Antonio Prata > A acurácia dos afetos que nos atravessam Voltar
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Bom tema para falar sobre (que comeu o “a respeito”). Esse não desce nunca…
E quando nem tradução tosca fazem? Na minha cidade já não se fazem entregas, apenas delivery, e consultas médicas são nos Medical Centers. Em um prédio recém construÃdo vi placas identificando os espaços como Family room e coworking, que o sÃndico insistia em chamar de cow workingÂ… se bem que este era até apropriado
Harris é um bom anglicismo.
Perfeito.
Lembrei de Psalm, que quer dizer Salmo em Português nativo. Da mesma maneira que se pronuncia Sam do Tio Sam, fala-se Sam, e escuta-se Sam, quando se quer dizer Salmo BÃblico nas Igrejas. Esse anglicanismo não pegou por aqui. Agora, imagina ir para a Igreja e ficar escutando cada número de tio quando se é criança! O Salmo 23, a criança escuta, o Tio 23. O Salmo 46, a criança escuta, o Tio 46. E aà vê na TV, vira e mexe, um Sam apontando o dedo que chama de Tio Sam. Na Igreja! Que canseira!
Faltou citar a "galera", mas essa crônica deixou o cronista ainda mais "empoderado".
Evidência é algo maior que pista. Evidência é uma prova de alguma coisa.
Eventually riremos!
Esqueceu do "estaremos rindo"
Hoje tu superaste!
Excelente texto, sinto exatamente o mesmo e compartilho da mesma raiva. Isso para não falar das das palavras importadas diretamente despejadas em nossas conversas do dia a dia como “advocacy”. Quem quiser que busque o significado. Roberto Gervitz
Que birra eu tenho c9m os falsos cognatos. Sou leitora voraz e a toda hora vejo eventually ou sympathy traduzidos errado. Não só em livros. Aqui na Folha também.
Genial. Escreveu tudo o que eu sempre quis dizer e evitei para não criar caso. Sou intérprete simultâneo e tenho pequenas raivinhas e arrepios quando ouço essas coisas. Te devo uns chopes por esse texto!
Somo a esses exemplos, o fato de ninguém mais ser resistente, somos todos resilientes.
Foi "eventualmente" muito engraçado.
Perfeito o texto! De todos os anglicismos, talvez o mais irritante seja o “não é sobre” (uma tradução bizarra do “it’s not about”). Já virou até música (“Trem Bala”) que embala propaganda de banco (ou de operadora de telefonia, sei lá). Da coluna, tiro uma frase lapidar: o humor nasce do mau humor. Pura verdade!
Excelente! Me representou! Essas traduções literais e iletradas de hoje (com “é sobre” até em música brasileira!) sao as novas versões do “estarei fazendo” dos atendentes de telemarketing de antes!
quem diriaÂ… eu me junto ao prata.
Dei muita risada… acho tão cafona “é sobre”; “atravessado”; … ri bastante
Tanto em saladas quanto em textos, acidez demais estraga.....
Pô, eu demorei anos para entender pq eu não conseguia assistir ao BBB. Minha sìndrome de repulsa se chamava "vergonha alheia". Eu "não me sentia confortável" (eu sei, um anglicismo eufemìstico) vendo as pessoas "embaraçando a si próprias" (outro, eu sei) e me sentia "embaraçado eu mesmo" (Oops, mais um, e pleonástico). E agora, como vou chamar a minha "condição" (Tá!)? Como se diz "vergonha alheia" em português? What the f..!
Na teoria das medições, acurácia e precisão não são sinônimos. A precisão refere-se ao valor numérico de uma medida, por exemplo, se uma linha é medida em metros, cm, mm. Já a acurácia refere-se ao quanto a medida corresponde à realidade. Diferenças irrelevantes para a crônica e a linguagem do dia-a-dia.
