Opinião > O avesso do diagnóstico Voltar
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Hoje, a esquerda tem nÃtido desinteresse pela defesa do papel do Estado sobre as desigualdades e pelo combate à precarização do trabalho e à falência da educação pública. Sua leitura do mundo a faz pugnar aborto, promiscuidade, invasões de terras, normalização das drogas, bandeiras identitárias segregadoras e várias outras coisas que o povo tende a considerar negativas. Assim, cada vez mais ele percebe que a direita é quem a valer o defende. Oxalá os eleitores brasileiros confirmem isso em 2026.
Há muitas esquerdas, mas um elemento comum me parece um certo preconceito contra o comércio. A produção é o que importa, daà fábricas, polÃtica industrial e inclusive muita participação do Estado. O fato de que é preciso vender o que se produz é considerado de segunda ordem. No limite, fecha-se o mercado, regula-se preços, e abre-se à força o bolso do consumidor para viabilizar a produção.
A esquerda tende a buscar soluções por meio de novas leis, mas raramente foca em criar eficiência e qualidade na prestação de serviços públicos. Falta pragmatismo. Em vez de fomentar uma indústria nacional forte de energias renováveis para enfrentar o aquecimento global, prefere apostar em compromissos abstratos com organizações internacionais. O resultado é muito discurso e pouca ação prática. A China, ao contrário, investe de forma pragmática em painéis solares e veÃculos elétricos.
Ôôô, Vinicius, prezado, dedo no'zóio: não somente certos princÃpios, como também *perder os sonhos*. Perder os princÃpios é algo muito grave, porque descaracteriza a ação polÃtica; mas perder os sonhos é a morte da motivação pra ação. Tô com a impressão de que a "esquerda" tem que perder o medo de correr riscos, já não é hora desse cuidado todo. Tamo no tempo de dar a cara a bater de verdade, novamente, com propostas menos edulcoradas por um neoliberalismo que, evidentemente, é pra muito poucos.
Tornou-se imprescindÃvel uma renovação da esquerda, sem, contudo, que seus princÃpios básicos sejam renegados. Que seja mantida uma diferença em relação aos demais partidos de direita. Em vez de seguir dialogando apenas nos palácios, temas que envolvem interesses da população, é licito introduzi-la no debate, para que haja um entendimento possÃvel das propostas do governo e dos seus impedimentos, para que o apoio surja das ruas e não do congresso.
A esquerda, se existir, será a de Aldo Rebelo. Nacionalista, lutando por um Estado forte, indutor de desenvolvimento muito mais que redistribuidor de renda, lutando para que o bolo cresça antes que possa ser repartido (Delfim Netto estava certo), tomando a China como modelo, ocupando a Amazônia com centros de pesquisa, fortalecendo as Forças Armadas. Nada de horizonte igualitário. O horizonte da esquerda deve ser o desenvolvimento induzido pelo Estado. AÃ, tem jogo.
Um tanto equivocado e contraditório o comentário. O papel estratégico do estado na economia sempre foi peça chave no ideário da esquerda. A história da social-democracia é a base polÃtica dessa concepção. A frase de Delfim não passou de seu efeito retórico. A permanência das desigualdades sociais tem como uma das explicações a desigualdade na distribuição da renda gerada. Aldo é só um polÃtico profissional.
O bolo sempre cresceu, mas nunca foi e nem será distribuÃdo. Ele vai direto, inteiro e intocável para a mesa farta da elite financeira. Quando vamos abandonar essa perversa fantasia, construÃda nos obscuros tempos da ditadura militar?
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