Há uns meses, aqui na Folha, pitaquei sobre um preço. Fui comprar lâmpada led e igual à época hiperinflacionária,dois preços: dezesseis e pouco em dinheiro e dezesseis e muito em cartão de crédito. Por que não coloquei o número correto? Porque não quis dar trabalho para o moderador. Dezesseis e pouco: dezesseis reais e dezoito centavos;muito dezesseis reais e oitenta e oito centavos.

Falando em clichês, a Folha virou uma casa de ferreiro onde nem espeto de pau existe. O português – a língua, não o cidadão nascido na terrinha – é torturado diariamente em textos constrangedoramente mal escritos. Revisores? Diz uma lenda que já houve alguns, tempos atrás. Não se sabe de seus paradeiros.

Xiiiiii, Ruy, esse negócio dos nossos próprios ouvidos, d'alma ou da'zoreia, tá totalmente passado. Um dia desses, depois de uns tempos sem abrir o word, fui surpreendido por ícones novos e a sugestão de que ali havia, disponibilíssima, uma "inteligência" pronta pra me servir. Pena é que ela queria escrever por mim, e isso eu não desejava - bem ou mal, ainda sei fazê-lo. Queria dados; depois de umas 2horas conversando com um "moleque da jovem pan" bem educadinho, desisti. Fico com minha burrrice

Conheço um texto perfeito, do qual só tiro prazer. É o texto do Ruy Castro.

muito bom. bem. bem! :-)

Adorei. Toda vida percebi isso, e a coisa só piora. Faculdades fracas, quando se têm. Perfeitooooo

Sobre escrever: difícil é ser simples. Por isso reescrever tanto até que lhe tirem o papel e a caneta da mão. Enquanto você reler, você reescreverá. Comigo é mais ou menos assim.

Exatamente, Ruy. Uma professora de português na faculdade de letras foi a primeira pessoa a me dizer isso. É a tal eufonia, não? E você escreve muito bem,como certamente sabe.

Caro Ruy,você escreve bem ou reescreve bem?

A referência a clichê em jornalismo tem relação com a placa metálica que servia como matriz para multiplicar a impressão de imagem e texto. Assim, a ideia de repetição automática foi apropriada em expressões padronizadas: cenário de guerra, reviravolta inesperada, olho do furacão, promessa de campanha, fazer história. Mas precisamos ¨virar a página¨...

Escrever bem é ser objetivo e conhecer a gramática. O Ruy escreve muito bem.

Quando criança perguntei à professora porque um texto dizia que D. Pedro II reinara por quase 50 anos e não simplesmente 49 anos. Ela deve ter falado algo sobre os números redondos. Mas concordo que "pouco menos que 50 anos" é ainda pior que "quase 50".

Na hora de falar somos piores. Sobretudo quando falamos.

Concordo Ruy e por sorte você não é advogado