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Felipe Araújo Braga
Eu me decepciono com a esquerda também. Eu já briguei várias vezes com neoliberais como o Ivo Broeing que defendem a uberização de tudo. Mas quando o povo é uberizado, um policial e um professor ganham pouco, um professor da USP ganha dez mil e a esquerda vem defender cargo de nível médio com salário de 8 mil ao mês? Fica difícil. Não somos nós de esquerda que defendemos o povo contra os privilégios? Não adianta atacar os privilégios da burguesia e defender os privilégios da burocracia.
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Ivo Broeing
cri cri cri
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Ivo Broeing
Felipe, como você mencionou noutro comentário que admira profundamente as políticas públicas socialistas, sobretudo as do campo petista, poderia, por gentileza, citá-las nominalmente? A gente aqui tem curiosidade pra compreender melhor essas políticas que geraram tantos frutos. Sou todo atencão.
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Leandro Piva
A esquerda também já soube manipular o medo, o ódio e o rancor das massas, mas não soube canalizar suas conquistas. Hj o pobre é iludido pela precariedade disfarçada de "empreendedorismo", enquanto carrega o Estado e os ricos nas costas.
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José Antônio Spadao Marcatto
Correto. Não é usar fakenews. É falar com franqueza e carinho.
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Carla Oliveira
Sim, temos que sair desta onda de direita.
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Raymundo Itareru
a extrema direita mantém a atenção inventando inimigos imaginários através das fake news
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Felipe Machado
Boa, Rui. Conquistar corações e mentes. Aguçar o desejo por um futuro melhor. Contudo, deixo aqui a ressalva feita pelo camarada Breno Altman: não adianta tentar mobilizar as massas pela taxação de ricos com a finalidade de ajustar as contas públicas. O povo não quer saber de ajuste fiscal.
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Ivo Broeing
A esquerda agora quer uma "teoria da atenção", uma "teoria da memória" e até uma "teoria dos objetos de desejo político". Freud chamaria isso de sublimação fracassada: quando o sujeito não consegue lidar com o real, inventa um significante bonito pra nomear o vazio.
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Ivo Broeing
Leandro, exatamente isso: você entendeu... e ainda assim tropeçou. "Deus, pátria e família" são fantasmas estruturantes do laço social, não invenções pós-modernas de departamento de humanas tentando erotizar o termo "atenção coletiva" pra ver se cola no lattes.
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Ivo Broeing
Freud chamaria isso de "retorno do recalcado": você cospe na tradição enquanto sonha com um Estado materno que cuide da tua cama mal arrumada. E Lacan te explicaria que nomear o vazio com três palavras de cartaz de passeata não resolve tua angústia, só adia. Mas continue, me fascina ver o sintoma desfilar em voz alta.
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Leandro Piva
Tipo "Deus, pátria e família"? Entendo.
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Ivo Broeing
Hernandez, tua crítica é encantadora: começa dizendo que "não se pode" , ou seja, já parte da posição de superego acadêmico ofendido, e termina projetando no outro exatamente o que tenta esconder. Tu me acusa de usar psicanálise como ornamento ideológico, mas o que faz é defender a "psicologia social" como bengala moral, como se fosse tribunal epistemológico da política.
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Ivo Broeing
A parte mais divertida é quando denuncia o "uso da psicanálise como aparência de ciência", como se Lacan já não tivesse rido disso antes de você nascer. Mas entendo: quando o sujeito é interpretado sem pedir, ou finge que não entendeu ou tenta desautorizar quem o atravessou. No fundo, o que te incomoda não é o uso da psicanálise , é o fato de que ela funcionou em você. E não se preocupe com o que eu sei ou deixo de saber. O sintoma sempre se entrega primeiro. Você já falou. E falou demais.
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Ivo Broeing
Maria, tua resposta é didática: não suporta o uso da teoria porque ela foi aplicada fora do teu cardápio ideológico. É como quem diz (psicanálise só pode quando serve à minha fantasia). Freud agradece a confirmação, Lacan goza com tua defesa, e eu sigo interpretando mesmo quando o Outro protesta. Afinal, se doeu, é porque foi no ponto certo.
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Hernandez Piras
Não se pode utilizar a psicanálise como substituto da psicologia social. Mas o Sr Boeing vive incidindo nesse erro (1) para dar aparência de racionalidade científica ao seu ativismo político, (2) para tratar como problema psíquico qualquer conduta política do qual discorde e, enfim, (3) para ostentar um conhecimento que de fato não tem.
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Maria Lopes
Que exemplo do mau uso da teoria psicanalítica. O seu, claro.
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Ivo Broeing
A direita mobiliza pelo escândalo? Talvez. Mas funciona porque a esquerda abandonou o real em troca de projetos como "mercearias públicas" , o fetiche de um Estado que vende tomate, mas não entrega perícia médica em 30 dias. É o desejo de gozo burocrático travestido de justiça social.