A imagem de sao sebastiao atravessado com flechas etiquetadas foi genial
Orra, PratÃpodas, tenho que dizer que essa Herda de sistema da phôia, pra meu Pratispanto, deglutiu meu comentário! Craro, você poderia lê-lo e achá-lo Pratético; eu, o dono, fiquei Pratônito. Enfim, segue um resumo: contra esse linguajar que só entendo como vazado do corporativês, a saÃda é, "eventualmente", a vingança neologÃstica. Pode ser na ofensa ("seu estribúrcio de Herda"), na base da soberba ("eu morei em Nenhureshire e nunca ouvi isso"), não importa. Neologismo salva, Pratafulo.
De fato, o corporativês tem muita leverage sobre o mindset do mainstream.
E o "Vou estar fazendo, vou estar caindo". Na história se fala escravizados e não escravos. Caramba: os escravos já tinham sido escravizados em Ãfrica, antes que os portugueses e o sárabes chegassem por lá. Vida dura.
Não. Não é um raciocÃnio sacana. Procura-se falar em escravizados já no Brasil. Acredito que se queira deslegitimar a escravidão, tudo bem, mas as fontes mostram claramente a escravidão como já estabelecida nos territórios africanos. Não precisamos mudar o nome das coisas para mostrar o sentido delas. Eram escravos, infelizmente se reconhecia como propriedade e eu, tendo nascido cego, corria o risco de ganhar escravos de presente, como negros de ganho. A sociedade legitimava aquela situação. Mud
Professor Vanderlei, tenha piedade dos ignorantes: ajudai-me a compreender esse seu comentário. Ou, se for o caso, avise de for só um racioSÃmio sacana pra nos confundir.
Imagina um leitor americano bilÃngue, que entenda o portuguesa, ler pérolas como: Costumava morar em Nova Iorque. Esse leitor hipotético há de ficar perplexo e perguntar a si mesmo: Então, ele não mora mais? Ele só costumava? Se o leitor hipotético for um investigador nato (graças a influência do Scooby Doo), talvez decida indagar sobre essa expressão enigmática: é algo filosófico? Talvez existencial? Quem sabe adotar costumes dos new yorkers enquanto lá vivia? Aà existe um mistério, Scooby.
Meu caro quasi-xará, se for a influência do Scooby, acredito que isso possa, eventualmente, acontecer. Todavia (acho tão lindo "nevertheless"!), caso a influência seja do maligrino Conan, que enfeitiça o vizinho Milei com seus eflúvios cinéricos, Sodeu tudo: não investigará nádegas e investirá contra o mistério, gritando que é coisa de comunista!
E coletivo ao invés de grupo?
Não há mais favelas, Alexandre, só comunidades.
Hahahahah, Vanderlei, minha primeira gargalhada do dia. Muito grato, muito grato.
Se alguém me chamar de visoprivo, em vez de cego, eu processo.
Relaxe, olhe para as nuvens, tome um sorvete, brinque com um gato, mau humor encolhe a vida. Texto azedo querendo ser divertido. O ódio só faz mal a quem o sente. Coitado de você, sentir ódio de anglicismos? Você deve ser muito infeliz
Leia pondé e deixe o prata em paz e pra nós.
Maria, por isso mesmo recomendei um gato
Ingrid, recomendo um gato, relaxa muito.
Gostei muito da sugestão, absolutamente antÃpoda ao meu afeto pela análise.
Caro Prata, eu apliquei para um curso de anglicismos, isso explodiu minha mente e agora estou num ponto de não-retorno, é sobre isso!
De angicismos estamos bem servidos por todos os lados. Deixando de lado os pet shopps a riqueza agora aflora nos folhetos da verticalização imobiliária que oferecem pet place, lobby, coworking, lounge, beauty care, gym, kids place, rooftop, master closet, personal home, hall, living, fitness, dual flush...
Nada mais brega do que estrangeirismos linguÃsticos.
Nossa, dual flush? Isso é pra cccaagalhão imperialista? Creda! Hahahahah!
