Hélio Schwartsman > Nada é sagrado Voltar
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A cerimônia de abertura de uma OlimpÃada serve para expor, ao mundo todo, valores universalmente aceitos. Isso valeu para tudo que já foi apresentado até hoje, mas neste ano o profissional contratado decidiu apresentar um trabalho destinado a um grupo especÃfico, e que seria plenamente elogiável se fosse exposto em um dia do orgulho gay, ou uma festa LGBTQIA+. Mas ali, não. Não agradou a cristãos, a islâmicos, a conservadores de qual credo, e aos analistas técnicos. Logo, foi mal.
Liberdade e igualdade, só com fraternidade.
Todo esse lero lero sobre uma presumida democracia enquanto as hegemonias ocidentais investem pesado na carnificina. Demagogia cansa.
Disse tudo. A crÃtica e o deboche, mesmo a seus próprios valores sagrados, caracterizam o universalismo que os franceses bem representam.
Helio, nada é sagrado numa democracia. Mas eu não consigo ver diferença entre zombar de um sÃmbolo sagrado ou imitar um macaco como provocação racista. Na verdade existe uma coisa sagrada em uma democracia: respeito ao outro.
O que me causou espécie foi a ocasião. As OlimpÃadas, até onde eu sei, celebram a participação de todos os povos na competição. Então, por que envolver um sÃmbolo sabidamente sagrado, compartilhado por bilhões de pessoas, num evento INSTITUCIONAL? Ok, essa manifestação em museus e outros locais têm o seu lugar, mas provocação com aval do governo francês? Entendi...
Polêmica vazia que já deu o que tinha que dar. Segue o jogo.
Caro Hélio Peço aqui que você transmita meus cumprimentos, meus parabéns com força para a fotógrafa Mathilde, pela belÃssima foto (que virou capa!) da equipe brasileira que ganhou bronze na ginástica. Grande sensibilidade da moça!
Toda polemica é um prato cheio o jornalismo! Do que viveria o jornalismo, sem os problemas mundana? Se existir o paraÃso como acredita os crentes, provavelmente lá não terá lugar para o jornalismo.
Bem, meu caro, é aquela história: "nada é sagrado", mas... não custa tomar cuidado, não? Não acompanhei a polêmica, mas faço ideia; essa noção democrática do direito de expressão tá bem incorporada, vá lá. No caso do humor, nem tanto, já faz um tempo que se discute quais seus limites, se é que os há. Pessoalmente, uso um sarrafo que me orienta a não tirar sarro de quem é mais frágil do que eu; de um "igual" ou acima de mim, dá-lhe a piada na testa. Católicos, fazendo-o com iguais, ok, creio.
/Nada é sagrado/ diz o valente colunista. Enquanto sobe e desce do muro. Quanta coragem! Bem, algumas coisas sim, são sagradas, sabe. Não para você, claro. Mas pergunte a Charlie Hebdo e aos roqueiros do Bataclan. Que a paz, a misericórdia e as bênçãos de Alá estejam com vocês. (Se é que me entendem … ).
É mais ou menos isso, prezado Vanderlei. Alguns católicos, com saudades do século XV ou XVI, escolhem terceirizar a ameaça. Os seguidores do Martelo dos Hereges hoje são impotentes, mas não perderam a sede de sangue.
Quando leio comentários do tipo, não fizeram com muçulmanos porque eles matam, me passa a impressão de que se está com uma saudade forte da inquisição e seus processos genocidas na conquista da América.
Como dizia minha mãe,' cada cabeça um tema'. Que assim seja.Maturidade , sempre.
Há tanta forma de expressar inspiração, criatividade, que não vale a pena uma coisa dessas. Será lembrado pelos anos, se for é claro, como uma ofensa a grupo religioso, não como uma forma válida de arte.
A questão é que as liberdades fundamentais, substanciais à democracia, não conferem a ninguém o poder de ditar o que seria uma "forma válida de arte". Ou, em outros termos, você só pode ditar isto a si mesmo, nunca para os outros. Pode opinar, como faz agora, não proibir.
Pois é , lembrei da charge do Maomé no Jornal Charlie Hebdo . Ontem eles tentando se desculpar foi estranho.
