Trata-se do país dos acordos, das concessões, das comissões, das conciliações, das desonerações, do deixa pra lá. Nada é cobrado, barrado, acertado, investigado, julgado e punido. Seguem as aberrações, os abusos, os crimes, as normalizações.

É, caríssimo Bernardo, que sutileza, não? Coisa de japa, mêmo. E, particularmente interessante para mim, que não sou nada japa - minhas entranhas são italianas, espanholas e tugas - mas segui um caminho semelhante ao do protagonista. Não sei seu fim, ainda não assisti ao filme, mas estou curioso. O meu, ao largar o trabalho corporativo em função do amadurecimento político trazido por um doutorado inconcluso, foi o de ficar mais pobre e mais livre. Melhor do que um doutor agrilhoado.

Mesclando a crítica a um grande filme (aula gratuita à pobreza reinante no meio especializado) aos efeitos deletérios dos “normalizadores” da horda fascista contemporânea (esta Folha incluída), Bernardo Carvalho brinda os leitores com a coluna mais inteligente e elegante dos últimos tempos.

Um dos problema dos intelectuais de extrema esquerda é que escrevem como se vivessem há cem anos, e estivessem querendo avisar os habitantes da época do que iria acontecer nos próximos anos. Hoje há muitas diferenças, e uma delas é que já foi tentado o socialismo em muitos lugares, com resultados bem negativos. O mais recente é a Venezuela, cujos desdobramentos assistimos ao vivo e a cores.

Mais é isso mesmo ,é venda da facilidade, do encurtamento do caminho ,faz as pessoas aderirem a extrema direita ,acham que aniqu ilação e há destru ição, trará o seu bem estar ?

O espelho da consciência humana está totalmente distorcido, ou será que nossa natureza social é destrutiva mesmo, como dizia T. Hobbes, ''o homem é o lobo do homem''?

O fascismo participa de eleições para acabar com elas, ou as tornar inócuas em casos mais recentes. Um intelectual que usa esse argumento, lá no fundo aderiu, como se divulgar que aderiu vai afetar seu prestígio, não assume.