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Rogério Pena Siqueira
Nossa! Viva a arte! Muito melhor CARLOS D. De ANDRADE, que a reportagem! Demais parabéns pra quem publicou também. Um resgate da arte, do pensamento. E da originalidade! Coisas difíceis dd ver nos dias atuais! Saboroso o comentário, obrigado!
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Alexandre Fonseca Junior Matos
O cão com dois corações vagueia pela cidade: um coração de artifício e o coração de verdade. Exulta a ciência, que obrou tamanha curiosidade: metade é glória da URSS, do Brasil a outra metade. Se o cão é a doçura mesma em seu natural, que há de mais carinhoso que um cão de dupla cordialidade?
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Alexandre Fonseca Junior Matos
ALTA CIRURGIA. O cão com dois corações vagueia pela cidade: um coração de artifício e o coração de verdade. Exulta a ciência, que obrou tamanha curiosidade: metade é glória da URSS, do Brasil a outra metade. Se o cão é a doçura mesma em seu natural, que há de mais carinhoso que um cão de dupla cordialidade?
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Alexandre Fonseca Junior Matos
Não pára aí, no propósito de servir à humanidade, a cirurgia moderna, gêmea da publicidade. Já pega de outro cãozinho com a maior habilidade (não vá um gesto fortuito lembrar o Marquês de Sade). Na carne do bicho abrindo uma vasta cavidade, implanta-lhe outra cabeça, que uma não é novidade.
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Alexandre Fonseca Junior Matos
Cão bicéfalo: prodígio que nos infla de vaidade. Nem o cérebro eletrônico o vence em mentalidade. Se nos furtam dois ladrões, dois latidos; acuidade maior, rendimento duplo: viva a produtividade. Dois cães que valem por quatro, preparou a Faculdade, sem perceber entretanto do Brasil a realidade:
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Alexandre Fonseca Junior Matos
tanta gente sem cabeça merecia prioridade, e ao cão, que já tem a sua, essa liberalidade. E o coração, esse, é pena dá-lo ao cão, que é só bondade, quando os doutores do enxerto tinham mais necessidade. (por Carlos Drummond de Andrade)
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