Pierre Bourdieu chamaria isso de violência simbólica: uma dominação que se apresenta como bom senso enquanto reproduz os mesmos privilégios. E Amartya Sen lembraria que liberdade real não é apenas ausência de grilhões estatais, mas a presença material de capacidades - saúde, educação, nutrição - que programas como o Bolsa Família procuram garantir. Quando o empresário acusa o Estado de atrofiar a vontade de trabalhar, ele está, paradoxalmente, pedindo ao mesmo Estado que engorde seus lucros.

Há também uma coreografia discursiva nesse tipo de entrevista: primeiro se culpam os pobres, depois se louva a meritocracia, por fim se exige que o Estado enxugue a própria carne - exceto quando os incentivos fiscais às grande granjas estão em jogo. O liberalismo envernizado que brilha na casca do ovo não suporta ver o subsídio alheio, mas julga natural o crédito mais barato do BNDES quando precisa expandir a produção. A palavra coerência some do cardápio.

Na empiria, o Bolsa Família aparece como complemento de renda que amortece a sazonalidade do mercado de trabalho, não como âncora de ociosidade. A crítica de Faria, portanto, depende de ignorar os números que qualquer estagiário poderia garimpar no Caged ou no Pnad.

Em vez de ouvir o sábio conselho de Adam Smith, o empresário preferiu justificar a própria incompetência alegando que oferece emprego, mas ninguém quer por causa do Bolsa Família. Entretanto, se olharmos a curva do emprego formal entre os mais pobres desde 2023, veremos que o avanço foi justamente maior nesse extrato - contrariando a cantilena do vício no benefício social.

Caríssimo, Benassi, entendo sua reclamação quanto ao lugar de postar respostas a comentários. Antes, eu sempre postava usando o link do próprio comentário para respender. Mas eu percebi que assim a resposta perde visibilidade. Ninguém lê o que respondeu lá atrás, principalmente, como é o caso aqui, se é preciso retroceder várias páginas. O ponto crucial, hoje, nos debates de internet é a visibilidade. O comentário novo sempre fica em cima e aumenta a chance de ser visto. Um grande abraço!

O jornalista quis a todo custos, com dados fantasiosos, ser advogado de defesa deste desgoverno, tapar o sol com peneira. Conseguiu para uns, que são cego igualmente a ele. Como a taxa de emprego cresce, juntamente com o crescimento dos beneficiários do bolsa família? Dados do IBGE/PT são confiáveis? Todos de bom senso, veem que está sim, fomentando um bando de parasitas, basta dar um passadinhas nas periferias da grandes cidades e na zona rural.

O "pseudo-rei do ovo", além de reclamar, foge dos impostos e quer contratar pagando o mínimo para seu funcionário trabalhar catando ovo todos santo dia,porque para a galinha não existe domingo nem feriado. Vá catar abobrinha "seu empresário"!

O empresário paga mal, não consegue contratar porque há os que pagam bem e coloca a culpa em um programa de assitência que deve ter seus problemas , mas não é o principal que atrapalha seus negócios. Olhe para seu umbigo, "rei da ovada"!

As teses do entrevistado o fazem semelhante a outro milionário proprietário de galináceo, o dono de galinha dos ovos de ouro. Se quiser ter ovos de ouro, não se mata a galinha que os produz. Se quiser ter lucros na sua empresa, pague salários decentes aos trabalhadores que produzem sua riqueza. Adam Smith sabia disso.

Lorena, grato pelo gentil comentário. O entrevistado reedita, no melhor estilo Odete Reutman, a velha tese de que programas de transferência de renda criam preguiça e destroem o espírito de iniciativa. Adam Smith, patrono das plumas liberais que nosso entrevistado ostenta, jamais teria levado tal simplificação a sério: no Wealth of Nations ele admoesta que salários de subsistência baixos demais produzem fome de alma e reduzem a produtividade do próprio capital.

