Adoro uma mentirinha bem contada.

Olá, Becky! Apesar de ter entendido o bait no título e propósito da coluna, me parece que é um caso de termo inadequado. A carga semântica de "mentira" já a afasta do que se faz na literatura, que tem mais a ver com criação do que com falseamento. Com mentiras, lidamos e fazemos o tempo todo; já com a criação literária, que carregam outras intenções e recompensas, bem menos do que deveríamos.

Artes são coisas raras. Não essa avalache que nos inunda. Até mesmo Picasso, só com muita publicidade. Nem miró, nem Dalí. Monet. Gosto..

Lindo e certeiro texto! Me faz lembrar um conselho literário de Tchékhov: “Não me diga que a lua está brilhando; mostre-me o seu reflexo num caco de vidro.”

Há tempos notei que a colunista faz todas essas coisas que confessou no fim do artigo quando leio o o que ela escreve sobre o genoecidio do povo palstino.

« Je suis un mensonge qui dit toujours la vérité » (Jean Cocteau)

Há pouco tempo li um texto de Bernard Lazare, um dos primeiros a defender o capitão Dreyfus. "Um dia acordei de um sonho. Eu vivia no meio de um povo e achava ter o mesmo sangue...Acordei judeu, quando antes ignorava o que era ser judeu." Lembra bastante o início da metamorfose de Kafka.

O que salva a humanidade é a mentira. Se falarmos só a verdade, a vida perde sentido. Basta prestar atenção no filme o mentiroso com Jim Carrey...

Provavelmente não alcancei a sublime ideia que subjaz o refinado texto. Ao meu curto juízo, parece que obras de ficção não são mentiras, pois não escondem que não são relatos sobre a verdade, e obras que tentam distorcer a verdade não merecem admiração.

Não conheço ninguém que tenha sido internado numa clínica psiquiátrica por sofrer de "sincericídio". Toda pessoa mente para si mesma (autoengano) e para as outras. Na realidade, mentir se faz necessário para que alguém funcione nas sociedades atuais, seja para evitar conflitos, manter as aparências, evitar ferir os sentimentos alheios, fugir das responsabilidades, esconder defeitos e malfeitos etc.

Texto magistral!! Precisamos dessas preciosidades nos jornais

Magnífico texto :)

Quando lemos portas e janelas se abrem.

Becky, o problema das definições é que elas sempre deixam algo de fora. A literatura pode ser afirmativa, sim, servir à realidade, obedecer a padrões ou cumprir um propósito moral (lembra das fábulas, dos contos de fadas?). O que caracteriza toda arte, justamente, é sua absoluta liberdade.

Belo texto, Becky. Amei.

Aos 60 anos, estou lendo Dom Quixote... Cervantes falava, no ano 1600, exatamente na direção do que trata teu excelente texto, como na frase de Sancho, escrita na pg. 243, da edição Publifolha, de 1998: "E quem pode pôr cobro às más lín guas, depois do que disseram do próprio De us?" (tentei driblar a censura, mas está difícil)

Aos 60 anos, estou lendo Dom Quixote. Pena não tê-lo lido aos 20, hehe... Fala, exatamente, daquilo que teu excelente texto trata: narrativas que são mais reais que a realidade... Como na frase de Sancho, escrita na pg. 243, da edição Publifolha, de 1998: "E quem pode pôr cobro às más línguas, depois do que disseram do próprio Deus?"

É ficção, fabulação. Escrever é se deparar com o oculto; ler, também.

Cara Becky, excelente texto, eu como leitor compulsório, onde não escapa nem bula de remédio, tenho certeza que para vencer o atraso que nos espreita nas fendas do tempo vindouro,somente escritores e leitores nos salvarão.