÃdico.
Metodologicamente, prefiro o institucionalismo ao culturalismo e lembro o livro do jornalista inglês Nick Cohen "Para onde vai a esquerda?" (edição de Portugal) quando afirma, ao se referir ao (mau) tratamento dispensado às mulheres no Oriente, "ou os direitos humanos são universais ou não são direitos humanos".
Pra começar não perco tempo entendendo nada epistemologicamente. eu hein? Mas dou um passo além do autor: entendo como certos valores —o racismo, o antissemitismo, o eugenismo— podem ser esposados por seres humanos normais. Ele fala perdoar, muito cristão, mas como já disse até o Papa, quem seria ele para condenar (no caso dos casais gay, se não me engano). Prefiro diferenciar entre compreender e justificar.
De acordo com o texto. Penso que a razão pura deve servir a razão prática para tornar universais os imperativos categóricos. Parece que base material já temos para evitar a violência a quem quer que seja, com ou sem justificativa em bases culturais.
Os "valores" são forjados a partir de uma base material, sem estuda-la corremos o risco de "chover no molhado". Assim, sou obrigado a recorrer a "tautologia", "Não é a consciência que determina o ser, inversamente, é o ser social que determina a consciência". Falar de um "povo" sem conhecer a sua história é elevar especulação ao nÃvel da ciência!
Artigo fraco, o jornalista carece de base teórica e reflexiva. Há que distinguir dois tipos de relativismo, para começar, pois são opostos. Há o relativismo do tipo "vale tudo", que é, na verdade, preguiça mental. Mas há o relativismo antropológico, que significa colocar as coisas em seu contexto, para entender melhor os fatos (e que não significa aceitar tudo). Sugiro ao jornalista ler "relativizando", um clássico do antropólogo Roberto da Matta, para se informar melhor.
Gabo, será o antirelativismo, em primeiro? Seguidos dos métodos de observação? Vertentes relativistas nos permitem acessar outras culturas, espÃritos, naturezas, habitus e, o Outro. Universalizar e categorizar fazem parte das recusas cognitivas oriundas do relativismo cultural. A antropologia nos lança a muitos olhares frente a alteridade, Gabo.
Não precisava ir tão longe pegar o exemplo. Um dos grandes nomes da MPB usou exatamente o mesmo método, casamento, para limpar a honra. Suspeito que mais a própria que da garota de 13 anos anos que ele pegou quando tinha 40. Como é queridinho dos progressistas na imprensa, esses fingem que esqueceram
tem gente que, decididamente, precisa se tratar...
Lá vem o velho método bolsonarista, tira do contexto pra fugir da discussão.
Nada a ver, viajou...
Há valores que são inegociáveis para nós. Valores tão centrais que nos sentimos justificados a impor aos outros se tivermos força e oportunidade. Esses valores, para NÓS (!), são universais. Há outros valores que nos sentimos obrigados a tolerar, embora não sejam NOSSOS. A única coisa que pode substituir a primeira pessoa do plural, nesse caso, é um juiz divino, atemporal. É pegar ou largar, meu caro. E a�
Excelente artigo opá! Se os direitos humanos são universais e o ser humano é igual em todo e qualquer lugar, determinados costumes de certas culturas não podem ser considerados morais não obstante serem legais; entendo que infligir castigos fÃsicos e mentais a um humano hoje é algo inadmissÃvel e inaceitável.
Bastante óbvio, mas com tintas de erudição. Afinal porque há a resolução da ONU sobre DIREITOS UNIVERSAIS dos seres humanos e há um Comitê da ONU especialmente organizado para julgar casos de violação desses direitos? Estados ou indivÃduos de qq cultura ou religião poderão ser punidos se violarem os direitos fundamentais de seres humanos definidos pela ONU.
O relativismo tem muitas nuances. Muitos filósofos culturais, como Rorty e sociólogos como Barnes, acham que podem defender um relativismo radical sobre o conhecimento em geral. Um relativismo forte deixa de ser convincente. A posição relativista está equivocada. Ver o diálogo entre um positivista, um realista, um relativista e um pragmatista em Science and Relativism de Larry Laudan. O relativismo cognitivo é atacado nesse livro.
Caro Vito, grosso modo, a deontologia é o código de ética de cada profissão. Não estou defendendo o erro ou o acerto de nenhuma postura ética, por enquanto. Apenas quis separar em categorias os ramos das ciências e o objeto sobre os quais elas se debruçam. Deu pra entender? Se você não concorda com a classificação que eu expus, paremos por aqui. Você tem todo o direito de misturar gnosiologia com axiologia. Seja feliz assim. Abç
Estimado Joel, como a deontologia de Kant, nunca mentir, não importam as consequências. Pense em um bandido que quer matar um parente seu, ele pergunta onde seu parente está e vocé tem que dizer a verdade. A deontologia leva a absurdos assim. A experiêmcia tem que ser levada em conta. Há ligações entre valores éticos e cognitivos quanto à aplicação, são distintos mas dependentes.
A nÃvel filosófico, quando se cogita da aplicação da ética em face da ciência, o problema se insere na deontologia.
CarÃssimo Joel, há ligações entre valores éticos e valores cognitivos, especialmente ao aplicarmos. A noção de bem-estar coletivo depende de meu conhecimento sobre o mundo e sobre nós mesmos. Depende da experiência. Não dá para decidirmos à priori sobre o bem-estar coletivo se eu não tenho conhecimento sobre o mundo. Laudan diz que as relações sobre a ética e a ciência são questões espinhosas.
A ética em qualquer outra área da atividade humana se chama deontologia. Qualquer ciência, por si só, é amoral. É da sua própria natureza. Agora quem a aplica vai valorar o seu uso. Isso refoge ao objeto da ciência como tal.
Prezado Joel, entendo seu ponto. Há valores éticos na ciência quando da tomada de decisão cientÃfica. A ética tem um papel na ciência. Por outro lado os valores éticos não estão totalmente desvinculados de valores cognitivos. Sempre podemos tornar uma teoria moral mais cientÃfica; há autores que fazem da ética uma ciência, ou procuram basear a ética na experiência. Normas éticas e regras de conduta para essas teorias se valerão de valores cognotivos. A relação entre ética e ciência traz questões
O relativismo no campo do conhecimento está inserido na gnosiologia, ao passo que a moral, os valores éticos e a justiça pertencem à axiologia, como ramo da filosofia. O que está sendo ventilado no artigo comporta o tema de valores, não cognição. Cada um no seu quadrado.
O relativismo no campo do conhecimento está inserido na gnosiologia, ao passo que a moral, os valores éticos e a justiça pertencem à axiologia, como subdivisão da filosofia. Cada um no seu quadrado.
Coutinho. Novamente, genial. Texto muito bem fundamentado e gostoso de ler. Ponto para reflexão. Os valores universais são construÃdos pela experiência histórica. Se vc no século XV defendesse, por exemplo, a igualdade de gêneros, vc acabaria na fogueira. O valor universal daquela época é a superioridade do homem em relação à mulher. Comer carne hoje pode ser daqui a alguns anos um crime capital.
Rodrigo, parece que vc acertou mais que todos aqui: a historicidade dos preceitos morais. Não há direitos universais independentes de seu tempo histórico.
Ja é um crime capital para muitos.
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