Nooofa, que Ibope que deu, xará, caríssimo. Espero que não seja pra esculhambar a análise realista, a qual agradeço. Deploro que mais gente não tenha tal espírito de construir.

É muito importante que uma ala de jornalistas da Folha ainda possa destoar da coloração verde-amarela bozolóide, tarcísica, que vem florescendo entre suas fileiras. Uma resistência contra uma rapaziada adepta do vale tudo sem história e sem memória.

Trata-se de um país com imensos recursos, com uma dimensão territorial invejável, em que 1% da população segue navegando em altíssimos ganhos, lucros, privilégios e benefícios, sob amparo de sucessivos governantes; enquanto a grande maioria não tem acesso à educação de qualidade, alimentação de adequada, saúde, moradia, saneamento básico etc. Como consequência inevitável, será sempre um país que patina no subdesenvolvimento, sem a paz necessária para andar nas ruas.

Se sua empresa não consegue atriar interessados para trabalhar porque seu pacote de remuneração e benefícios é menor do que o BCP e o Bolsa Família, o problema é da sua empresa, não das políticas sociais.

A sede em Luxemburgo, o domicílio fiscal no Uruguai e as galinhas no Brasil? Hummmmm. Aguardemos o desenrolar disso.

Que tal o "empreendedor" (uma produto típico da sociedade neoliberal: vulgar, egocêntrico, mentiroso, mesquinho; uma péssima pessoa, por isso, capacitada a abrir a tramela e vomitar asneiras\0 vender suas porcarias no Uruguai e em Luxemburgo? Não vende porque ganha seu dinheiro sujo aqui.

Não entendi porque a turma da extrema direita ficou tão assanhada com a coluna?! Devem ter achado bom serem chamados de mentirosos, toscos, reacionários e antidemocráticos. Ou são analfabetos funcionais mesmo!

Pois é, a própria turma da Folha reconhecesse a infâmia da pregação ideológica da extrema direita neoliberal, mas continua a dar destaque para eles. De uma tacada só destaca Zema, Rei do Ovo e o nisso Hernandez. Mais Tarcísio impossível.

Eis um jornalista verdadeiramente analítico. Coisa rara nesse Brasil que cultiva o pragmatismo como às na manga. A Folha vai ladeira abaixo. Salva-se graças ao timaço de colunistas.

A esquerdinha burguesa vai ate parar de comer ovo pochê rrsss

Muitos - se não todos - os comentadores em luta com a verdade acham que todo mundo é viciado, como aparentam ser eles, em benefícios governamentais. A lógica é: se a pessoa é bem sucedida, de duas uma: ou nasceu rica, ou recebeu benesses.Errado, pessoal: ainda tem muita gente disposta a conquistar, com esforço próprio, aquilo com que sonha. Não se engane: a preguiça, a falta de iniciativa, a procrastinação e a ausência de metas e objetivos têm como único resultado a pobreza.

Aguardemos a red tchurminha q escreve no domingo

O rei do ovo assanhou a red turminha da redaçao, manes indignadas, com discursinho anos sessenta

Sr. Marcos Augusto Gonçalves, que jornalismo profissional e imparcial! Se eu tivesse lido este texto em um tabloide dos anos 80 ou em um panfleto da UNE, acharia normal; mas em um jornal da envergadura da Folha de S. Paulo... Uau! Critique o empresário à vontade; defenda o seu político à vontade; mas tenha respeito por quem paga para ler este jornal, fazendo um trabalho mais sério. Desculpe!

Se as beneficiárias do bolçafamía se empenhassem em cuidar dos filhos como se empenham em pegar barriga...

Os discípulos do Inelegível não se conformam.

Comunista comunista. Triste torcedor !!

O pessoal de esquerda desqualifica qualquer um que discorde dele. Não se discute que programas sociais como Bolsa-Família sejam fundamentais do ponto de vista humanitário. mas devem ser emergenciais e fazer com que as pessoas SAIM dele, senão vira assistencialismo perpétuo. A lei trabalhista brasileira é defasada e engessada, custa mais do que gera em indenizações, gera insegurança e um número insano de processos. Quem sustenta tudo isso somos nós e o empresário falou a verdade.

