O Brasil é um dos países com mais registros de erros médicos no mundo, embora condutas médicas antiéticas sejam mais comuns do que imaginamos. Só em 2024, foram registrados, em média, 203 processos por erro médico/dia. Os processos ético-profissionais cresceram bastante nos últimos 4 anos, antes eram entre 300 e 600 por ano. Diante disso, será que a robótica e a IA poderiam mudar esse cenário? Menos erros médicos e práticas antiéticas? Melhor atendimento dos pacientes?

Como profissional de computação, tenho estudado a IA, aí topei com a tal da "Empatia artificial" ou "Empatia robótica. É uma IA que pode detectar/responder às emoções humanas, aplicável numa variedade de aplicações, como assist. médica e atend. de pacientes, podendo ser programada para reconhecer sinais emocionais em voz, texto, expressões faciais e gestos, capaz de responder com frases e respostas empáticas. Mas não tem a espontaneidade e a profundidade das respostas emocionais humanas.

Certa vez, numa conversa entre meditadores, fui criticado por comparar a mente humana a um computador: "Por que esse reducionismo humano ao treco cibernético?". Justifiquei, alegando que a complexidade da mente humana é tamanha que precisamos recorrer a algum reducionismo. Daí me dei conta das diferentes metáforas sobre o corpo humano que foram usadas no passado e atualmente: barro, carne, máquina, objeto, organismo, produto, sistema etc.

Aproveito para comunicar que Já passei pela situação insólita de ser atendido por uma falso médico. Foi com um dermatologista do plano de saúde, que embora tenha me atendido de forma amistosa e interessada, sequer examinou a minha pele com um dermatoscópio. Enquanto tentava driblar as minhas perguntas sobre fungos, ele acabou prescrevendo um creme que não era fungicida. Saí muito desconfiado, achando que tinha perdido meu tempo.

Em Ruído, o psicólogo vencedor do Nobel de Economia Daniel Kahneman alerta para os estragos que ruídos/vieses causam, gerando erros sistemáticos nas decisões de diferentes categorias profissionais, que podem ter impacto duradouro/permanente na vida das pessoas. Na obra, Kahneman cita que numa mesma cidade, 2 médicos podem chegar a diagnósticos divergentes para pacientes idênticos, influenciados pelo fato de ser de manhã/tarde, se é segunda-feira e não quarta-feira, ou porque ainda não almoçaram.

Tratamento humanizado não é uma questão de ser "gente boa", mas um pré-requisito para que o paciente siga as recomendações médicas. A capacidade de diálogo e de estabelecer uma relação de confiança se tornou imprescindível porque há muitas prescrições médicas que representam mudanças na vida, principalmente na esfera comportamental (deixar de fumar ou fazer dieta, por exemplo).

A pandemia da COVID trouxe à tona fragilidades preexistentes na saúde pública-privada, evidenciando uma crescente mercantilização do cuidado médico, bem como uma notória desumanização do atendimento. Capturada por interesses empresariais, a prática da medicina tem se distanciado do lado humano da relação médico-paciente, processo que se origina na formação universitária, se perpetua ao longo da carreira profissional e exacerba o aspecto técnico da relação.

Por essas e outras: Viva o SUS!

A insensibilidade no trato com as pessoas é sintoma de uma sociedade alimentada pelo individualismo,concorrência e performatividade. Essa é a principal doença a ser combatida.

O problema com carros antigos não é apenas o motor, mas o carburador. É preciso continuar carburando sempre, colegas.

Costumo dizer que os melhores médicos estão no SUS. Nos planos de saúde o que conta é quanto você paga E, nos casos mais graves, você vai parar no sistema público porque o privado não atende bem.

Ao contrário de um carro, um organismo se regenera: produz novas células, reequilibra produção de hormônios, pode melhorar a microbiota e outros. Os melhores "mecânicos" consideram o estilo de vida e acompanham o básico do metabolismo e psiquismo.

"Às vezes não sentimos solidão em função da vida que levamos, mas nos sentimos sós, mesmo tendo outras pessoas por perto. É muito bom ter alguém do lado, que muitas vezes não diz nada, mas que sabe nos ouvir. E a consequência disso é uma paz de espírito, que muitos não sabem, mas que vale ouro." (Goiano). Parabéns Goldenberg!

Como tudo é multidisciplinar, perguntei aos meus botões se a referida ansiedade não mereceria um acompanhamento via psicoterapia...

O que você disse é parcialmente correto, ir na UBS poderia ter resolvido seu problema inicialmente porque o SUS na rede básica têm bons médicos geralmente. A mesma regra para UPA e Pronto-socorro.

