Os métodos descritos passam longe de ser uma simples pílula. Injetar algo no canal deferente pode ser extremamente doloroso se a anestesia não for bem-feita. O nível de invasão é praticamente o mesmo da vasectomia, então é melhor fazer vasectomia logo de uma vez. Aliás, este é outro fator - vasectomia por sua vez é muito menos invasiva que ligadura.

A gestação, em geral de um único feto, agrava e embaraça a vida da mulher, podendo durar até nove meses. Nesse meio tempo, um homem pode gerar vários descendentes, assobiando, livre, leve e solto. A mobilidade reprodutiva do homem devia ter sido o primeiríssimo fator considerado no instante em que a contracepção entrou na agenda da medicina e da indústria de fármacos. O baile do Neolítico não tem hora pra acabar.

Sempre me perguntei pelo porquê de não exiatir contraceptivo para homens. Seria libertador para nós, porque controlaria um poder demasiado das mulheres, isso sim.

Os mesmos que acreditam que a concepção é de responsabilidade única e exclusiva da mulher são os que bradam a 4 ventos contra o aborto. Hipocrisia pura.

Depois de décadas na farmacêutica, observo que toda vez que um cientista reclama da falta de interesse da indústria é porque falta a sua proposta um mínimo de viabilidade comercial. É óbvio que há espaço para contraceptivos masculinos.

Seria de bom tamanho que a situação invertesse. Caberia aos homens a responsabilidade da utilização dos contraceptivos. Como pode ficar tudo nas costas das mulheres? Trata-se de um ato realizado com a participação dos dois.

Infelizmente é verdade. A responsabilidade pela paternidade ainda passa longe da maioria dos homens. Se os homens assumissem os filhos que fazem ou ao menos se preocupassem em evitar os que não podem ou não querem assumir , não teríamos a quantidade de crianças em situação de vulnerabilidade que temos. Precisamos urgente de uma campanha pela paternidade responsável. E que venha a pílula dos homens. Por uma sociedade melhor e mais justa.