A articulista deveria assistir a uma matéria de telejornal da Band sobre o agronegócio com direito a comentário do Oinegue para ver o que é curadoria!

A curadoria é uma escolha do que vai ser exposto logo uma forma de censura, mas que pode ser uma boa censura. Desta vez a articulista não veio defender o "liberalismo" (toda liberdade para as empresas, nenhuma para os sindicatos) e teve a coragem de denunciar um "fascismo" nos comentaristas de rádio. Será que ela está deixando de ser de direita?

É. E não É. Balzac, além de o grande Escritor da Comédia Humana, era também jornalista, e o maior crítico da Imprensa. Em Ilusões Perdidas, alerta para jornais e jornalistas venais vendidos a políticos ou até recomendação de restaurantes em troca de refeições. Essa própria Folha tem matérias que só ao fim se mostram merchandising, ou nem ao fim, deixando o leitor em dúvida. Pior porém é o sistema Inverte Recupero. O que é ruim a gente mostra o que é bom a gente esconde, como Folha X Lula3.

A curadoria natural antes da invenção da imprensa era a escassez de copistas, e o tempo necessário para escrever cada cópia. Se Lutero tivesse aparecido algumas décadas antes, suas teses não teriam se espalhado feito fogo na mata, e ele provavelmente não escaparia da fogueira. A consolidação da reforma protestante se deve à dificuldade de controlar o novo meio de comunicação. De certa forma, o que vemos hoje já aconteceu antes.

Interessante. A curadoria profissional evoluiu desde Gutenberg e é algo raro hoje em dia. Seja em museus ou no jornalismo, ela molda nossa percepção com critério e pode ser amplificada por meio de melhores algoritmos da internet, pois hoje criam bolhas de desinformação. Seria interessante explorar a relação entre curadoria e a liberdade de pensamento e propor soluções para capacitar o público a curar suas próprias fontes de informação.