Vera Iaconelli > As condições do amor incondicional das mães Voltar
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Educar na era de tablets, youtubers e afins não é fácil.
O amor é uma droga viciante. Ao abraçar minha filha ( adulta, já!) e sentir o cheiro do seu pescoço sou preenchida por uma sensação indescritivel de bem-estar (ocitocina?) Quando sei que vou vê-la, por exemplo, às 18h de um domingo, desde as 16 h já fico contente (tipo Pequeno Principe?). Ser mãe, no meu caso, me traz muita felicidade.
Meu Deus! Que espetáculo de texto. Quanta clareza, Vera!
Na vida prática as mães sentem responsabilidade pelos filhos. Amor, pelo menos na concepção de Spinoza, não é um estado permanente, mas ocorre de vez em quando. Amor incondicional é uma utopia.
Trata-se de enaltecer a função de mãe e, em contrapartida, deixar a cargo dela todos os encargos. Desconhecem seus desejos, seu trabalho gratuito e o profissional, seus estudos, projetos, necessidade ao ócio e ao prazer. Ela é mãe, não existe nada mais gratificante, lugar onde não cabe o cansaço, o arrependimento, as frustrações, as fragilidades, as fraquezas, as dúvidas.
A ambivalência dos afetos, eis a chave da maturidade, educação, e da eliminação das culpas.
Amor incondicional é conversa de coach de relacionamentos...
Condescendência não dá boa análise. O efeito mais perverso do mito do amor de mãe incondicional não recai em Medeia, mas em sua prole. O mito “empodera” essa mãe que se autoriza a prender os filhos nos braços do amor infinito, a infantiliza-los em nome do amor “infinito”, “protegê-los” dos outros dentro de seu condomÃnio exclusivo, a interditar o pai porque o amor infinito é uma propriedade exclusiva da mãe, etc. É, literalmente, poder opressivo legitimado pela cultura do dia das mães eterno.
Vou "des-ler" o que você escreveu. Muita arrogância de sua parte ao fazer tal comentário aqui. Obviamente, você não é graduado na área. E, à deduzir pelo seu nome social, o senhor é um homem cis-gênero. Não é mãe.
Excelente análise. E corajosa postura. Obrigada, Dra Vera. O peso do mito (do amor incondicional) muitas vezes derruba até a mais dedicada e abnegada das mães. Eu, que sou mãe-solo nos cuidados, educação, proventos e decisões, já chorei rios de lágrimas por culpa. Culpa por trabalhar demais, culpa por fazer horas-extras, culpa por perder frequentemente a paciência, culpa por mostrar-me frágil, culpa por ser humana.
Culpa por perder a paciencia, muita. Por trabalhar, nunca. Mas é punk, só quem passa por isso tem noçao.
Desde sempre tive medo de não corresponder ao que acham que as mães têm que ser, além de não saber se teria amor suficiente para ser mãe, por isso, optei não ser mãe.
O amor a gente inventa, pode ter certeza. Mas nao ter filhos é uma opçao válida, ninguém precisa ter.
Marenildes, se você teve a honestidade de se questionar sobre isso, é porque muito provavelmente teria sido uma ótima mãe.
Quando tinha rede social, recebi um post que dizia assim: "somos de carne e osso, mas vivemos como se fôssemos de ferro". É bem pertinente.
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