Lorena Hakak > Quem cuida de quem cuida? Voltar
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Lorena, minha cara, inda ontem comentei no provocativo texto da Vera Iaconelli sobre a barbaridade do parto obrigatório - era no contexto da violência sexual, mas diria o mesmo de modo mais geral: a mãe, bobeou, precisa escravizar a avó, no cuidado infantil, pra poder trabalhar. Essa sobrecarga por conta de cuidados, ascendentes ou descendentes, é tão visÃvel e geral que até espanta não haver algum consenso sobre tal escravatura. Acho que é, de fato, porque sobra sempre nas costas femininas...
Hahahahah, minha cara, eu me envergonho da minha maluqueza que, de quando em quando, ainda empurra à minha Amada responsabilidades que ela não deveria assumir. Não obstante, luto frente a ela pra não deglutir responsas tradicionalmente "do bofe", que ela acaba por me impingir. Não há vida e avanço sem fricções, é o que concluo - positivo, desde que haja sempre em mente a Civilização, com "c" maiúsculo.
Uma vez, ouvindo o podcast da Tati, se ela não sabe, quem sabe? Fiquei muito esperançosa em que chegará o dia, em que nada mais será obrigação só da mulher; ao ouvir a Bruna Lombardi, falar sobre muitos abusos, ela disse que evoluÃmos, porque agora os abusos tem nome, achei fantástico. O que anete falou, que as vezes cuidamos dos maridos como se crianças fossem, meu marido acha que a mulher tem que ter esse "cuidado", pergunto a ele: onde está escrito? Cada um tem que ser autossuficiente
Algumas, alem de cuidar de seus pais, cuidam dos sogros.
Dedo no'zóio, queridas colegas! Até no meu, que não discutirei em largo público, mas que esse comentário da Anete atingiu, de raspão. Hahahahah!
Passam a vida cuidando. As vezes cuidam do marido como se ele fosse uma criança.
Eu cuido da minha filha Juliana, que mora na mesma cidade e não posso dizer o mesmo do meu filho Marx, que reside muito distante, mas ambos, com os netos (do qual a avó Kátia cativantemente cuida), moram comigo no meu coração e na minha mente, em todos momentos da minha vida, sempre!!! (Parabéns L.HAKAK)
puxa... pobres vÃtimas das circunstâncias sem cuidado algum.
Poi Zé. O comentário impiedoso, que obscurece a visão do óbvio, suscita em mim a lembrança de um exemplo muito próximo. Meu pai, nos últimos anos de vida, ficou bastante deteriorado mentalmente e, no finzinho, fÃsicamente. Mesmo com enfermagem 24x7, minha mãe se esgoelou cuidando dele e d@ enfermagem; ainda que com o apoio de minhas irmãs e meu, recusou-se a cuidar de si mesma, e só depois da morte do meu pai tomou providências para si. É um modelo mental que tem de mudar, porque tóxico.
A história da minha mãe é muito similar à da colunista. Na época, eu não entendia. Para mim, era natural que ela estivesse sempre lá, de prontidão, como se uma força misteriosa a impulsionasse a organizar nossas vidas, a nos conduzir por horários e compromissos que ela mesmo decorava com uma precisão quase cirúrgica. Hoje, ao olhar para trás, percebo que essa força não era mistério algum: era amor. E, ao mesmo tempo, era também sacrifÃcio. Havia algo mágico - e cruel - na dedicação de minha mãe.
Benassi, muito obrigado pelo comentário sobre as singelas palavras que escrevi sobre as mulheres do Saara. Você tem inteira razão sobre o convÃvio pacÃfico de pessoas com visões de mundo distintas. A pluralidade de opiniões é uma caracterÃstica essencial de qualquer sociedade verdadeiramente democrática. Discordar não significa desumanizar ou desprezar o outro. As pessoas precisam ser tratadas com empatia, o que implica em tentar entender o ponto de vista alheio. Disposição ao diálogo sempre.
Então, Alexandre, essa é a diferença entre a civilidade e a barbárie: primeiro, diferenças polÃticas resumem-se rigorosamente a isso, visões de mundo. Mais importantes, no cotidiano do convÃvio das pessoas, são as posições dos indivÃduos frente ao Humano, maiúsculo. Numa dessas, convivemos pacificamente e com ganhos recÃprocos, aqui na Ãgora da folha. Quem me dera fossemos todos como aquelas mulheres do Saara, acerca dos quais você fez poética reflexão.
Mestre Benassi, obrigado pela honra do seu comentário. Concordo com você. Minha mãe, como muitas delas, de manhã cedo, estava em pé antes de todos, preparando café e lancheiras. Enquanto eu reclamava da aula de matemática ou da visita ao dentista, ela apenas sorria, ainda que seus olhos denunciassem o cansaço de noites dormidas. Depois, corria para fazer compras, resolver problemas domésticos ou até mesmo costurar nossas roupas para economizar. O trabalho não acabava nunca. Pobre mãezinha!
Isso é Soda, SodÃssima: só o percebi na adolescência avançada, a partir da qual comecei a tomar providências de cuidado para com meus velhos, especialmente a Mama - ainda sem problemas de saúde só como justa retribuição à quele amorzão. Anedoticamente, refiro-me a isso, no campo da minha loucura pessoal, como a "Divina Providência": ué, não é por esse condão celestial que as roupas aparecem na gaveta, as contas são pagas, e por aà vai? Hahahahah!
Ninguém cuida delas, ao menos com a devida justiça. PolÃticas voltadas à s mulheres são tÃmidas, a violência contra elas é tenebrosa, somos machistas por natureza e com um teor misógino aberrante crescendo graças à s ideologias extremistas. Esse paÃs fracassa estrondosamente (também) nesse quesito, e negar isso é ser cego ou então ser um macho hétero top: vocês sabem, aqueles sÃmios com rarÃssimas sinapses cerebrais além das necessárias para atender ao chamado da natureza ou rosnar.
Pô, caro Alex, 'tadinhos dos sÃmios! Boto a maior fé que, dentro do que lhes é dado fazer com seus bons neurônios e uma programação filogenética, são muito melhores do que nós no quesito dos cuidados... Hahahahah!
Adorei, é muito saudável ler uma colocação dessas.
Não sei se seu pai cuidou de você, mas , eu cuido dis neus filhos! É errado ter por metrica a sua situação!
José, prezado, ao ouvir crÃticas como essa, certamente a carapuça não cabe em todos os exemplares do gênero. É bastante bom que a gente saiba o que é que não cabe na nossa cabeça e possamos refletir e ecoar as preocupações que façam sentido. Afinal de contas, sempre acabamos sendo exemplo ou norte para um ou outro.
Pai cuida, mas não abdica de nada pelo cuidado, nem das noites de sono.
Esta é uma questão muito importante, mas a sociedade, em especial muitos homens ignoram seu papel de pai e filho nos cuidados. É preciso além da conscientização de suporte da sociedade como um todo.
Muitas mulheres não reconhecem que, o se responsabilizar por tudo e por todos, a faz abdicar da sua própria vida, dos seus próprios interesses.
Concordo!
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