Lúcido.
Há uma diferença na crença em um Deus ou vários e na história da era cristã. Muitos não sabem, mas acreditam que o mundo é contado a partir do nascimento deste que zombam? Reconhecer a existência de Jesus Cristo não tem nada a ver com religião. Jesus era judeu mas por motivos complexos não foi reconhecido como o Messias. O ano judaico agora é 5.724. Misturou crença em Deus com história do cristianismo! E ainda coloca "democracia" no meio. Que Deus nos proteja!
Por fim, o tema da coluna não é a afirmação ou negação da existência de Jesus, é a liberdade de consciência (inclusive religiosa) e de expressão e, se isto não tem nada a ver com a democracia, é provável que você não saiba nada a respeito do assunto.
"Reconhecer a existência de Jesus Cristo não tem nada a ver com religião". É mesmo? Bem, em relação ao Jesus histórico, do qual pouco sabemos, é verdade, mas e aquele descrito pela BÃblia? Mas o mais intrigante no seu comentário é que ninguém no espetáculo encenado em Paris chegou nem remotamente próximo de negar a existência de Jesus!!!
Muito bem colocado e a ser lembrado pelos histéricos de plantão.
O melhor texto que já li nos último anos. Vida que segue.
Como diria Hilda Hilst: "somos decididamente católicos". rss.
Hahahahah, "decididamente católicos" e "absolutamente prontos para esculhambar a coisa", não, FabrÃcio? Vai lembrar justo da Hilda... Hahahahah!
Eles deveriam ter feito alguma provocação à s religiões que dariam resposta imediata, como aconteceu com a tal liberdade dos cartonistas do provocativo jornal francês Charlie Hebdo. Isso não é liberade artÃstica, mas falta de criatividade e simples desejo de criar animosidade para buscar holofotes, satirizando a mais sagrada das cerimônias cristãs.
Se está justificando a romanidade feita contra os cartunistas. Sou apixonadamente Charli, desesperadamente Charli, populistamente Charli!
Fico com a opinião do Hélio! A modernidade tal qual a democracia tem seus problemas. Ainda assim é melhor que Estado/Igreja/teocracia e tempos medievais.
Lamentavel. Todas as ideias, religiosas, ou nao, devem ser respeitadas. Essa é a democracia
Toda ideia pode ser contestada, religiosa ou não. Essa é a democracia.
Desculpe, digo "dono da verdade"
Teocracia é quando alguem acredita ser o fino da verdade, prefiro o respeito
Não, democracia é quando você também pode questionar e até mesmo ridicularizar qualquer ideia, inclusive e principalmente as religiosas. Um regime onde idéias religiosas tem um status privilegiado chama-se teocracia.
Não era a santa ceia.
Prezado Joaquim, não era para ser dito, pois trata-se de manifestação artÃstica e arte não se explica. Não era a santa ceia, portanto a discussão deve ser orientada para cabeça dos que não compreenderam, como o Pondé.
Só quando a repercussão foi grande, decorridos dois dias, disseram isso.
Muito bom! Expressão cultural também é sobre isso.
Por que os criadores sempre abusam dos sÃmbolos cristãos, como nas olimpÃadas e no show da Madonna? Por que buscam a repercussão na mÃdia, sem que tenham que arcar com as consequências dos seus atos. Ora, o mesmo não ocorreria se o fizessem com os sÃmbolos islâmicos ou do judaÃsmo. No primeiro, correriam risco de vida e no segundo de serem processados ou presos.
"Só disse que se aquela peça mostrasse sÃmbolos de outras religiões, teria consequências para os criadores." Teria as consequências que você insinuou em regimes autoritários e este é o cerne da questão. O que fazem regimes despóticos em favor de suas crenças oficiais nunca deveria servir de padrão para as nações democráticas
A obra “Santa Ceia” do Da Vinci é uma representação artÃstica, está sendo tomada como um sÃmbolo Católico! Isso é o absurdo não a sátira a pintura promovida na abertura da OlimpÃada
Antônio. Concordo com você, inclusive foi isso o que Jesus pregou. Só disse que se aquela peça mostrasse sÃmbolos de outras religiões, teria consequências para os criadores.
