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Não concordo com a afirmação "qualquer suicÃdio é fruto de desespero interior, de solidão, de medo, de impotência, de vergonha". O suicÃdio pode ser visto como o fim da dor fÃsica ou existencial. Ou as duas concomitantemente, o que o torna mais aceitável. A pessoa pode decidir que não quer se tornar um vegetal que, ainda por cima, entristece, dá trabalho, despesa e preocupação à queles que amou e que a amaram.
Desde que a sociedade passou a admitir a interrupção voluntária da gravidez, nada mais natural que encare a morte assistida com naturalidade.
Os suicidas são os mais corajosos entre nós... mas também egoÃstas: escolhem encerrar a própria dor de viver e deixam de forma tão silenciosa quanto eloquente um rastro afetivo de desamor. Já a eutanásia é mais um gesto de amor pelos outros e de desapego por si mesmo.
Penso que suicÃdio, seja a forma que for, é o maior ato covarde a se cometer. Não há dignidade nisso, há covardia.
Pra mim, tudo é quÃmico, ou seja, depende de como seu cérebro trabalha. Não acredito em nada sobrenatural, assim como CÃcero, porém, sendo portador de transtorno afetivo bipolar tipo 2, com maior proeminência de depressão, noto que medicação e psicoterapia associadas me fizeram bastante bem. Conheço os dois extremos da roda gigante, da profunda tristeza à euforia desmedida. Cada um sabe a dor que sente, mas a realidade que enxergamos é ditada pelas substâncias que são no cérebro liberadas
É um avanço falar sobre a escolha de morrer quando nada mais resta a ser feito. Quem tem q meter o bedelho contra a decisão lúcida de outra pessoa que opta pela eutanásia ou suicÃdio assistido? Qual é o real interesse em dar opiniões contrárias na vontade alheia de morrer? Cada um q cuide de si próprio. Tenha paciência!
Atos iguais são na origem profundamente diferentes. Comparar a atitude serena e refletida do Antonio Cicero que no fim da vida consegue morrer de modo coerente da forma como viveu, com o desespero de alguém que toma o mesmo ato motivada por desesperança é coisa cÃnica, demagógica. Indo além, sugerir a alguém no limite de uma dor crônica que no futuro tudo vai melhorar, quando não vai é mais cÃnico ainda.
Pensei muito sobre esse caso do Antonio CÃcero, ele realmente me fez pensar: cheguei à conclusão que não há morte digna, pois a morte não é qualificável, morte é morte. Somente há qualificação em caso de homicÃdio, diz-se "homicÃdio qualificado". O que existe é vida digna ou indigna: busquemos a vida digna com os nossos (familiares, amigos, bairro, paÃs, humanidade).
tem um filme muito interessante sobre o tema: A short stay in Switzerland, com Julie Walters. Gosto de pensar na serenidade e na maturidade da decisão. Devemos enaltecer a vida, mas há uns excessos descabidos, frutos do narcisismo e da religião. E muita hipocrisia, afinal mantam muitas pessoas que não optariam pela morte.
"Qualquer suicÃdio é fruto de desespero interior, de solidão, de medo, de impotência, de vergonha". Afirmativa que, para a autora, é correta, mas que para muitas pessoas é totalmente inverÃdica. Muitos suicÃdios são frutos de paz interior, grande coragem, potência para escolher, considerações realistas sobre o futuro próximo, compaixão pelos amigos e familiares. O oposto de tudo que a autora afirmou como se fosse uma verdade universal, mas que é meramente uma opinião.
a rigor acreditar em algo em vida é fiar-se na versão de alguém que sabe-se lá por que motivo foi contemplada com um chamado dito divino. Como vendedores de carros, todos alegam já de começo que sua marca é melhor e pior, se vc. adquirir a outra marca vai sofre um acidente horrÃvel. A crença que vc. possa escolher o momento da sua partida é só mais uma versão, que pelo menos vem do seu julgamento não de um outro que vc. aceitou por sabe-se lá por que.
Assim como a sua. Não vejo nada de digno em se matar. E considerações sobre o futuro nunca poderão ser realistas, uma vez que são projeções e nada mais.
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Concordo, Marcus!
De pleno acordo, Marcus. A decisão de tirar a própria vida pode ser racional, tranquila e ponderada. A morte não é uma tragédia. É inevitável, em primeiro lugar, democrática, pois atinge a todos e, acima de tudo, dá sentido à vida. Se vivêssemos eternamente, nenhum ato nosso teria peso. A tragédia não é morrer, mas ficar inválido, ter dores insuportáveis, perder a dignidade, a capacidade de se comunicar normalmente, etc. A Pfizer não quer saber de eutanásia porque ganha os tubos com moribundos.
"Dignidade" é subjetivo, porque quem escolhe não fazer a eutanásia teria uma morte indigna?? Cada qual faz sua escolha, porém dizer que isso é superior a outra, não é correto!!!
Artigo muito lúcido. Me fez pensar muito...
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