Ruy Castro > No que isso vai dar Voltar
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Olha, Ruy, tudo verdade! Eu, que sou das antigas, ainda tenho estante de livros. Visitas jovens olham com espanto e nem se interessam pelo acervo que deixo à disposição para empréstimo. Continuo comprando, mas quase cai de costas com o preço do livro do Rui Tavares "Agora, agora e mais agora", o livro está com o preço convertido do euro R$249,90. Vale? Sim, mas, Tinta da China Brasil, tende piedade de nós.
São os que não suportam um debate, uma conversa, uma argumentação. São os que se alojam em um mundo paralelo, só aceitando chavões, slogans, frases reduzidas, palavras de ordem. Deus, Pátria, FamÃlia, não é necessário mais nada. Nadam na desinformação.
Talvez me xinguem de otimista. Quando eu era jovem, era criticado no Benjamin Constant, porque lia muito pouco em braille. Havia livros na biblioteca, mas os livros gravados na velha e boa fita cassete levavam a palma. Bem, sobrevivi, faltou a lÃngua inglesa, está certo, mas I survived.
Ah, mas isso dos audiolivros tá muito bem estabelecido, Vanderlei: há quem aprenda muito bem lendo; há quem o faça melhor ouvindo. Parece que os distintos métodos de adquirir a informação não implicam em diferença na qualidade de sua aquisição; por outro lado, aquilo que está ao redor - discussões, atividades com a informação, exercicios de sÃntese ou comparação, integração de diferentes dimensões/pontos de vista etc. - faz mais diferença na memorização e nas capacidades de uso de um conteúdo.
Ôôô perguntinha marvada, hein, Ruy? Posso fazer uma ou outra aposta. Por exemplo, os "véio", acima de 5O, talvez vejam uma inversão na tendência de serem deixados de lado pelo "mercado". Quando ainda desenvolvia cursos eletrônicos, tinha dificuldade em contratar: priorizava quem soubesse escrever; era mais fácil ensinar "competências digitais" do que a lÃngua. Talvez no amor, tenhamos também vantagem: moçoilas espertinhas podem querer um 'cadim mais de célebro e desenvoltura linguÃstica!
Caminhamos para uma ditadura!
Mas que escola é essa que oermitexque is alunos usem o celular em sala de aula? Chega gente, é urgente que a autoridade volte orasxesvolas. Estamos criando um futuro sombrio, se é que podemos chsjse de futuro uma sociedade de zumbis digitais. Que mundo, meu Deus.
Outro aspecto distópico do mundo são esses tecradinho minúsculos e táteis. Os erros de digitação, somados ao descirretos maledetto, Ô fim-de-mundo!
No exemplo, o grande problema é a indisciplina na sala de aula. Que classe é essa em que alunos ficam comprando coisas no celular?
O professor é a "autoridade", mas fácil de ser deslegitimada. Está sempre errado. Uma vez um pai de aluna reclamou: "A professora não sabe conquistar a criança, não dá uma bala." Anos depois uma especialista em alimentação, destas fundamentalistas especializadas em chatear o próximo explodiu: "às vezes a p professora come doces." Ou seja, estamos errados sempre.
Em todas as classes onde o celular não é proibido. É por isso que os paÃses mais desenvolvidos e preocupados com a educação estão simplesmente banindo os celulares e tabletes das salas de aula e até da escola.
A questão é que eles estão lendo o tempo inteiro. Mas tanto os jovens quanto os idosos, só lêem as mesmas coisas. Os "bem informados" ficam lendo notÃcias falsas e enviesadas repetidamente nos sites pagos pelos partidos, e aparecem em lugares como a área de comentários da Folha para externar sempre a mesma bobeira, independente do conteúdo da notÃcia ou coluna. Ficar lendo gibi ou romance de banca, best seller, os mesmos clássicos de sempre, nunca tornou ninguém esperto.
Poi Zé, Fernando, mas o gibi bacana - com boas estórias - e o "romance de banca" pelo menos abriam a porta pra outras coisas, né? Bobeou, nem chega nos "clássicos de sempre". Juntando esses três, já dava um repertório, pô.
Botar a culpa na tecnologia o que há de mais elementar, o "buraco" é muito mais embaixo. Esta turma não sabe ler nem escrever (nunca aprendeu!) e nas salas de aula jamais deveria ser permitido o uso de celulares ou smartphones de QQ espécie. Esse povo paga (!!!) faculdade pra quê? E professor é pago pra fingir que ensina enquanto tem que suportar tamanha falta de respeito? Quem vai se posicionar sobre essa aberração que virou o ensino no Brasil?
