Muniz Sodre > Um buraco à espreita da América Voltar
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Existe uma crença ingênua de que possa haver uma nação ideal na qual toda humanidade possa se espelhar e encontrar a solução do mal estar da civilização. Mas a utopia de Morus significa "não lugar", "lugar nenhum", isto é, inexiste por definição. Não há nação ou cultura que possa escapar às limitações da natureza humana
Na tentativa de decifrar a aparente contradição dos EUA, me dei conta há tempos que as virtudes e vÃcios de uma nação/cultura são apenas as duas faces de uma mesma moeda. Da mesma raiz de onde advém os ideais de um povo geralmente brotam seus pontos fracos. Do puritanismo surge tanto um senso de justiça inclusiva quanto a crença na excepcionalidade moral intolerante, do individualismo um senso profundo de direitos e liberdades assim como a ganância extrema e do cada um por si...
Tenho uma revista de quadrinhos do Robert Crumb, com a direita escancarada assumindo o poder nos EUA com um golpe militar. O cartunista não contava que chegaria pelo voto.
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Leio os seus textos sempre com atenção e interesse. Sempre fundo nas suas análises. Gostei da relação do furo lógico do teorema de Gödel com a democracia americana, proclamada no modelo fundacional da constituição americana em 1871. Há tempos já não se segura nas pernas. É só observar a falta de equilÃbrio do tropego Biden e o sangue nos olhos do Trump. O furo da democracia americana equipara-se à cratera que o tatuzão costuma abrir na construção do metrô em São Paulo. Tudo lá é espetaculoso.
Eita, sêo Muniz, parece que de Gödel pra Goebbels, foi um pulinho: a patota sórdida do trump encontrou, na tecnologia das redes digitais interpessoais, a fórmula do embuste coletivo. De tanto marretar - embora haja sutilezas, admito - pós-verdades bizarras e alucinogênicas, o peçoau pulou no buburacoo Gödel - haverá de ser um túnel que leve ao despenhadeiro da Terra Plana. Bom pra turma da cobertura, cujos gordos cheques e excelentes balanços corporativos ficarão ainda melhores. E nóis, sifú.
666=0
Professor, desconfio que a expressão "brain rot" é sinônima de ''yellow shirt''.
Zé, cuidado pra não ser assombrado pelo fantasma da Aracy de Almeida e do Ary Barroso: cara, "Camisa Amarela", um hino ao aproveitamento amoroso do carnaval, virar o emblema que virou... Alguém terá de pagar por isso, torço que não seja você, um crÃtico da coisa.
O bueiro da desumanidade estar sendo aberto!
O Trump é uma pessoa que não vai querer perder seu patrimônio nem dos seus herdeiros logo vai fazer um jeito dos seus se darem bem!
Putzz!!! Que artigo!!! Resume com erudição, simplicidade e clareza o risco do caldo entornar nos EUA e espalhar a meleira pelo resto do mundo.
Excelente crÃtica ao status dos EUA, mas não dá para ler sem pensar num sistema muitÃssimo pior que assola o nosso paÃs, com 3 poderes muito gordos, cada um buscando seus privilégios e poder, gastando a rodo, sem se balizar sequer no equilÃbrio da economia ,com uma constituição cheia de buracos e impunidade oara os poderosos. Vale uma segunda edição deste texto com gosto mais local...
Boa tarde Professor Muniz Sodré. É um imenso prazer esperar e ler seu próximo artigo. Cada vez melhor, mais lúcido e objetivo. Parabéns, parabéns, parabéns e obrigado.
Infelizmente, mais de setenta milhôes de eleitores ingoraram a verdade sobre Trump e o elegeram a um segundo mandato. Escolheram acreditar na desinformaçåo; escolheram ser complacentes com uma Supreme Court tendenciosa; escolheram mal. Moro nos EUA há 41 anos; concordo com o autor deste excelente artigo que há um buraco à espreita desta frágil democracia que temos aqui.
PApO RUIM HEIN... TODA VEZ QUE A ESQUERDA PERDE A DEMOCRACIA ESTà EM RISCO???? Deixe a militância de lado e seja lógico, Trump ja governou, esqueceu? E o mundo era muito melhor na administração dele.
Dois deslizes dos Founding Fathers foram não ter incluÃdo o voto feminino e a abolição da escravatura. Gödel, com a incompletude, mostrou que devemos abraçar o falibilismo e fugir das certezas absolutas.
De quebra, meu caro Vito, "abraçar o falibilismo e fugir das certezas absolutas" é um conselho excepcionalmente bom e rigoroso pra quem quiser fazer ciência; com alguns pequenos limites, para não virar paranóia, também ajudam bastante os bÃpedes a viverem direitinho seu cotidiano.
Quem se interessar pelo processo de destruição da democracia americana e do capitalismo consciente, sugiro leitura de "The Price of Civilization" , do prof. Jeffrey Sachs, que explica como os dois partidos há muito deixaram de servir ao povo americano, tornando-se presas de grupos de interesses. As elites burras dão tiros nos próprios pés. Sugiro "Hitler e o Nazismo - Começo, Meio e Fim", e também "Churchill em Guerra", ambos na Netflix; explicam como a segunda guerra formou o mundo de hoje.
Grupos identitário e forte onda migratória. Ou seja quem não ajudou a construir o pais, que não lutou em nenhuma grande war, começou a querer mandar. Aà o colunista emenda dizendo que quem era contra eram os paranoicos cristãos brancos..... Jornalismo woke esse e ainda se perguntam como estão perdendo lugar no mundo atual. Faça jornalismo e não militância politica e terá respeito de todos sr. colunista.
Dito isso, você espera algum respeito?
Mmmmmm... Se olhar ao redor, prezado, constatará que "todos" tem grande respeito pelos miolos do articulista. Ao que parece, "todos" divergem de vossa bozofilia.
Isso escrito por um cara de nome Giovanni. Autêntico wasp, chegaram no mayflower. Per Bacco!
Os escravos negros não ajudaram a construir os EUA? Os netos de escravos não lutaram na 1a ou na 2a guerra? Os imigrantes não trabalharam nas indústrias, construção de pontes, prédios, estradas? Essas "verdades" históricas eu não sabia.
Os furos são vários, respeitar os Estados quando eles produziram leis de segregação facial, só acabaram formalmente por intervenção do poder central após mobilizações. A questão de formar milÃcias cujo objetivo original não existe mais, era proteger a independência. E por fim a tolerância com os que ameaçam a democracia, liberais da suprema corte foram contra processar Trump pela invasão do capitólio. O cenário do filme guerra civil não é impossÃvel se os brucutus quiserem impor a brutalidade.
Muito bom artigo, eu não sabia deste "buraco de Gödel". No entanto, acredito que esta democracia que se acredita a mais perfeita da História não começou a se arrumar nos anos sessenta, pois sempre teve um furo, aliás, um rombo, o escravismo, rapidamente mencionado no texto. Depois, "piorou" com o racismo institucionalizado que até hoje produz absurdos intoleráveis. Decididamente, os EUA estão longe de ser o grande exemplo para o mundo que apregoam.
Gigi. Na história das civilizações não há exemplos definidos a serem seguidos. Entre êxitos e fecassos, podemos ter aprendizados de como evitar êrros, mas, infelizmente, tendemos a repeti-los e, com agravantes, que podem resultar em tragédias.
Quem seria o exemplo? O Brasil, a China?
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