Felipe Mentiroso Araújo, cadê os textos do (liberal malvado)? Cadê as provas da sua caricatura? Vai continuar fugindo? Por isso eu disse que esperaria sentado, e, olha só, o tempo passou, o scroll girou, a pose continuou... mas a fonte da sua acusação nunca apareceu. Eita... além de projetar, ainda corre da própria mentira. Mas respira, camarada: ainda dá tempo de pedir desculpa e tentar um debate de verdade, aquele com argumentos, não com delírios.

Brigar com os fatos parece ingênuo, mas é a tática de todo coletivista para seguir enganando aqueles para quem o governo existe para "cuidar dos pobres". O senhor Marcos, como todo bom "progressista", deve se refestelar nas boas praias do NE. Aproveite e pergunte ao dono da pousada como é contratar trabalhadores para tocar o negócio. Os empresários da região travam uma luta diária para contratar - e por quê? Porque o candidato recusa assinar a carteira - para não perder o "benefício". Víciou.

Importante ver o que propositadamente não está nas manchetes, pib super alto, miséria e desemprego mínimos, indústria a mil, governo querendo taxar bilionários e isentar menos favorecidos. O governo está indo super bem, mesmo com dois terçós podres do congresso, mas o banqueiro da Folha manipula percepções diariamente, não informa quem vota por nós e quem por bilionários interesses.

Ao mesmo tempo em que a Folha apoia o esgoto do Tarcísio, propaga esgotos como o rei do ovo. A Folha do bilionário banqueiro não informa que União Brasil dos corruptos e de Moro, Pl de Tarcísio e Bolsonaro, PP e PSD de Kassab e Leite, jogam por interesses de bancos, bets, ogro e Malafaias, votam por cortes de despesas com infra, saúde e educação, por juros e não taxação de bilionários, e por continuidade taxação 5 mil, lutas de PT e Psol.

As medidas que hoje o governo tenta emplacar num cenário de impopularidade (reforma tributária, desoneração, altos salários, previdência privilegiada, subsídios, dividendos) foram exaustivamente expostos pelo Ciro Gomes (ainda lúcido) para os primeiros 180 dias de governo. Mas o Lula ganhou, viajou, levou a Janja, o tempo passou e tudo se perdeu. Inclusive a lucidez do Ciro.

O pior de tudo não é o pensamento escravagista desse senhor, onde bom mesmo é o estado que sempre esteve à disposição dos ricos, até mesmo com mão de obra barata, sem auxílios resquícios da escravidão! Pior mesmo são os pobres de direita, que melhoram sua vida com um governo social, e agora votam nos seus algozes!!!! Que horror!

Excelente sua matéria, perfeita a análise de parte deste empresariado cíni co que usa financiamentos subsidiados do BNDES para enriquecer e não gosta de pobre, pois os considera, como diz o escritor Harari, desnecessários.

O que veio primeiro, o ovo ou a galinha? O bolsa família é programa criado para combater a miséria, a exclusão e a fome, legado de séculos de exploração dos vulneráveis, que nos transformaram em um dos países mais desiguais do planeta. Capitalismo mais que selvagem. Não espanta que sejam os privilegiados por este modelo desigual que o critiquem. Indica claramente, porém, que estamos no caminho certo. Mais políticas públicas são necessárias para avançarmos. Mas o retrocesso espreita na esquina.

Ovo da serpente é uma metáfora um tanto batida, mas valeu pelo contexto. Pode-se discordar da avaliação do empresário, (que deve ter boas informações do mercado de trabalho de seu setor). Mas dizer peremptoriamente, do conforto do teclado do computador de casa, que ela é falsa me parece pretencioso.