Prezada autora, desejo-lhe sinceras melhoras. Fico na torcida que supere a expectativa de vida de seus pais e irmão. Em relação aos brasileiros (as), eles não sobrevivem, apenas alimentam as estatísticas do descaso com a saúde pública, apesar de existirem méritos notáveis em algumas áreas (como na vacinação, tratamentos avançados para alguns tipos de câncer, etc). Saudações.

Se fosse logo de início em uma UBS ou UPA, poderia ser melhor atendida que pelo otorrino do convênio. Muita gente aqui que não usa o SUS só sabe falar mal do maior sistema de atendimento de saúde público e gratuito do planeta. Pois eu tenho convênio mas já fui também muito bem atendido no nosso glorioso e injustiçado SUS!

Parece que a cada dia piora um pouco mais. A falta de paciência em ouvir o paciente e, principalmente, a incapacidade de lidar com um ser humano que está sofrendo. É desanimador!

Infelizmente não sobrevivem. Digo por experiência em minha própria família. Meu pai ficou 16 dias numa UPA esperando uma remoção que nunca chegou. É assim.

Tudo isso muito triste e lamentável .

Em buracoville-Sc temos agora uma meia dúzia de faculdades de medicina e nenhum hospital Universitário .

Eclesiastes, capitulo três explica .

Causa espanto que uma pessoa que é professora de antropologia de uma universidade pública, faça uma desqualificação pública do Sistema Único de Saúde e declare que a atuação dos médicos está ligada à remuneração financeira, ou por vínculos de amizade. É uma total falta de respeito com o povo brasileiro que se trata no SUS e um rebaixamento da qualidade ética e profissional da classe médica. Creio que cabe ao CFM um questionamento em relação à postura da autora.

Não esqueço esta frase de um catedrático de medicina interna que desafiando a matemática afirmava que quem tem um médico tem um médico quem tem dois tem meio e quem tem três tem nenhum!

1) Milhares de "médicos" sem qualquer preparo despejados anualmente no mercado por "faculdades" de uma Uniesquina qualquer. 2) Jovens "médicos" de uma geração egocêntrica mais preocupada com qualidade de vida (deles) e se divertir do que se aprimorar profissionalmente e se dedicar ao paciente.

E o trabalho que dá fazer musculação e aeróbico (fazendo pra valer, nada de meia boca sê auto-mentindo)? e estou falando fazer isso já a uns 15 anos no mínimo? Se saiu acabada porque foi comparada com um carro velho vou te aliviar com uma coisa os pobres que não tem como pagar médicos e hospitais bons só sofrem por isso e não por ser chamados de carro velho, pelo menos uma coisa a menos na carga de stress que deixa vc agitada

Por aqui, a atenção aos detalhes nunca foi, ou será, uma atitude muito apreciada. Muito ao contrário! Além disso, nossas universidades e faculdades despejam no mercado uma quantidade imensa de médicos meia-boca, só comparável a dos advogados. Por isso, topar com um incompetente não é exceção, é regra. Sorte que você descobriu a tempo.

A generalização contida no título é infeliz e injusta, talvez reflexo da alta ansiedade que a autora diz estar acometida. A medicina é muito complexa como é o nosso corpo. Para um mesmo sintoma podem existir várias causas que até mesmo os grandes especialistas podem não identificar qual é, mesmo com todo o arsenal de exames existentes. Após anos consultando os manuais básicos de medicina e o Google, aprendi que precisamos ter mais humildade diante dessa a ciência, a mais complexa que existe.

A comparação do organismo humano com um carro velho é grosseira. O mesmo a frase de que na velhice tudo piora. A idade ou a velhice, se se quer, é uma fase da vida, com suas particularidades; requer cuidados específicos e atenção a certos fatores, assim como a infância e a a juventude, por exemplo, que também apresentam suas especificidades. Quem chega a velho tem mesmo muita sorte e não um problema.

Em Rei Lear (Schakespiare) o Bobo da Corte diz para o Rei, depois que ele resolve dividir, em vida, seu Reino com as três filha:"Tu não devias ter ficado velho antes de ter ficado sábio" A velhice exige sabedoria!

Deus me livre dos médicos que da doença cuido eu .

De fato é assustador a quantidade de profissionais que encontramos ao longo da vida que demonstram pouco preparo para o exercício da profissão.

Vou comentar de novo. 1. Primeiro médico certo pq tem que fazer exame eegula com nossa idade. 2. Segunda médica certa, até pq refluxo é causa de pneumonia de repetição. A Clínica era tosse inicialmente. Terceiro e quarto médicos fizeram o que o médico 1 orientou. Resumo: faça como eu, vá no geriatra e não em especialistas e não se sueca se fazer a densitometria ossea

Tá na hora de tratar a cabeça sra. Sugiro que viva a vida somente.