Tenho notado, salvo as exceções, que hoje temos: Escritores que não leem; leitores de telas, não de livros, e livrarias de roupas, bolsas e eletrônicos e outros tais cujos livros, miseravelmente, encalham. Pra ficar mais dramático: Um mundo de alfabetizados que não sabem ler.
Estes jovens serão sim os advogados, médicos e engenheiros do futuro. O que faz perguntar: como serão essas profissões no futuro, nas mãos de gente que guarda o próprio conhecimento num celular?
Memória volátil, ram, rom a osmose de AI, está se materializando. Tudo que ele vê é fruto de um loop de programação que agora viaja nas mentes distraÃdas. Exemplo disto é a visualização, seja, comercial curto, música ou vÃdeo na tela, a repetição no globo ocular é menos de 5 segundos, envia a imagem a memória volátil e é substituÃda por outra. Mande ela passar dever de casa, e trazer em folha pautada escrito a mão e apresentar a classe, sem ler o trabalho.
De fato, o problema é grave. Da mesma maneira, caixas não sabem mais calcular o troco.
O problema é grave, concordo; só discordo dos caixas calcularem o troco. Para dar o troco basta complementar o preço da mercadoria até chegar no valor dado pelo freguês. Se a compra custou R$ 12,85 e o freguês deu R$ 20,00, o caixa complementa o valor com moedas e notas de R$ 0,05, 0,10, 2,00 e 5,00. Dá muito mais trabalho fazer a conta e corre-se o risco de errar. Falo com a experiência de quem foi caixa no tempo das máquinas registradoras mecânicas, que somavam a cada volta da manivela.
Concordo com o autor. No entanto, o problema não é a tecnologia em si, a tecnologia é neutra. O problema está no mau uso dessa tecnologia, por nós seres humanos. Podemos usa-las para o progresso ou usa-las para o nosso declÃnio. Infelizmente, boa parte das pessoas tem se alienado com o uso de smartphones.
A tecnologia é neutra. Só que não, né? Toda tecnologia é produto de trabalho e decisões humanas, logo, não pode ser neutra.
Concordo com vc, o problema não é a tecnologia em si. Mas ela não é neutra, nunca foi. Há muito mais investimento na sofisticação de armas e automóveis do que em soluções para questões de saúde e educação. E isso somos nós, humanos que decidimos. Na verdade, uns poucos. Os que enriquecem escravizando mentes e corpos.
Antes de melhorar vai piorar; muito.
Otimista você.
Tenho cá minhas dúvidas se vai melhorar...
"Pior", Nacib, mas penso que só vai piorar... Meu otimismo, antes, sempre muito forte, foi-se com a sequência de horrores por que tivemos que passar nos últimos anos... Lembra-me da música "Al Alba", de Luis Eduardo Aute, que, por incautos, foi tomada como romântica, mas era um desabafo e protesto pelo massacre de jovens nos estertores da ditadura franquista na Espanha...
Imagino que somente uma hecatombe planetária seja capaz de provocar, talvez, alguma melhora.
O Ministério da Educação e o da Cultura já estão há décadas atrasados e desatentos a essa doença, urge iniciativa para iniciar uma campanha e formulação de uma polÃtica para enfrentar e corrigir esse enorme mal
É estarrecedor o quão pouco o brasileiro lê. O que já era ruim ficou pior: o celular tomou -- definitivamente -- o lugar, inclusive, da leitura de jornais. Dis livros, então, esquece. Por outro lado, não podemos culpar o termômetro(o smartphone) pela febre (a falta de leitura). Está no uso das tecnologias o problema.
Exatamente. Aquilo pelo qual já não havia apreço, seja por deficiência cultural de estÃmulo, seja por restrição cognitiva por deficiência educacional, escafedeu-se a todo. O celular é bala de goma, e o livro é alface. Não se tem intelecto e maturidade bastantes a aceitar e agir no sentido de que a opção correta é a alface, e em grande quantidade.
A docência, a pesquisa e a extensão terão mais esse desafio: o geracional. Ler, escutar e aprender são fundamentais para um mundo civilizado.