Hahahahaha muito bom. nas redes sociais, no momento, é a vez do “genuÃno” e derivados. estão empenhado em acabar com a palavra, assim como em substituir o “complexo” por “muitas camadas” hahahahaha o pior é que é pra demonstrar um vocabulário inexistente, tragicômicoÂ…
Fui atravessada por várias gargalhadas altas e inconvenientes . Confesso que ter ficado nessa mesma página do mau humor cumpriu a função social de partilha do riso, coisa, que não funciona para todo mundo. Afinal, rir da piada do adversário era o outro normal, coisa de gente datada.
Não acreditar em tudo que sente é uma noção que alguns praticam, pois estes em algum momento suspeitaram da acurácia dos "afetos" que os desafiam. E as outras pessoas? Elas tomam por real o que é falso, transitório e eventual. Isso talvez ocorra por acreditarem que são "atravessadas" por emoções/sentimentos que vem de fora e pouco podem fazer a respeito. Elas não só esquecem que mandam emoções/sentimentos para fora, mas também que não perceberam que elas são como plataformas de trens.
Houve um tempo em que escrever de forma simples era o suprassumo da elegância. Agora, o próprio ato de escrever algo que vá além das interjeições "TikTokicas" já parece coisa de intelectual hermético e inacessÃvel. Como decaÃmos tanto?
Tem coisa bem pior do que o anglicismo: a propriedade privada, a filosofia grega e, como o pior de todos, o calendário gregoriano. Trocamos a comunidade por pedaços privados de terra, ou até mesmo a posse de pessoas; temos que trabalhar as idéias básicas como se estas fossem privadas e fulano de tal foi quem disse; trocamos a percepção natural dos ciclos lunares por Julius e Augustus como marcadores do tempo. Precisamos resgatar nossa competência e dignidade.
Durex foi meu primeiro encontro. Minha primeira década de vida no Canadá. Pedi um durex. Como poderia imaginar que é camisinha? Outro dia, passeando no elevador de um Shopping, um senhor me olhou com olhos arregalados. Eu, nos meus 10 anos, andava pela cidade com uma camisa da Ellus comprada no Brasil. Em letras brancas sobre uma camisa vermelha estava escrito, bem enquadrado: Help, a virgin loves me. O velhinho ficou doido. A bateria no samba quando atravessa erra. Sambo na Suécia é liberdade.
E "endereçar", que se tornou "dirigir-se", ou atacar alguem e algo? E "realizar"? Vc nao percebe mais nada, só realiza...
Vixe! Brigado. Essa é nova para mim. Realiza de Realize.
Tem também "desenhar" para dizer "projetar".
De fato, este é bem seu lugar de fala. #contemironia)
Tanta acuracia e pitadas de acidez , que precisei ler e reler várias vezes o texto pra conseguir entende-lo. Confesso, não entendi lhufas....
E o que dizer dos jornalistas esportivos que viraram projetistas? É um tal de vamos projetar o time, projetar o jogo.
Que acurácia para escrever !!! Você é demais , Prata . Atravessada pelo texto … e rindo …
Tudo isso não é só na imprensa. Já cansei de ver os mesmos erros de tradução em livros, e de todas as editoras.
Num fragmento d filme d tv Ghost writer foi traduzido por Escritor Fantasma. Como diz a pesquisa 70% dos brasileiros são analfabetos funcionais, talvez imaginaram q o escritor era fantasma mesmo, um filme d terror.
Vale lembrar q o romance de época "The Physician" foi intitulado no Brasil como "O FÃsico". Muitos ficaram decepcionados pq não havia nenhum Newton ou Einstein na história.
Total concordância, e acrescento, o verbo " continuar" sumiu dos textos, principalmente os jornalÃsticos, e foi erroneamente substituÃdo pelo verbo " seguir". Um modismo que reflete a falta de compreensão da lÃngua portuguesa.
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