Ruy Castro > Escreviver uma autoficção Voltar
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Nunca havia me dado conta, mas vamos escrevivendo! OrasilÃndioCaiuá!
Putz, isso é que é filosofia, hein, carÃssimo? "Uma coisa com a qual, ou sem a qual, o mundo fica tal e qual". Blague que vale pra literatura, não? Quanto à autobiografia, essa eu sempre achei que seria, necessariamente, mais edulcorada do que aquela feita por terceiros: quem se dá a importância suficiente pra contar sua vida pros outros, não vai querer se botar mal na fita. Tirante sua impiedosa colega Tati Bernardi, capaz de fazer um retrato horripilante de si mesma, só por garantia.
Grato, meu caro, bom voto!
CarÃssimo Benassi, adorei a frase citada. Ela é quase um jogo de palavras e revela o absurdo de certas coisas que, embora aclamadas como fundamentais, não têm o peso que se lhes atribui. É como se estivéssemos presos a uma engrenagem simbólica, a um fardo que o mundo carrega por mera inércia. A humanidade, por exemplo, passou séculos brigando por uma série de dogmas, convenções e valores, muito dos quais, se tirados da equação, não alterariam em nada a estrutura essencial do mundo. Bom domingo!
Ruy, acredito que Conceição Evaristo, escritora que vc mais ou menos dia poderá votar para ser a primeira mulher negra na ABL quando se candidatar novamente, é a responsável por reviver a palavra na forma de substantivo, escrevivência. Ela tem os motivos dela, que pensa a escrita como uma forma de sangrar, expurgar o pus, limpeza da alma. Deixo para vc a sugestão de leitura dessa gigante que é a dra Conceição Evaristo
Talvez o termo tenha voltado com força por causa duma versão da escritora Conceição Evaristo: ela diz fazer "escrevivências". Quem leu "Olhos d'água", livro de contos, sabe que o seu estilo de escrevivente (ou escrevivida?) não presta.
“Escreviver” no lugar de “Escrever” me lembrou outras expressões: “Gratidão” em vez do simples e direto “Obrigado”; “Feliz vida” no lugar do elegante e suficiente “Parabéns” e até do clássico “Feliz aniversário”; Da mesma forma, ninguém deseja mais “boa sorte” aos amigos. Diz-lhes “Luz” e que se virem; “Por nada” ou o simples “De nada” há muito foram substituÃdas por outras mil maneiras: “Magina”, Tranquilo”, “Blz”, “Vlw”, “Tlg”, “Tmj!” Etc e talÂ…
POVÂ….
Considerando esse seu finalzinho, prezado Emerson, tenho enorme simpatia pelo "é nóis!", que não diz nada com nada, mas significa tudo. E, na seara dos agradecimentos, o horripilante "gratiluz" está, pra mim, no topo das neoplasias do vocabulário! Hahahahah!
Olha o Guarda-Napo. Se diz médico. Melhor deixar a fera presa.
RUY CASTRO É UM GÊNIO DA LITERATURA BRASILEIRA.TODO DIA APRENDO MUITO COM SUAS CRÔNICAS. LONGA VIDA A RUY CASTRO E MUITO AXÉ!!
Segura o Napoleão. O último Napoleão acabou no piscinão de Ramos reescrevendo sua carga de Escherichia coli.
Resumo da ópera: como as academias, universidades e meio literário foram sequestrados pela esquerda, e tudo que a esquerda toca vira erda, não poderia ser diferente na literatura. Já há muito não se produz coisa que presta.
bobo da corte quando escreve resumo da ópera, dá nisso daÃ.
'Magina, napô, que severidade, mano! A literarÃssima obra Cid-1O (aliás, acho que tem o11 mais recente) é bem escrita, útil e tem lugar para você direitinho. Viva a literatura! Hahahahah!
Tarefeiro da ultra direita que não ultrapassou o segundo grau e, por isso, odeia as intelectualizados.
Depois de explicitamente ameacar Lúcia Guimarães e ter o comentário excluÃdo pela Folha sem sequer ter havido a mensagem de violação das regras, sonhei com a ineligibilidade dele nesse fórum. Ei-lo de volta para nos assombrar, rs. Credo.
Bons comentários por aqui sobre o belo texto do Ruy, exceção ao Napoleão de hospÃcio.
Ruy Castro, com elegância e cultura, desmonta a falácia do ano zero na qual as novas gerações de escritores parecem viver. Antes deles, nada de novo; a partir deles e por eles, nada será como antes.
