Mirian Goldenberg > Precisamos urgentemente de um curso de 'escutatória' Voltar
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Relendo o artigo e os comentários, tudo isso me lembrou do valor em não ficar preso num estado de certeza. Se sempre nos apegamos ao que supomos já saber, tornamos o novo inacessÃvel e perdemos muito. Se quisermos agir com sabedoria, teremos que humildemente calar para aprender, bem como abrir mão de certas convicções para lidar "numa boa" com o que não sabemos. Pensar que já sabemos é como usar um abafador de som. Reconhecer que não sabemos é se dispor a atenta/compassivamente ouvir.
Será que o que estamos ingerindo está fazendo nossa compreensão, gentileza e compaixão crescerem? Ou será o contrário? Urge ficarmos atentos ao que consumimos, pois o que ouvimos, vemos, lemos e as nossas conversas com os outros são uma forma de nutrição, podendo ser saudável/tóxico? Às vezes, consumimos coisas salutares como gentileza, alegria e compaixão; mas, outras vezes, consumimos toxinas como frustração, mágoa e raiva, não é verdade? (1/2)
Se somos o que consumimos, então estarÃamos trazendo o que é bom/ruim para dentro da nossa consciência (mente) e do nosso corpo? O que poderÃamos fazer? Manter a presença mental (mindfulness) sobre o que chega pelos 5 sentidos, evitando que as sementes ruins que existem na nossa consciência sejam regadas e se fortaleçam? Cultivar as boas sementes presentes na nossa consciência, fazendo com que fiquem mais robustas? (2/2)
Para que a comunicação entre as pessoas realmente funcione, ela tem de fluir como o vir (escutar) e o ir (falar) das ondas brandas de um mar calmo/tranquilo. No entanto, hoje as conversas parecem mais com uma ressaca que deixa o mar agitado/revolto, com ondas muito fortes e de grande amplitude que se propagam em direção à orla e quebram com violência.
Acho que as relações interpessoais passam por momentos em que não há ondas no mar, noutros embora existam ondas ele está calmo e, finalmente, pode ocorrer dele estar bem agitado. Saber calar compassivamente, bem como falar amorosamente são fatores que colaboram para acalmar ou agitar as ondas...
Ninguém sabe escutar bonito
Salve Mestra! Uma verdade nua e crua do saber escutar. Certa feita alguém bateu em minha porta e pediu algo para comer. Minha primeira ação foi me dirigir a cozinha para atender ao pedinte. Quando voltei ele agradeceu e disse: posso lhe falar uma coisa. Sim respondi. O escutei durante minutos, e percebi que ele queria ser escutado. E assim foi por muito tempo. Nos tornamos amigos.
Que lindo João
A escuta atenta/compassiva e a fala amorosa são cruciais para restaurar a paz e a harmonia ao seu redor. Ouvir profundamente pode ajudar uma outra pessoa a sofrer menos. Você talvez não precise falar nada, bastando ouvi-la com a humildade do aprendiz. Muitas pessoas em nossa sociedade não conseguem fazer isso, pois agem como experts nisto e naquilo. Você expressa a energia da compaixão não apenas agindo, mas também na maneira que olha e ouve o outro.
Compartilho aqui uma citação de William Cowper num sticky note digital que descansa na desktop do meu Laptop: "O conhecimento se orgulha de tudo que sabe. A sabedoria é humilde diante de tudo que não sabe".
Verdade, basta escutar bonito
Em geral, quando você ouve algo, você o faz como se fosse um tipo de eco de si mesmo. Você está, na verdade, ouvindo sua própria opinião. Se está de acordo com sua opinião, você pode aceitá-la, mas do contrário, você a rejeitará ou pode nem mesmo ouvi-la de verdade. Logo, se você recebe as coisas apenas como um eco de si mesmo, você não as vê realmente, não as aceita inteiramente, tais como são.
Num mundo tão cheio de experts, cada um deles vê, à sua maneira, uma dada questão. Assim, suas conclusões são limitadas/enviesadas porque olham a partir de uma bagagem de conhecimentos/experiências. O mestre zen Shunryu Suzuki ensinava que a mente do principiante é a mente de compaixão. Quando a nossa mente é compassiva, torna-se ilimitada. Em seu livro Mente de Principiante, encontramos: "Na mente do principiante há muitas possibilidades, mas poucas são as que existem na mente do especialista”.
A verborragia de hoje indica como as pessoas estão ansiosas, preocupadas em dar respostas rápidas aos desafios de um mundo cada vez mais célere - tempos lÃquidos. Muitas delas, não somente repetem discursos prontos, mas também agem segundo fórmulas de segunda mão. Bem poucas ouvem a si mesmas, mal refletem sobre o que falam/fazem. Não entenderam que o outro talvez tenha algo a nos ensinar com seus erros/acertos/declarações, que é preciso haver a humildade de calar, para pode ouvir com atenção.
As pessoas amam quem escuta bonito
Não entenderam que o outro talvez tenha algo a lhes ensinar com seus erros/acertos/declarações, que é preciso haver a humildade de calar, para pode ouvir com atenção.
