Me sinto muito desconfortável em ouvir que sou um "paizão" por cuidar dos meus filhos. Ora, faço o que qualquer pai deveria fazer, na minha opinião.

Sou médico e tenho 2 filhos, uma menina e um menino, e mesmo depois dos plantões noturnos sempre busquei dividir os cuidados de banhos, troca de fraldas, passeios, brincadeiras, alimentá-los etc com a minha esposa...Creio que o criar e o cuidar é uma responsabilidade de quem assumi ser pais e esse cuidar estar além do sexo, apesar que na nossa sociedade o criar e o cuidar foram sempre responsabilidades das mulheres mas na minha família paterna,alguns dos meus tios, sempre fizeram esses cuidados.

Meu maior título é ser Pai. Sinto um orgulho imenso de entrar só com meu filho em um ambiente, de peito estufado, exibindo meu maior troféu. Às vezes percebo olhares de admiração, na grande maioria das vezes, de espanto.

Meus filhos hoje são adultos. Nasceram na década de 1990. Meu marido sempre dividiu todos os cuidados com eles. Ele que deu o primeiro banho, e fez absolutamente tudo o que era necessário. Nunca precisei pedir. Foi tão presente quanto eu, e isso foi ótimo para a saúde mental dele, minha e das crianças.

Esse é um velho assunto prá mim; em 1988 colocava minha filha de um ano no "bebê conforto" (atual "sling"), pegava a bicicleta para ir ao banco e resolver outras tarefas pelo bairro, enquanto a mãe aproveitava prá tomar um longo banho, e tirava uma soneca, tranquila. À noite, eu assumia a mamadeira da madrugada, a troca de fraldas e tudo que fosse necessário. Na rua, o que mais ouvia era: "Onde está a mãe dessa criança?". Não lembro de nenhum elogio...

Cuidei igual dos outros filhos do 1o casamento, dos 2 enteados e a filha caçula do 2o, com quem morei sozinho os últimos 10 anos. Ela fez 18 anos há 3 semanas, e mora sozinha agora, perto da faculdade. E vida que segue... Mas que assunto antigo!