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Ivo Broeing
Falar em "polarizar generosamente" é quase poético, como se a neurose do ressentido pudesse virar futuro promissor com branding emocional. No fundo, o que se quer é capturar a atenção sem abrir mão do gozo moral: manter o monopólio da virtude enquanto culpa o algoritmo.
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Ivo Broeing
Mas atenção se conquista com liberdade, não com PowerPoint progressista. E desejo político, quando não passa pela castração do real, vira só performance. A direita grita, a esquerda lambe a teoria. Resultado: o povo parcela o frango em seis vezes, enquanto intelectuais discutem "memória mobilizadora" em simpósios autofágicos.
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Ivo Broeing
kkkkk
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Marcos Benassi
(continuação2) Se me permite a extensão. Enquanto a esquerda tergiversar em busca de um consenso impossível, vai tomar porrada sem ter como se defender e/ou devolver as pancadas. Podemos e devemos fazer, por exemplo, parcerias com a indústria; pode-se até discutir a cobrança de mensalidades de alunos de alta renda. Mas não se pode transigir acerca da existência como entidade pública, com professores dedicados e bem remunerados, cuja pesquisa possa render frutos ao país, e não só à indústria.
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Maria Lopes
Endosso os três comentários, uma ótima adição à ótima coluna do Rui Tavares.
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Marcos Benassi
(continuação) O senhor veja, por exemplo, a situação do ensino superior público Federal, em absoluta e generalizada crise financeira. Vejamos este jornal: em editoriais, afirma "não haver dinheiro" para tanto, pugna por mais desfinanciamento, cobrança de mensalidades etc. Caberia à esquerda um enfrentamento direto da questão: ensino público é direito; somente nas públicas faz-se ciência; o país precisa de ciência, país que não a têm, definha. Quem luta contra, trai o Brasil. Postura inequívoca.
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Marcos Benassi
Seu Rui, retornando, gostaria de fazer um contraponto. Sem dispensar absolutamente nada de sua reflexão cognitivista, proponho uma pequena simplificação: a tomada de posição frente a uma Proposta de Existência (fujo propositalmente do termo teoria). Não sei da Europa há muito já não moro aí; cá, contudo, tivemos uma estupenda aproximação com o discurso neoliberal, desde a primeira assunção ao poder. Indiferenciamo-nos. Parece vexaminoso assumir pautas "de esquerda". (Continuo)
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José Cardoso
A disputa política no varejo obscurece as diferenças no atacado. Há "bens de consumo coletivo" como enterrar a fiação elétrica ou assegurar calçadas planas, sem desníveis e buracos, que exigem a ação do poder público. As pessoas gostam dos resultados, mas é difícil convencê-las a colocar dinheiro em obras que levarão muitos anos para ficarem prontas.
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Marcos Benassi
Caríssimo (e ilustrado) Seu Rui, mais uma reflexão admirável. Este texto, deixarei marcado para retorno posterior eventual compartilhamento, vale a pena. Não tenho a mínima dúvida de que precisamos de entendimentos mais complexos de mundo para dar conta do nosso contexto atual; o senhor faz uma proposição absolutamente defensável, inteligível e instigante sobre a questão. Vou reler, pensar mais um bocadinho e retorno. Muitíssimo grato!
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Maria Lopes
Endosso.
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Armando Moura
o segredo é desinformaçao na rede social, alguns lideres chegam a criar a propria rede social. isto tem que ser regulado ou ser combatido no mesmo campo, a tsunami de desinformaçao tem que ser barrada por diques de informaçao e o jornalismo profissional é critico para este sucesso.
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Daisy Santos
Sem utopias, num mundo totalmente distopico, e ainda duelando com fake news fica muito difícil entusiasmar.
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Marcos Benassi
"Utopia", cara Daisy, virou palavrão. Ao invés de ser um apontamento, uma baliza para aquilo que não é concreto, mas pode ser almejado - fundacional para essa coisa que chamamos motivação - a utopia passou a ser motivo de piadinha. Curiosíssimo, porque o desejo pelo rompimento das regras civilizatórias e a reintrodução da selvageria medieval do mais forte, *é uma utopia*, da pior direita que há. Não estamos ainda neste lugar, ele é um "topos" que não foi ainda alcançado. Última chance de luta.
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Claudio Loredo
A direita pode mentir a vontade e a mentira é infinita. Já a esquerda jamais pode mentir, pois precisa ganhar a confiança da classe trabalhadora. A verdade é infinita e trabalhosa para encontrar. A Direita só defende os ricos e esta verdade precisa ser escondida com muitas mentiras.
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José Marco Barbizan
Em primeiro lugar e tem que se reconhecer, custe o que custar, que o mundo é conservador e a esquerda, assim como o autor do texto, continua no atraso, veja a luta pelas seis horas semanais e a pesquisa mostrada aqui na Folha, em que os jovens de hoje só vejam o emprego via CLT como uma segunda alternativa. Como então achar que haverá um grande engajamento para essa ideia? Assim como os sindicatos que perderam sua representatividade para os trabalhadores, pois hoje viraram ape cabide de emprego.
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Raymundo Itareru
fake news é a alma do negócio e o segredo do sucesso
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