Na tradição budista do mestre Thich Nhat Hahn (apelidado de Thay) tanto a escuta atenta e compassiva como a fala amorosa estão vinculadas, fazendo parte do 4º. treinamento da Atenção Plena. Thay dizia: "Olhe para alguém que está cheio de sofrimento e não tem a oportunidade de falar sobre isso para ninguém. Ele parece uma bomba pronta para explodir. Há muita tensão e dor e, de fato, essa pessoa explode várias vezes ao dia". (1/2)
Escutar bonito é um ato de amor
Thay continua: "É por isso que as pessoas de sua famÃlia têm medo dele. Todos tentam se manter longe e ele se sente isolado. Temos que aprender a arte de desarmar a bomba. Temos que nos tornar hábeis na arte de ouvir com compaixão e usar palavras gentis e amorosas". (2/2a)
O Preceito da fala correta diz em seu 1º. parágrafo: "Atento ao sofrimento causado pela fala imprópria e pela inabilidade de escutar, eu me comprometo a cultivar a fala amorosa e a escuta atenciosa e compassiva, de modo a trazer alegria e felicidade para os outros e assim aliviá-los de seu sofrimento". (2/2b)
Estamos na era dos relacionamentos lÃquidos e do eco humano permanente. Muito barulho de carros e motos, de TVs, de música sucata, de gente vociferando nos churrascos onde ninguém escuta a ninguém e só a si mesmo. Ao menos, num canion, as pessoas gritam e aguardam um pouco para escutar o eco de sua voz. A gente deveria aprender essa lição comunicativa da Natureza. Temos 2 ouvidos e 1 bouca. Estamos surdos porque não queremos escutar.
Precisamos de cursos de escutatória
Oi querida Mirian! Quantas coisas deixamos de aprender por não saber escutar. Saber ouvir deveria ser um sacerdócio. Tudo o que ouvimos, seja bom ou ruim, qualifica nosso discernimento e sensibilidade. Abraço querida!
Falta generosidade, sensibilidade e curiosidade, infelizmente, querida Gaya
Miriam... excelente. Como sempre
Fico muito feliz
MÃrian, vc soube ouvir a sua amiga ThaÃs e valeu a pena, porque vc escreveu um texto lindÃssimo, sensÃvel e cheio de sabedoria. Nós só percebemos e entendemos o outro qdo sabemos ouvÃ-lo. As palavras são os elos que nos aproxima, que nos fazem sentir a alma e o coração de quem tá pedindo pra ser ouvido, compreendido e talvez até sair da solidão. E ouvir uma pessoa com mta experiência e vivência é tbm aprender e sentir a vida em toda a sua plenitude.
Amei amei amei
Gostei do 'Curso de Escutatória"! Deveria ser obrigatório para vereadores, deputados, prefeitos, senadores e outros nÃveis "mais falantes"! Principalmente quando só falam asneias...
Falo pouco e escuto muito. Quando começo a falar, falo muito e escuto pouco.
"Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina." Cora Coralina. Você é sábia,minha raridade. Conseguiu fazer o programa,agradou sua amiga e não perdeu o foco no seu trabalho acadêmico.
Que lindo. Amei
Uma boa matéria para um velho de 67 anos, que não lhe ensinaram a escutar e, sim a se calar. Talvez por ser impedido de falar, eu falo pelos cotovelos, nem sempre com razão, deixando de escuta-la...
Escutar o outro, sabendo silenciar a sua voz, é uma arte. Hoje vivemos uma barulhenta solidão alienante. Lembrei-me de uma entrevista da divina Elizete Cardoso, falando da solidão, onde ela falou: “hoje não resta ninguém, nem para me mandar ir à m@@“.
Muito triste
Parabéns Mirian , devemos escutar até o silêncio.
O silêncio fala
Encontrei Rubens Alves, na Unicamp, quando fazia pós graduação lá. Gostava das suas crônicas, que refletiam grande vivência. Meu amigo mais antigo segue sendo o mais fiel; ele diz que aprendemos juntos, um escuta pacientemente o outro. Ele diz que minhas leituras são mais atuais, mas as leituras dele chegam até Platão, e eu escuto pacientemente com muito proveito. Fico triste quando sinto que o que tenho a dizer não recebe escuta atenciosa de parentes mas sei que na retaguarda tenho um amigo
É uma sorte ter amigos e amigas que sabem escutar bonito
Querida Mirian, a ThaÃs, no alto de sua sabedoria que só os anos conseguem trazer, está certa. Não devemos colocar sempre o dever acima da vida. Você fez bem em esquecer o relatório por um dia, ir à TV e compartilhar o que sabe. Afinal, não é sempre que se tem a chance de falar com tantas pessoas ao mesmo tempo. A ThaÃs, pelo jeito, tem a capacidade de enxergar o que realmente importa, algo que só alguém com quase um século de vida parece alcançar. Sair da toca acadêmica, à s vezes, é bom.
Com certeza Alexandre, além de melhor amiga ela é uma conselheira maravilhosa
Chocou-me a vovó com tanta sabedoria e ninguém a ouvi-la, que eu não continue surda as vozes da experiencia. Vou tentar aprender a ouvir sem interferi.
Obrigado Mirian, a partir de agora vou prestar muita atenção no que me falam e apenas ouvir.
Fico feliz Wilson
Necessária Mirian! Obrigada!
Sempre juntas
Pensou bonito, foi expressão que ouvi cinquenta anos atrás de um professor de matemática sobre um outro aluno e sua criativa solução de um problema. O artigo de Mirian hoje, não é de matemática, mas também pensa muito bonito.
Que lindo Rubens. E você comentou bonito
Discursos prontos servem cada vez mais aos ouvidos prontos. Perde-se o diálogo, e daà se perdem um ao outro. Por que será que temos tanta coisa tão urgente a dizer, que sequer vemos e ouvimos o interlocutor? Se eu falar: que tempos esses, dirão que é papo de velho. E é mesmo.
InvisÃveis e silenciados
Mais que nunca, Miriam. Agora, nos restaurantes, nem há mais falatório e risadas. É todo mundo com os olhos grudados em uma tela. Não lembro quem disse que an internet aproximou os distantes e afastou os próximos.
Acho que afastou todos Maria. Uma solidão sem igual
Lindo!
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