Então você que o certo é fazer como as ditaduras religiosas fazem?
É melhor que seja assim. Devemos louvar a tolerância cristã e repudiar a violência que infelizmente às vezes é praticada em nome de Deus.
A lei não oferece ao judaÃsmo nenhuma proteção superior à quela que confere à s religiões cristãs. Portanto, neste ponto sua crÃtica é absolutamente mentirosa. Quanto aos sÃmbolos islâmicos, já foram repetidas vezes objeto de crÃticas e até de ridicularização, inclusive na França. E mesmo os atentados terroristas não serviram para calar as publicações que fizeram isto. Na Suécia e Dinamarca chegaram a queimar diversas vezes o Corão e nada aconteceu com os responsáveis por estes atos.
Ecumenismo é vertente de religiões de raiz cristã. O que o autor quis dizer seria multi religioso.
Ao contrário da economia, o laissez-faire da arte e da cultura é muito bem-vindo.
A farsa como espetáculo. Tem sido assim há bastante tempo para desespero dos literais limitados e limitadores. O show deveria ser visto como uma possibilidade e não um regramento. SaÃamos do pequeno mundo onde reina o "ou isto ou aquilo". De onde vem tanto medo ?
O colunista precisa explicar umas coisas ao seu coleguinha Pondé, q disse q a "esquerda" (o governo Macron, q organizou a cerimônia, é de centro) não tem direito de "cuspir" (Pondé acha q lésbicas e drag queens são cuspidas) numa imagem sagrada dos cristãos (o afresco de Da Vinci não é reconhecido como sagrado pela Igreja Católica). Sø os cristãos poderiam ser irreverentes com outras religiões. Pondé abraçou de vez a extrema direita, desde q se apaixonou pela polÃtica de Netaniahu em Gaza.
Muito bom, Ricardo, esse seu comentário complementar ao comentário.
Você viajou feio agora. Fui reler a coluna do Pondé só por desencargo. Batata! Em NENHUM momento ele afirma ou sequer insinua que os organizadores do evento não tinham o direito de zombar do cristianismo. Apenas fez um exercÃcio hipotético óbvio: debochar de quem não vai reagir violentamente é mole.
Vale lembrar q o criador da cena negou inspiração na Santa Ceia, e disse q representa um banquete pagão. O tÃtulo "Festividade" confirma sua versão, pois a última ceia de Jesus está longe de ser uma festa. E se não me falha a memória, no afresco de Da Vinci não há um homem azul nu sentado em cima da mesa. Só se fizeram uma versão Smurfs da ceia, mas não creio q seja considerada sagrada.
Ok, mas não devemos confundir as diversas formas de manifestação divina, como expresso na tetráctis de Pitágoras com politeÃsmo.
Na era digital, provocações não fazem o mundo progredir. Só acirram a polarização. Caminhos novo e mais criativos devem ser tentados. O caso ainda mostrou uma estratégia de comunicação errática. Sobre o quadro Festim dos Deuses: pintura disruptiva, que junta o greco-romano com o bÃblico. Veio a calhar, mas a princÃpio os "carnavalescos" não assumiram isso, o que fez durar a polêmica. Mostrar que na Grécia antiga, os atletas não disfarçavam a nudez e o homoerotismo bastava. Sem mexer em religião.
O ponto importante nao eh ser panteista ou ser cristao, ou liberdade de expressao x censura pois o q foi mostrado na abertura da olimpiada nao foi uma decisao individual de um artista, ela eh uma mensagem conjunta da republica francesa e do coi e por isso esse desprezo a fe de tantos cristaos, e islamitas, surpreendeu. E alias o descaso da imprensa comparada com a das redes sociais tambem, mas isso eh outro assunto.
Analisando o todo da apresentação olÃmpica só vi uma ode ao lema da Rev. Francesa por meio da arte. Quem se sentiu ofendido fez outro tipo de leitura muito baseada no não conhecimento da história da França. Assim, lá nave vá….
Ótimo!
Concordo em gênero, número e grau!!!
Acertou na mosca. Definiu muito bem a questão.
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