Blogs Sou Ciência > Cotas e meritocracia: mitos e verdades na educação brasileira Voltar
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há uns cinquenta anos eu li na porta interna de um wc na ufsc - Enquanto v. está aqui meditando, há um japonês estudando para tirar tua vaga .
Quando eu prestei o Vestibular, há quase cinquenta anos, a concorrência para os cursos de engenharia na ufsc e na ufpr estava acima de dez/um . Agora não chega a cinco/um . O que aconteceu ? Jovem brasileiro só quer saber de ser influenciador digital, construtor de conteúdo, personal não sei o que, olheiro do tráfico .
Eu digo isso sendo de esquerda e sendo aluno da USP que estudou em colégio privado de bairro, colégio barato que meus pais pagaram com muito esforço: a universidade pública é um dos melhores instrumentos para mobilidade e transformação social, mas infelizmente ela, assim como outros instrumentos, não chega na classe média (não estou falando das elites) e no povão precarizado, por isso muita gente da classe média e dos extratos muito pobres vota na direita, a esquerda não está chegando neles!
Eu sou a favor das cotas. Mas há sim questões: muito ingressante por cota estudou em Etec ou colégio federal - escolas que têm um filtro - e boa parte dos alunos de escola particular no Brasil não é dos colégios de elite, mas dos colégios de bairro nas periferias ou no campo. Os alunos das comunidades, de colégio estadual noturno, esses nem sabem que existe universidade. Acredito que por isso a classe média e os pobres ficaram contra a esquerda: sentem que não são atendidos por ela.
Como ex-estudante de universidade federal posso afirmar, com a anuência de todos os professores: o nÃvel das universidades baixou alarmantemente. Cota e chatGPT, porque ninguém sabe escrever, só ver tiktok.
concordo e assino embaixo
Excelente texto. Claro e objetivo!!!
O inÃcio mostra como o critério das cotas é antes de tudo social. Por que não se restringir a isso? Se pretos e pardos tem uma sub-cota porque não os paraÃbas? Todo mundo conhece o tipo dos severinos garçons e porteiros de prédio, de pele clara e rosto e sotaque nordestinos. Cadê a sub-cota para eles?
A racialização das relações sociais não está restrita ao acesso ás Universidades, ela alcança o emprego público, cumpre sua função básica, dividir a classe trabalhadora e enfraquece-la, por isso foi promovida e patrocinada pela Fundação Ford e similares. O acesso levando em conta ser egresso da escola pública e pobre, é o mais justo, a racialização é uma armadilha no longo prazo, vamos pagar o preço pela demagogia !
Caro César, o bom debate é bem vindo! Infelizmente o domÃnio de classe impõe seus limites à ele, por outro lado o que diferencia os liberais dos pós modernos nesse caso, é a forma de inserção sistêmica, se individual ou corporativa, ambas estão submetidas à lógica da reprodução do capital!
Interessante ver essa disputa intelectual entre os marxistas e os pós-modernos. Na minha opinião os dois estão equivocados e a saÃda liberal me parece a melhor.
Outra questão que precisa ser levantada, a racialização não tem por objetivo acabar com o racismo, ao contrário, seus arautos se beneficiam politicamente do mesmo, serve de trampolim para ascensão de poucos, esses que vão se somar junto à classe dominante que busca extrair o excedente da força de trabalho, essa, de todas as matizes !
Não preciso "voltar" meu caro, meu farol é a História, o disfarce pós moderno não me convence, muito menos o "racismo estrutural", importado e requentado, o que baliza as relações no capitalismo é a exploração de classe, inserção privilegiada no sistema não arranha suas mazelas!
Volte uma casa e leia tudo novamente!
Truco!
As cotas vieram para democratizar e corrigir erros históricos .Um aluno cotista se dedica mais ,pois dá valor à conquista.
Você está correto, em tese, mas pondere as generalizações. Eu oriento universitários de Iniciação CientÃfica e pós graduandos, em uma grande instituição de pesquisa. O que venho testemunhando é um afrouxamento dos requisitos na seleção de candidatos à pós-graduação e também um afrouxamento dos critérios de qualificação e avaliação dos pós-graduandos. Para onde estamos indo? Sou ideologicamente de esquerda, mas questiono alguns processos. Por exemplo, a "perpetuação" das cotas, extendidas ad aete
As cotas não são suficientes, isso já vimos. Porque aumentou a quantidade de gente com nÃvel superior mas os salários não. Interessante que todo mundo que é contra cota é teoricamente a favor de melhorar o ensino público, mas vota em candidatos de direita que são liberais e cujo foco não é melhorar a educação. Só falam em educação para vir com o papinho besta de escola sem partido.
Não sei se se dedicam mais ou não, mas a tal meritocracia é uma doença de que sofre a maioria da classe média ressentida. Rico não se importa com cota, o filho vai estudar fora ou nas faculdades privadas, porque isso não vai fazer nenhuma diferença no seu futuro. Mas perder a vaga na universidade pública para o filho da diarista (se esse for esforçado, pq não é só passar na frente) é uma dor que os queridos não conseguem suportar.