A crescente aversão à leitura entre os jovens é uma tendência alarmante e representa uma ameaça significativa ao desenvolvimento intelectual e cultural das futuras gerações. A tecnologia, especialmente os dispositivos móveis e as redes sociais, tornou-se uma presença dominante na vida dos jovens. A facilidade de acesso a conteúdos rápidos e superficiais nas plataformas digitais contribui para a diminuição da paciência e da concentração necessárias para a leitura profunda. Delenda Tik Tok.
Já deu. Tem uma leva de profissionais que assusta.
Nunca vou entender a razão de permitirem uso de celulares em sala de aula.
A cada época as suas correspondências; a ferramentaria contemporânea é voraz e mutante, é preciso que os professores estejam no mesmo diapasão cognitivo dos alunas e, funamental, um pouquinho mais além.
O problema é que não há o diapasão. A cacofonia se impõe. Tem-se infinidade de ruÃdos sem harmonia, sob franca e recorrentemente estimulada aversão a quaisquer espécies de maestros. Na prática, e digo por experiência própria, está quase impossÃvel dialogar com o pessoal de TI, que são os capacitados a isso tudo. Eles não conseguem interpretar aquilo que ouvem e tampouco verbalizar o que pensam.
Bem discutÃvel a sua posição. Uma das razões que eu e mais um grupo de colegas professores resolvemos desistir e aposentar foi a chegada dos smartphones. No inÃcio havia nas salas um aviso de " proibido o uso de telefones celulares". Mas com a chegada maciça dos smartphones, ficou impossÃvel o controle. Tentamos ao máximo, com workshops etc. buscar essa solução que você propõe. Não houve jeito. Como tÃnhamos direito à aposentadoria..
É exatamente o contrário, se os professores estiverem no mesmo diapasão cognitivo dos alunos, é melhor não haver escolas ou universidades.
Mais um artigo, mesmo sendo de Ruy Castro, falando a mesma coisa. Claro que nós, que ainda lemos ao menos os jornais, concordamos. O que eu vejo pouco são movimentos efetivos e eficientes buscando caminhos para melhorar isso. Por outro lado, fui à Feira do Livro de São Paulo, no Pacaembu, e confesso ter visto grande quantidade de jovens folheando e adquirindo livros nas inúmeras barracas, além de assistirem e participarem das palestras. Nem tudo está perdido, mas uma boa parte sim.
Essa grande quantidade que você viu é, lamentavelmente, pÃfia.
Com certeza não estarei presente para assistir o final. Mas tenho certeza absoluta que a geração dos celulares está formando a geração mais imbecilizada de todos os tempos. É um fracasso nos mÃnimos detalhes tal como ler e interpretar, fico imaginando as ciências de precisão.
Poisé. Estão saltando dos ombros do gigante, visão ampla, em 3d, para terem terem a visão 2d de uma formiga... Felizmente, como diz o texto, sempre há alguns que recusam o que parece ser I caminho mais fácil.
O celular, ou melhor, o smartphone é mais uma herança maldita dos nerds que a humanidade decidiu cultuar.
lembram-se do filme de Truffaut, Farehneit 452? Adaptação do livro de Ray Bradbury sobre uma sociedade do futuro que baniu todos os materiais de leitura e o trabalho dos bombeiros de manter as fogueiras a 451 graus: a temperatura que o papel queima. E tem uma sociedade secreta, perseguida, que os integrantes delas cada um decorou um livro. Chegaremos a isto?
O filme do Trouffaut é belÃssimo!... Mas não será necessário queimar livros: eles estarão por aÃ, mofando, sendo destruÃdos pelo tempo, sendo simplesmente ignorados, a pior das mortes.
lembram-se do filme de Truffaut - Farehneit 451? Sobre uma sociedade do futuro que baniu todos os materiais de leitura e o trabalho dos bombeiros de manter as fogueiras a 451 graus: a temperatura que o papel queima. E tinha uma sociedade secreta, banida, que decorava os livros, para não serem esquecidos. chegaremos a isto?
Estou lendo "Em busca do tempo perdido ", pela segunda vez. São sete volumes. Essa garotada de hoje nunca passaria das dez páginas iniciais, que de fato não é fácil. Jamais lerão outros clássicos ainda mais complexos. Que pena eu sinto deles.
Proust, pessoal da antiga lia a obra completa e muito mais. Os papos rolavam soltos na sala de visita pelo gosto afinado pela literatura.
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