Minha esposa é cuidadora e a patroa atual é racista e demente... Além de tudo ainda tem que suportar humilhação. Mas é uma pessoa forte e capaz de superar tudo para bem cuidar. Nada fácil hein?

O Brasil tem um problema extra agravando essa questão dos cuidados a quem necessita: chama-se "estado voraz". Não existe espaço para a poupança das famílias para prover de forma adequada essas necessidades.

Não apenas essas pessoas não têm cuidados, como se espera que façam as vezes de pai, mãe, filho, tutor etc sem que tenham preparo e remuneração adequados. A "família" de fato apenas entrega a guarda da criança e do idoso e terceiriza o que seria seu papel, na prática.

Debate necessário

Além dos cuidadores profissionais, algum apoio deveria ser dado aos filhos e familiares que cuidam de parentes idosos. Um trabalho silencioso, invisível, não remunerado e raramente reconhecido. Essas pessoas, que levam a sério o mandamento bíblico de honrar pai e mãe, deveriam ter mais apoio e reconhecimento da sociedade.

É um bálsamo saber que em pleno terceiro milênio o cuidado de pessoas vulneráveis começa a ganhar visibilidade. Como extensão da vida doméstica, o cuidado na sociedade é essencialmente feminino e nessa condição é considerado natural e virtualmente invisível. Só quem viveu uma experiência de cuidado - de um idoso, uma pessoa com deficiência, um doente acamado - sabe a extensão desse compromisso. É uma experiência feminina, solitária, invisível, cara e privada. Cuidado ainda não é um direito.

Quiçá fossem somente esses os habitantes..., ou se quer o "bem de todos" ou são somente palavras sociais para fomentar diferenças. Melhor a classe eleger um "Cuidador", ao invés de tradicionais Políticos! Um Sapateiro, um engraxate, um médico, um coletor de resíduos, etc, ai cada qual luta pela sua classe profissional!

Ótima entrevista.

"Cuidadar dos cuidadores". Frase de efeito das mais pobres com que já me deparei.

Política do respiro - maravilhoso. E não são só crianças e idosos que precisam ser cuidados. As pessoas descapacitadas que a professora menciona também são jovens e adultos, com muitos tipos de limitação. Não apenas pessoas com deficiência física ou autismo, por exemplo. O olhar estatal e as iniciativas parlamentares precisam contemplar a deficiência psicossocial, que se não recebe essa atenção acaba por sobrecarregar a sociedade, com abandono e perda de laços familiares.

É da maior importância esse estudo e a proposta de cuidar de quem cuida. Estou cuidando da minha mãe há anos e embora tenha cuidadora alguns dias e períodos, me sinto exausta com a demanda crescente devido a uma doença DPOC, enfisema pulmonar e depressão que só se agravam com o tempo e atualmente se encontra acamada mas não tem demência ou alzheimer que seria muito pior. Não conhecia o SUAS, vou indicar pois conheço famílias onde a mãe já idosa é a única cuidadora do filho deficiente.

Muito muito muito importante cuidar de quem cuida!! Os familiares que zelam por outros familiares ainda por cima são quem mais paga imposto no país, e estamos ao Deus-dará!! Eu mesma estou pressionada entre pais muito idosos e filhos com necessidades especiais. Minha impressão é de que a realidade me engoliu, numa idade em que imaginei que estaria começando a desfrutar da vida

Senhoras, que prosa excelente! Até a Jornalista tem sobrenome qualificadíssimo em cuidados! (Boldrini é referência em câncer infantil) A Dona Nadya, esclarecidissima, bota as cartas na mesa de modo límpido. Aliás, essa crise explica porque o pessoal que cuidava de meu pai tanto lutava pra trabalhar em casa: eram cuidad@s - claro, a gente sabia disso à época, não era segredo, virou motivo de piada na empresa de cuidados. Mas não costumam ser cuidadas, tratadas como indestrutíveis. Ora...