Realmente, a impressão que tenho é que se trata de uma literatura de redenção. O ambiente em que esses escritores cresceram e foram criados não foi propÃcio a um autodesenvolvimento, tanto que não existe um sentimento de gratidão ou de valorização das pessoas com as quais conviveu e à s quais é imputada uma resignação bovina, da qual esses escritores de autoficção se redimiram, da qual libertaram-se, pois não aceitaram resignar-se.
Literatura como luta, "luteratura" (desculpaê, minha cara Paloma, não resisti). Mas tem gente que escreve como necessidade básica de sobrevivência, com parentesco com o expurgo. Um amigo, Roldan-Roldan, qualifica a si mesmo como "animal literário": em sua vida tortuosa, marcada pelo exÃlio e falta de pátria, ele podia não comer, mas não podia não escrever... O Brasil, que ele ama desesperadamente, deu-lhe uma pátria.
Além dos trocadilhos, os neologismos. Inês Pedrosa (Fazes-me Falta) cria o termo ¨noante¨ em substituição a ¨limbo¨ por ser menos carregado de culpas e tristezas, explica. Era lá que situava sua personagem. Guimarães Rosa enveredava pelos neologismos em suas estórias: embriagatinhar (engatinhar embriagado), enxadachim (espadachim da enxada), circuntristeza (tristeza circundante), nonada ( algo sem importância). Entre outros tantos.
Putz, Gilberto, cada coisa linda, hein? "Enxadachim"... Como é que se traduz um sujeito desse em outra lÃngua? Que sinuca de bico!
Pode ser definida também como fragmentos de autobiografia. Só acho que, como toda autobiografia, tende a idealizar o biografado, por mais honestas que sejam suas intenções.
Na verdade, quem popularizou a expressão foi o escritor João Antônio, um autor brasileiro nascido em trinta e sete e conhecido por suas histórias sobre as classes populares, particularmente as periferias urbanas e os marginalizados. A expressão ‘escriviver’ surgiu em sua obra como uma maneira de definir sua própria trajetória e de outros escritores que, como ele, encontraram na escrita um meio de resistência e de transformação pessoal e social. Para João Antônio, escrever era uma forma de viver.
CarÃssimo Benassi, grato pela solidariedade contra a censura da FSP. Outro dia, copiei o Estadão e postei uma estrofe de Camões. E não é que censuraram também? Nem a ditadura teve essa ideia genial de censurar Camões. João Antonio foi uma figura emblemática da literatura brasileira, um verdadeiro cronista das ruas, das bordas da cidade e dos personagens invisÃveis que a habitam. Nascido no bairro do Brás, ele cresceu em uma cidade que se expandia de maneira desordenada, cheia de desigualdades.
Pô, meu caro, o que será que o script sençurolóide encontrou na sua mensagem original pra bloqueá-la? Às vezes tenho a impressão de um item em um exame psicotécnico, que nos obriga a encontrar os "sete erros" onde não existe nenhum... Lembro de ter lido João Antônio em uma coletânea, um conto lindo e doloroso...
Quem popularizou a expressão ‘escriviver’ foi o escritor João Antônio, um autor brasileiro, conhecid por suas histórias sobre as classes populares, particularmente as periferias urbanas e os marginalizados. A expressão ‘escriviver’ surgiu em sua obra como uma maneira de definir sua própria trajetória e de outros escritores que, como ele, encontraram na escrita um meio de resistência e de transformação pessoal e social. Para João Antônio, escrever era uma forma de viver intensamente.
Lá por 1970 tinha que estar "inserido no contexto" senão não era "papo firme". E o cabelo: "ao vento". Fundo musical: Ponha um Arco Ãris na sua Moringa, com Paulo Diniz.
Putz, sensacional. Psicodelia popular, sem preconceitos de ritmo. Dddooidão raiz! Hahahahah! Vou até ouvir a coletânea que aparece de cara.
Hahahahah, carÃssimo Budu, lembrei-me de você quando mencionei o Bezerra da Silva ao nosso colega napô, cê sempre nos traz trilhas sonoras. Já tô indo fuçar esse Paulo Diniz, que não conheço.
Acho que, nesse jogo de prefixos e palavras, o genial está em "A autobiografia de Alice B. Toklas", de Gertrude Stein.
Cara, como esse livro parece interessante... Que furou causou. Vou procurar um PDF pra lê-lo, leitura de diversão - bom, se é que eu o encontrarei traduzido, porque à s vezes é bem árduo ler literatura, belas-letras, em outra lÃngua né? DifÃcil rebolar com desenvoltura na lÃngua alheia. (ops! Digo isso serÃssimamente! Hahahahah)
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