Sérgio Rodrigues > A era de ouro do analfabetismo crítico Voltar
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Redes sociais repletas de "coaches": os entendidos em tudo. Os "coaches da literatura" esperam as curtidas e a propagação de frases prontas, enquanto o curtidor acredita que é um leitor.
"... que pode custar muito caro." Infelizmente vem custando muito caro. E o preço tá subindo.
Na biografia de Clarice Lispector, escrita por Benjamin Moser, há citação de uma carta enviada por ela três anos antes de morrer:"Acordei com um pesadelo terrÃvel: sonhei que ia para fora do Brasil (vou mesmo em agosto) e quando voltava ficava sabendo que muita gente tinha escrito coisas e assinava embaixo meu nome. Eu reclamava, dizia que não era eu, e ninguém acreditava, e riam de mim. Aà não aguentei e acordei. Eu estava tão nervosa e elétrica e cansada que quebrei um copo."(p. 58, CLARICE,).
Como disse o Schopenhauer: "Nossa, arrasou, meu!"
Nesse ponto a IA pode ajudar. Aliás nem precisa de IA. Basta um banco de dados contendo toda a obra de escritores e poetas famosos. Parece muito, mas para os chips de memória de hoje é perfeitamente possÃvel. E um programa, tipo corretor ortográfico, que diante de um texto falsamente atribuÃdo a um deles, sublinhasse tudo de vermelho, evidenciando a falsificação.
Anos atrás, o VerÃssimo paraninfou uma turma de formandos q publicaram no convite da formatura um trecho fake do escritor. Ele contou q ficou tão constrangido q deixou a coisa passar batida...
Participei certa vez de um evento em homenagem ao Chico Buarque, organizado por um professor de literatura, cujo convite e o cartaz de anúncio eram compostos por uma foto e um texto, que nem era ruim, mas quando li, de prima, cravei: o Chico jamais escreveria isso. Percebam, o texto não era ruim, como este atribuÃdo ao GGM (sim, fui ler), mas estava evidente que nada de Chico Buarque havia ali. Senso crÃtico mÃnimo e conhecimento médio do autor nos salvam de vexames assim.
Como dizia Machado de Assis: não acredite em tudo o que você vê na Internet.
Uma curiosidade e ler artigos assim. Como nao e possÃvel comprovar nada e o que se chama de mercado e uma coisa abstrata a criatura viaja numa suposição. Muito gauche. So Folha pra acolher uma bobagem assim.
É isso: analfomegabetismo crÃtico!
Já vi coisa pior: uma mensagem de autoajuda assinada por Charles Bukowski!
O que será que tem na cabeça de gente que faz esse tipo de coisa? É como vc vê às vezes nas redes sociais uma frase qualquer e a foto do Einstein, Caetano Veloso e não sei mais quem!
Não esqueçamos do poema “Instantes”, cuja autoria é falsamente atribuÃda a Jorge Luis Borges, que ganhou notoriedade em vários paÃses do mundo, com destaque no Brasil - a ponto de ter inspirado a canção “Epitáfio” - cantada pelos Titãs.
Lendo um desses esperpentos revoltantes atribuÃdo ao escritor argentino Jorge Luis Borges, pensei que deveria ser inventado um algoritmo capaz de de atrapar os engendros apócrifos e destrui-los automáticamente. Sonho de uma noite de Verão shakespieriana impossÃvel. A "inteligência artificial" não nos fará esse serviço porque seus propósitos são de "incultuar" o piegas e o pedestre para fazer dinheiro com a ignorância coletiva.
De pleno acordo.
Muito bom! A ignorância geral é realmente assustadora.
Como sempre brilhante!
Excelente!
Concordo absolutamente. Até eu (que não sou escritora profissional, nem muito menos romancista de talento e sucesso), se tivesse meu nome falsamente atribuÃdo a esse texto piegas, morreria de vergonha.
Gostar de ler a ponto de conhecer um autor não é para qualquer um. É preciso entrega, tempo e vontade de conhecer um mundo diferente do seu povoado por desconhecidos que ao mesmo tempo são a humanidade contada por um artista da escrita.
Enfim Jaqueline querida. Não posso discordar de você. É que sinto um empobrecimento na cultura e ao mesmo tempo a falta de uma cultura que conheça seus autores.
Verdade, Adalto. Mas, não é preciso ser especialista da literatura de Garcia Marques, Lispector, Drummond, dentre outros autores consagrados, para identificar incongruências de estilo nos textos apócrifos que circulam nas redes sociais.
Sérgio, os criadores dessas literatices que você comenta em sua coluna são muito reservados, não gostam de aparecer. Atribuem-nas a terceiros (casualmente famosos) por pura modéstia... Agora, falando sério: citações na internet (ou em outros meios) que não mencionam a publicação de onde foram extraÃdas, para que possamos checá-las, não merecem crédito (um ministro do Supremo deveria saber disso).
Concordo
Lamentável. Mas pelo menos deram uma folga para o Mário Quintana! Há anos o "recriado" das redes!
Assim como pouparam o VerÃssimo e o Mario Prata que durante anos foram "autores" dos textos mais grosseiros que se possa imaginar! Acho de uma sordidez incrÃvel atribuir esse tipo de lixo a autores consagrados.
Correto!
Que coluna boa!
É verdade. Você acredita que até frases sem noção, atribuÃdas à Tati Bernardi (mas estranhas ao estilo dela), já me enviaram por Whatsapp...
CertÃssimo.
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