E agora Mirian tem o problema da ética. Lembra aquela aluna que gastou um milhão da grana da formatura da turma? Pois se formou em medicina e conseguiu o CRM, estando apta para exercer a profissão. Com certeza será daquelas que vai chegar para o anestesista e dizer: -"Doutor, precisamos operar esse paciente urgente." -O que é que ele tem? -"Dinheiro"!

Alguns médicos devem usar essas metáforas de carros e mecânicos para serem melhor entendidos pelos seus pacientes/clientes, já que alto nível de instrução é a exceção, não a regra.

Diminua a tintura dos cabelos. Na sua idade pode ser um fator alérgico que pode atacar os pulmões.

No SUS, muitas vezes, será melhor atendida do que nessas lojas que chamam de hospital. Plano não quer pagar o médico, que exige muito mais. Um finge que trabalha e o outro finge que paga. No SUS, a consciência é maior.

Para a maioria dos médicos o juramento de Hipócrates, na formatura, não passa de balela. Viajei uma vez com um médico que só pensava em como se dar bem financeiramente na vida, e um outro também que conheci, mercenário. A classe médica é uma das mais corporativistas que tem. Viajei também uma vez com uma turma de formandos de medicina, ouvi horrores, chacotas, dos atendimentos. Claro, não vamos esquecer aqui da minoria, dos que assumem com moral e ética a profissão que abraçaram.

Mas de onde vem essa "regra" de que só porque se paga plano de saúde se tem acesso a melhores médicos do que no SUS. O problema do SUS é principalmente no acesso à consultas com especialistas, exames e cirurgias complexas. Mas a qualidade dos profissionais, penso eu, que não tendem a ser pior, desconfio até ser o contrário. Tenho a impressão de que para boa parte dos médicos, a carreira virou mais "business" do que propósito de cuidar das pessoas.

É isso ai! Muitos medicos ja partem que o problema está na "Rebimboca da parafuseta". Te enchem de remedios e dão um papelzinho com os endereços das clinicas dos amigos para os exames. Moro numa cidade de 120k habitantes, com varias faculdades de medicina próximas . A quantidade de remédios que eles pedem é algo absurdo: Tanto é que SÓ as redes Drogal e Raia , juntas, tem mais de 15 farmácias na cidade. Pergunto: o povo tá mais doente ou os médicos estão receitando demais?

Mirian, ótimo texto - gosto mto do seu estilo de escrever. Vc infelizmente não teve mta sorte c/esses médicos que a atendeu. Como receitar um remédio pra refluxo sem pedir uma endoscopia ou pelo ao menos um exame de sangue e ainda tomar o medicamento por 60 dias? E o cardiologista foi mto antiético e desrespeitoso ao comparar o funcionamento do corpo a um carro velho. Ainda bem que vc encontrou outros bons profissionais que a ajudou a resolver os seus problemas de saúde.

seria isso o efeito de mais médicos cubanos?

Concordo plenamente. A classe médica é, em geral, composta por vi ga ris tas. Quando estamos num consultório fechados com um médico, eles estão numa posição de poder que eles aproveitam para fazer o que querem. Médicos são formados por membros da classe alta que nunca aprenderam a ter empatia. Fizeram medicina porque já vem de família de médico e são forçados, gostem ou não. Os que realmente têm vocação não conseguem pagar a mensalidade porque possuem baixo poder econômico.

Como engenheiro, analisava semanalmente com outros colegas falhas ocorridas no processo de produção da fábrica onde trabalhava. As incertezas eram quase sempre grandes e os diagnósticos e ações corretivas muitas vezes tentativos. Talvez por isso tenha um ceticismo pelos diagnósticos e receitas dos médicos. Eles fazem o que podem com as informações existentes, mas o corpo humano é muito complicado.

Sou médica, 60+. Vamos lá: o primeiro médico estava correto, temos que fazer exames regularmente ( termos como senescencia renal pir exemplo é uma realidade). A segunda médica pode estar certa: refluxo é uma causa de pneumonia, pir aspiração. O terceiro é quarto médico, fizeram o que o primeiro sugeriu: EXAMES. Infelizmente é isso aí. E tem a densitometria que tem que estar em dia tbm!!! Faltou talvez uma melhor comunicação e empatia. Cara cronista, faça como eu: consulte um geriatra

Resposta a sua pergunta final: nao sobrevivem.

Viver é perigoso, envelhecer ... fatal.

O que mais tem no Brasil são médicos que se formaram exclusivamente pela remuneração garantida à profissão, e não por se importar com vidas.

A questão, para além do bom ou do mal médico, é uma medicina que tenha uma visão mais ampla e holística da saude e da vida. O "mau" médico nao estava errado sobre o refluxo, pelo que entendi, mas apenas nao percebeu que havia outra causa importante além da primeira. Seu erro foi a redução do problema a uma causa simples.