Antonio Prata > Deixa a porta aberta Voltar
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Baita perspectiva! Dialoga um pouco com um texto lindo, do psicanalista Mario Corso, em coluna para a Zero Hora, sobre a perda de objetos nas enchentes do RS.
Lindo texto, Prata. Trouxe muita nostalgia. Banhada em tempero barato como vc aponta? Penso que não. Nostalgia gourmet.
Venho correndo aqui todo sábado, pelas crônicas maravilhosas do Antonio Prata. Desta vez parece que ele entrou nos meus sonhos e, acordada, visitei todos os cômodos da minha primeira casa e o dia fatÃdico em que, junto à minha famÃlia, tivemos que deixá-la. Mas ela continua lá, do mesmo jeito e bem escondida no fundo das minhas reminiscências.
Engraçados, a crônica e o seu comentário. Dedico-me há anos em visitar mentalmente todos os lugares em que morei, e foram muitos, apenas para percorrer os cômodos, abrir portas e janelas, cheirar armários e cozinhas, quintais, elevadores, depósitos, vagas de garagem, e boa parte das vezes apenas para deliciar-me da clareza e perfeição com que as lembranças sempre me vieram, lÃmpidas, firmes. Muitos lugares não existem mais, e boa parte dos que ainda existem estão tão diferentes.
Crônica preciosa. Moro com os meus ambientes de todos os tempos.
O Manuel Bandeira conta no Itinerário de Passárgada que o poema A última canção do Beco foi surgindo num bonde, e ele escrevendo onde dava e tentando memorizar. No final saÃram 7 estrofes de 7 versos de 7 sÃlabas. Ele estava para se mudar de onde morara por 9 anos na Lapa, centro do Rio. A despedida do endereço termina com: "por isso te amei constante/ e canto para dizer-te/ adeus para nunca mais.
Prata, hoje discordamos. Não reverencio 1932, porque sou getulista. E sou o historiador menos nostálgico qu eu conheço. Não vou reverenciar o Benjamin Constant, onde passei nove anos de minha vida, nem as casas de Bento Ribeiro ou Vila Izabel. Tudo na vida termina, inclusive a vida.
Ah, que lindo, Pratowiski, um olhar sensÃvel pelo Pratiscópio pra existência no passado... Mano, lembrei-me da casa da primeira infância, em Pira, onde minha caipirice Ãntima foi adquirida, não importando posterior doma do sotaque pra não dar bandeira. Aquela casa vive dentro de mim; não só, vive no meu pulso: certa vez, brincando de pique-esconde, entrei na sala quebrando grosso vidro canelado da porta. Rapá, desespero da Mama, sangüera, trinta pontos, mó cicatriz. Casa e porta são coisa séria!
Eu sou saudosista até com casas abandonada que nem fui eu que abandonou. Eu participo de um grupo do Facebook, que posta casas abandonada e, só não cai lagrimas, porque as engulo.
Quem paga aluguel quarto e cozinha, periferias à fora nesse paÃs, não tem tempo de chorar seu luto por despejos, alagamentos, precisa se refazer quem sabe atrás do bolsa aluguel ou ocupações num paÃs desigual.
Essa foi impiedosa, Sá. Só duvido que o Guarabyra concordasse com a ausência de poesia.
Na noite de sábado posso não ter muito, mas tenho a crônica do Antonio Prata, que não é pouco.
Que lindo , Prata !
Penso todos os dias na casa que deixei morrer por falta de grana e por ter outras prioridades
Ando nostálgico. Vagabundo tocando em surdina. Acabei de ler um primoroso artigo sobre Malu Mader e fechei a leitura dos jornais com o Prata. Obrigado, amigo.
Do elevador de serviço e das chaves, imagino as histórias que o Adenilson tem pra contar.
Muito bom. Talvez assim seja por que os lugares não nos pertencem. O texto me lembrou ‘A vida futura’, do Sérgio Rodrigues. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, ensinou o velho poeta lusitano. As pessoas, ao contrário, são nossas. Não elas, mas o que nós sentimos por elas, incapaz de lesão por influência externa. Sei lá. Sei que tenho um luto profundo por um lugar que não existe mais: o velho Maraca. Perdoaria o Cabral por todos os milhões desviados, mas não pelo que fez com o estádio.
Uai, sô, tá certÃssimo: o Maraca é casa espiritual do futebór, né não? O próprio pai do Cabral deve revirar na cova com essa...
Discordo da frase "Nem toda emoção relacionada ao passado é tempero vagabundo", bem como da ideia de celebrar moradias. Emoções consumidas/vencidas são como folhas descartadas por uma árvore, querer revitalizá-las é uma prática quase sempre nociva. Quanto a moradia, só há um lar que merece nossa reverência e não está do lado de fora. Voltamos para ele quando dormimos, meditamos, sonhamos, somos desafiados, pensamos e sentimos algo. Somos esse espaço permanente onde tudo que é fugaz vem e vai.
Dá mêmo pra defender essa, Zé Eduardo. Mas se a gente não viver no "passado armazenado", dormindo na cama de folhas, acho que não há perigo, não. Mas você tem um bom ponto.
De todas as pessoas e coisas que compõem a constelação que habita nossa memória, casas e lugares são emblemáticos. Um livro bastante curioso sobre casas/cômodos é "A poética do espaço".
Isso é o que se chama de cronica... Pô, esse Prata é bom mesmo!
Sonho sempre c/a primeira casa em q morei, na Arthur de Azevedo entre a João Moura e a Lisboa, perto da casa citada pelo Antônio e o incrÃvel é q detalhes da casa q nem lembro, aparecem no sonho cristalinamente. Sou muito nostálgico e músicas e casas me transportam no tempo, trazendo lembranças boas e más e agora c/a idade, muita saudade de pessoas q se foram. "Hj eu perco o chão, ando pela casa ,me sinto tão triste, eu não moro mais em mim.." como diria Adriana Calcanhotto.
Meu irmão tem memória de elefante, eu não lembro de nada. Crônica boa é como essa, nos sentimos em casa com ela, porque reflete o que está dentro de nós. Para mim é a melhor parte do jornal, é paga pelas más notÃcias das manchetes
Papai Pratão se sentirá cheio de razão, hoje...
Achei que fosse só eu que assinasse pelas crônicas kkkkk
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