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Esse indivÃduo grotesco, ridiculamente vestido como outros ridÃculos "famosos", se achando um deus, deveria ir direto para a cadeira elétrica e ser fritado até virar pó.
De fato, lamenta-se muito o silêncio, muitas vezes forçado, de vÃtimas que, temendo não serem ouvidas, entabularam acordos vis com o artista. Sabendo-se da prevalência do acordado sobre o julgado nos EUA, criminosos criam façanhas para escaparem à justiça.
Poi Zé, Ezequiel, criam patranhas pra encobrir "façanhas". FacÃnoras.
Nas relações humanas, o desejo e o poder se entrelaçam de maneiras muitas vezes insondáveis. No entanto, ao reduzir o ato violento a uma mera questão de domÃnio, será que não estamos negligenciando a intricada, e muitas vezes sombria, relação entre o poder e o desejo? É tentador pensar que o agressor é um ser desprovido de desejos, atuando unicamente pela ânsia de submeter o outro à sua vontade. Isso cria uma narrativa em que o desejo sexual se separa da violência. Mas nesses casos, há uma fusão
Meu caro Benassi, a grande questão é se podemos ensinar a humanidade a desejar sem dominar. Talvez a verdadeira revolução sexual não esteja em libertar o desejo de suas amarras, mas em reconhecer que o poder, em todas as suas formas, precisa ser confrontado e desafiado. Afinal, se o poder pode distorcer o desejo, o amor com sua capacidade de reconhecer e respeitar a liberdade do outro, pode nos ensinar que o verdadeiro prazer só é possÃvel quando ambos, e não apenas um, dançam a valsa da vida.
Siqueira Neto, eu me pergunto como podemos separar o desejo do poder? Como sugeriu Foucault, o desejo sexual seja sempre, de alguma maneira, um campo de forças onde o poder se faz presente. O ato de amar, de desejar, de querer o outro implica, de certa forma, um desejo de controle, por mais sutil que seja. O que distingue o amor da violência é a escolha de respeitar os limites do outro, de reconhecer sua autonomia. O agressor recusa-se a ver o outro como sujeito e o transforma em objeto.
A lembrança do Sodoma/Saló do Adonay foi ótema e horripilantemente adequada...
Por que razão um homem muito rico e poderoso precisaria satisfazer os seus desejos sexuais por meio da violência senão para fazer prevalecer o seu poder de subjugar quem ele bem entender?
Outro ponto central é apontado pela leitora Maria Lopes, abaixo: o que estava escondido na sombra está vindo à luz. Acrescento, com base na referência de Sri Aurobindo: para se transformar ou desaparecer.
Fiofósofo e Sábio sinês Confúsio semple diz "Sri Aurobindo coisa fiiina, né? Boto maior fé." E o Sábio é Soda, sabe o que fala.
Impunidade: a palavra-chave que estabelece a conexão entre seu artigo e o de Conrado Hubner, também de hoje.
Esses casos que envolvem múltiplos crimes e recorrência no mundo dos famosos e endinheirados carregam um teor mais crÃvel, mais plausÃvel. Ao contrário, por exemplo, de um cineasta muito badalado que cometeu um abuso sexual infantil, foi acusado publicamente, saiu ileso e acabou por fim canalizando a sua energia sexual em uma mulher muito mais jovem fora desse circuito dos famosos e endinheirados; esta encontrou nele um homem mais velho, experiente, inteligente e rico. Restou à vÃtima resistir.
No abjeto, mas fundamental livro do Marquês de Sade, 120 Dias de Sodoma, Simone de Beauvoir enxerga um precursor da Psicanálise. Nele, quatro homens ricos e poderosos, um duque, um banqueiro, um bispo e um juiz, contratam criminosos e aliciadoras para sequestrar meninas e meninos em toda a França pré revolucionária, para no castelo de um deles cometer os mais infames abusos. Parei no meio, aos vinte anos, quando introduzem e costuram roedor vivo numa vÃtima.
Eu, nem tentei sua leitura. O filme do Pier Paolo Pasolini bastou-me e sobrou. Não foram poucos os momentos de olhar pro lado.
Não consegui ler até o fim e também foi aos 20 anos. É um livro terrÃvel, chocante, mas expõe a natureza humana de um modo que ninguém mais o fez. O livro vinha envolto em papel celofane na época da ditadura, era considerado pornografico. Vi logo que era outra coisa, me parecia a revolta do Marquês com Deus, era filosofia, era outra coisa. Tudo que era escondido está vindo à luz, sai da sombra. É muito, horrÃvel.
É a coisificação da outra ou do outro, cuja única utilidade é satisfazer seus desejos doentios. A associação com a Extrema Direita é óbvia, e por isso Pasolini fez com base no livro, o filme Salo, a nefanda República Italiana que procurou sobreviver à derrocada do nazifascismo se isolando em orgias e abusos. Nazifascismo que retorna em todo o mundo. Livro 120 dias de Sodoma de Sade, em PDF, pela Docero, , disponÃvel grátis na Internet.
Orra, que debate crassudo que deu a dona Lúcia hoje! Rapá... Devo admitir: quando a coisa engrena bem, coça os dedo.
Nunca consegui ler esse livro, nem tenho projeto de lê-lo jamais, e penso que mulheres lúcidas têm repulsa natural por autores que criam e exploram violências absolutas e aberrantes contra mulheres. Depois de bolsonaro, a própria aberração polÃtica, já vivemos a era das violências contra todas as pessoas vulneráveis, mulheres sobretudo. Como sabemos, tudo é polÃtico, Sade, inclusive.
Absurdo.
Infelizmente a justiça de la como a de ca estava eivada de uma cultura machista que trava a celeridade da tramitação desses processos, que culminam em impunidade aos agressores.
Dona Lúcia, a lista é longa, o caso vai longe e, na soma, adiantará nada. Não é pessimismo gratuito ou niilismo da minha parte, é só o jeito que a máquina anda - anda e tritura gentes, carreiras, vidas e muito mais. Essa busca por poder e grana, pelas benesses e gozos que isso traz, é aquilo que irá nos comer por trás, no nÃvel polÃtico, judiciário e, principalmente, dos negócios: olhemos o que acontece com o mundo, sendo devorado em prol de pequenas e grandes ganâncias. Continuemos a luta.
Caro Benassi, tem algo errado que não está certo. Como você bem disse, não é pessimismo e nem niilismo, é a máquina. Caminhemos!!
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