Pelo “critério” das “autoras”, minha coleguinha de classe tem muito mais “mérito” do que eu. Eu tirei nota nove na prova de matemática e ela tirou nota seis. Mas ela tem muito mais “mérito” que eu porque eu moro bem perto da escola e vou a pé e ela pega quatro conduções para ir à escola. Meu pai está desempregado e temos a mesma ascendência.
Entendo seu argumento e compreendo seu desabafo. Não entende nem compreende quem aqui se achou no direito de te esculachar, que os filhos da classe média trabalhadora que se sacrificou para pagar uma escola privada não são filhinhos de pais abastados. E, sim, é muito justo o seu desabafo. P.S.: Sou de esquerda e progressista.
Não seja simplista. Tenho certeza que se raciocinar vai conseguir fazer uma análise mais profunda do assunto. Mas, de fato, se a sua amiguinha tirou nota seis tendo que pegar quatro conduções para chegar a escola e continua lá, não abandonou a escola, sim, minha cara, o seis dela vale mais do que a sua qualquer nota. Mas em termos de cota, isso só fará diferença se você estuda em escola privada e ela não.
Carlos André, a prova contundente está indicada no próprio texto, é só acessar e pesquisar.
Raciocinando sobre exemplos pode-se provar qualquer coisa!
Selecionar trechos da coluna para tentar fundamentar um argumento simplista não desmoraliza o texto dela. E casos individuais não podem ser utilizados para definir uma polÃtica pública.
Falou tudo, essa questão toda aà é varrer o problema pra debaixo do tapete, o buraco é bem mais embaixo, o texto não mostra prova contundente que o cotista tem desempenho igual ao não cotista, se não serve para o nÃvel de uma universidade não deve estar lá, que a sociedade resolva o problema de outra forma não forçando a barra desse jeito
Depende. Isso só se você estudar em escola particular e ela em escola pública, como disseram os autores. É o caso?
Não duvido de nada do que afirmaram os autores. Mas sigo sem compreender a “perpetuação das cotas”. ConcluÃdo o ensino superior, os cotistas seguem precisando de cotas para ingressar na pós-graduação, nas residências médicas e para serem aprovados em concursos públicos. Por quê? Um bacharel em Direito que seja cotista será aprovado no concurso unificado da magistratura se fizer 50% dos pontos. O não-cotista terá de fazer no mÃnimo 70%. Por que essa perpetuação das cotas?
Cotas***
É impossÃvel generalizar uma expansão universal da educação ou saúde públicas no contexto do capitalismo na etapa neoliberal. A maior parcela da receita tributária está sendo apropriada na esfera financeira, abocanham metade do orçamento do Estado. As contas são um paliativo com apoio da classe dominante, são mais baratas e dividem os explorados!
Os critérios para essas são os mesmos elencados neste texto?
Concordo parcialmente com os argumentos da autora e integralmente com a ressalva feita pelo leitor Carlos Victor. É injusto e incoerente que os egressos cotistas de universidades públicas tenham vagas reservadas na pós-graduação, residência médica e veterinária e concursos públicos. Essa lei claramente contradiz o argumento do bom desempenho dos universitários cotistas. E, sim, contribui para a mediocridade do sistema como um todo.
Eu tenho uma opinião diferente sobre este assunto, porém considerando o tema, entendo que posso ser processado por crime de opinião. Vocês também.
Como vocês podem ver até mesmo os pensamentos não declarados já estão sendo alvo de censura kkkkk
Na verdade você não tem opinião nenhuma, pois não deve nem ter lido o texto.
Cotas são essencialmente injustas porque, para cada cotista que entra, há um não cotista que tirou nota maior e ficou de fora. Também são inconstitucionais: tratar pessoas de forma diferente conforme a cor da pele(notas de corte diferentes) é a própria definição de discriminação racial. Não à toa, recentemente a Suprema Corte americana proibiu critérios raciais na seleção de ingresso na universidade por considerar que isso constitui discriminação racial.
A nota 6 cotista é igual à nota 8 não cotista, oh puxa, questão social, foi dificÃlimo o 6 pro cotista e o 8 pro não cotista foi fácil, ou dificÃlimo, ou melhor, um dificÃlimo mais fácil. A questão é , quem tem mais preparo técnico pra cursar uma universidade de ponta, o 6 ou o 8?
Dá uma lidinha rápida, breve, de leeeeve na matéria. Depois cê volta aqui.
O texto é muito claro ao explicar que o fundamento primordial das cotas é social e não racial, portanto não faz sentido seu argumento sobre inconstitucionalidade. Depois, me impressiona bastante como que alguém não consegue extrapolar a questão da pontuação alcançada, no sentido de compreender que, os não cotistas alcançam notas superiores por conta de todo um histórico social no qual tiveram mais condições de se prepararem.
Excelentes comentários. Acrescento que, se o desempenho acadêmico dos cotistas fosse realmente tão bom como costuma ser divulgado, não haveria necessidade de exigência de cotas na pós-graduação e em concursos públicos de nÃvel superior; se estas seguem sendo reivindicadas, parece que o desempenho acadêmico é pior do que tentam nos fazer crer.
Numa democracia multirracial, todos devem ter o mesmo tratamento, sem privilégios para alguns e discriminação contra outros. Se os cotistas tem bom desempenho acadêmico, tanto melhor. Podem demostrar essa capacidade concorrendo no vestibular em igualdade de condições com os demais, sem privilégios injustificados.
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