O PT pisa em ovos, tem que sustentar os mais pobres, louvadamente, e garantir que os mais ricos continuem bilionários. Vive no temor do impeachement, arma do centrao, e libera as emendas suspeitas para continuar no poder, bolsonaro fez o mesmo. A elite produtiva se recente em não conseguir escravizar o pobre e promete investir na campanha da ultra direita que quer o fim do coitadinho, uma pena, o país assim não cresce nem sai de cima.

E Ivo Broeing, eu não moro a quinze minutos da USP: eu sou do interior paulista, sofro para pagar meu aluguel e ainda sim demoro uma hora para ir e voltar da universidade. Mas sabe qual a diferença entre nós? Enquanto você que gosta do governo bolsonarista de SC defende o EaD para ajudar a educação universitária a chegar ao Gigante Brasil Profundo, eu defendo o que o PT fez: expansão das universidades federais, campi federais no sertão, no extremo norte e sul, que deu ótimos resultados!

É exatamente isso q defende parte da sociedade desinformada, assim como esse jornal, ja dou como favas contadas a vitoria da direita e a perda de direitos sociais para beneficiar os mais ricos.

O bolsonarismo hipócrita não perde a chance de passar vergonha. Eu diria pra esse sujeito pedir desculpas e se demitir, mas ele é o dono e parece estar apaixonado pelo som da própria voz. Então, Lula 2026.

Continuando José Freitas, disse isso não por desprezar os pequenos empreendedores, mas para mostrar a realidade do Brasil: ou você vai afirmar agora que o filho do Seu José que montou uma barraca de frutas na feira estuda na FGV? Ou melhor, vai falar que a FEA USP onde eu estudo, não presta?

Não José Freitas, eu não estudo na FGV, onde as elites empresariais se formam, sabe por quê? Porque eu não tenho 6 mil para pagar de mensalidade por mês. Eu estudo na FEA USP - tão boa quanto ou até mais prestigiada academicamente e no mercado de trabalho - quanto a FGV, ou você vai falar mal da FEA agora? E a FGV tem como alunos elites empresariais: filhos de executivos e grandes empresários, não filhos de donos de padarias e de lojas, que quando muito, fazem um EaD ou curso técnico!

O capitalista selvagem depende de mão de obra vulnerável, sem capacidade de escolha. Quem consegue comer todos os dias fica um pouco mais exigente. Isso contraria frontalmente a necessidade de pagar baixos salários para maximizar os lucros. Para certo tipo de empresário interessa uma mão de obra mendicante que se sujeite às piores condições de trabalho. É essa visão de mundo que justifica a criação e motiva a existência do pensamento de esquerda e o papel social do Estado. Simples assim.

Felipe, querido camarada, Mais uma vez, você se empolga mais com a caricatura que criou de mim do que com o que realmente escrevi. Vamos aos fatos, esses detalhes incômodos que atrapalham seu enredo

Você diz que defendo uberização e empreendedorismo como solução mágica. Cite o trecho, Felipe. O que escrevi, e mantenho, é que empreendedorismo pode ser alternativa real e digna quando há incentivo, como em SC com juro zero, não mágica individualista como você insinua.

Você me acusa de defender EaD sem qualidade. Falso de novo. Eu disse que o EaD é uma ferramenta importante quando bem feita, porque nem todo brasileiro nasce a 15 minutos da USP. Defender acesso não é atacar qualidade, isso é coisa de quem olha o Brasil só da janela do campus.

Você diz que eu defendo isenção pra rico. Minta com mais cuidado. O que eu disse, e repito, foi exatamente o oposto: critiquei a isenção pra latifundiário com helicóptero novo, e defendi igualdade de critério pra todos. Também deixei claro que existem isenções que são compensações justas, estratégicas, que promovem autonomia, inovação e geração de emprego. Tá difícil acompanhar ou a vontade de lacrar atropelou o texto?

Esse é o exemplo de proprietário e não empresário.

Sobre SC ser paraíso… Usei dados. Comparei com a Bahia. Mostrei resultado. Se você tem melhores argumentos, traga. Mas chamar de (neoliberal de internet) porque você não gosta dos números só expõe o desespero, não o debate.