É bem isso mesmo, prezado Rui. Infelizmente.

Desvelar, retirar o véu para mostrar o que estava oculto. Revelar a finalidade da existência pessoal, cujo saber foi deliberadamente escondido da humanidade para que o espírito não pudesse aproveitar e evoluir, mas resvalar para a vida vazia de sentido, só comida, bebida e prazeres. Pão e circo. Resvalar para os abismos da decadência e destruição. O Apocalipse na Terra. O Fim do tempo para a indolência humana.

Eu tenho repetido: o crescimento pentecostal no Brasil é resultado de nossa desigualdade, de milhões que emigraram do campesinato para as periferias das grandes cidades a fim de servir a burguesia. Por que essas igrejas crescem justamente apenas entre as populações mais pobres e não da classe média alta pra cima? Tá aí!

Caro Rui Tavares: "que ela tenha um destino, e um sentido, que volte a entusiasmar...". Os acontecimentos recentes (ações erráticas daqueles q se utilizam da narrativa em detrimento da verdade, q acredito voltarão como bumerangues contra eles) talvez se convertam em oportunidade para q pessoas "do bem", e q o querem para toda sociedade, consigam elaborar uma narrativa, fundamentada na verdade, q dê o sentido apocalíptico real à democracia na vida das pessoas, e q as entusiasmem. Tenho fé...

Brasil de Lula, onde o vice-presidente é liberado com passaporte diplomático e tapete vermelho... para lamber sandálias de teocracia que apedreja mulher em praça pública e arranca olho de criança com bala de borracha. Mas com os EUA, nosso maior investidor direto e segundo maior parceiro comercial, a diplomacia se resume a cartinha chorosa e ressentimento de adolescente que levou fora do crush imperialista.

Pra que sentar com o secretário do Tesouro dos EUA, maior economia do planeta e nosso principal investidor direto, se dá pra posar sorridente no Irã entre dois líderes terroristas , que, aliás, já estão mortos? Foto histórica, diga-se: Alckmin no meio de dois cadáveres diplomáticos e de um governo teocrático que sonha com o apocalipse nuclear. Um clique que resume bem a política externa do lulismo: entre o real e o delírio, escolhe o delírio, desde que use turbante e odeie os EUA.

Se o país for uma ditadura apocalíptica com fetiche por urânio enriquecido e um manual medieval de direitos humanos, aí sim a FAB já liga os motores, a comitiva se prepara e o discurso vem pronto: "solidariedade entre nações soberanas"

É o gozo do antiamericanismo performático: quanto mais o Brasil apanha da realidade econômica, mais se abraça ao delírio revolucionário. Lacan explica: quando o sujeito se recusa a aceitar a castração simbólica, leia-se, as consequências práticas da provocação, ele se refugia na fantasia do Outro persecutório, do inimigo histórico.

Mas no mundo real, não tem palco Brics de papel machê. Só exportação travada, fábrica demitindo e diplomacia de recreio. Enquanto os adultos negociam tarifa com fundo de investimento, Lula manda cartinha com cheiro de patchouli e um TikTok sobre justiça climática.

A democracia precisa reconquistar "corações e mentes"!

Eu não sou religioso nem ateu. Estou lendo “Bíblia” (Novo Testamento - Os quatro Evangelhos), tradução grega por Frederico Lourenço (muito bom, indico). Dito isso, ressalto que concordo inteiramente com a análise do Sr. Rui Tavares; a humanidade (não sei bem porquê) precisa de uma narrativa.

Não me parece difícil conjugar as crises financeiras de dois mil e oito, a ambiental, as guerras que se sucedem, a pandemia e no Brasil, particularmente, os episódios da Lava Jato, Bolsonaro, Vaza Jato,l tudo isso turbinado pelas redes de desinformação, para indicar um pano de fundo para a própria crise do capital, cada vez mais implacável, concentrado de um lado, precarizado de outro e deixando os horizontes mais estreitos e sombrios.

O sentido da vida é um tema amplo, um dos mais antigos e estudados pela filosofia mundial ao longo dos séculos — e ainda hoje, sem uma resposta definitiva. No entanto, a democracia não pode ser considerada a causa primeira capaz de oferecer esse sentido às pessoas. Se assim fosse, haveria plena felicidade nas nações consideradas mais democráticas, o que claramente não ocorre. Basta observar os altíssimos índices de suicídio em muitos países ricos e democráticos.

Não assisti ao documentário, mas, quanto às narrativas salvacionistas "religiosas" que tomaram nosso país nos últimos anos, me parece, são análogos ao fenômeno catequético jesuíta, dos primórdios da colonização, reeditado por nossos novos colonizadores. Os jesuítas vieram para dominar a mente e os corações indígenas e alinhá-los ao projeto colonial. Os pastores, hoje, são o mesmo, atuando sobre nosso povo, disseminando os "novos valores" que "devem" nortear agora nosso "novo" destino.

Nenhuma criança fala em sentido da vida. Ninguém nasce com esse tipo de ideia babaca. Isso não tem nada a ver com democracia. Que argumento ridículo.

Educação, moradia e saúde...onde o articulista encontra isso? Alunos semianalfabetos, nossas favelas/comunidades estão crescendo a cada dia enquanto pacientes com câncer morrem antes mesmo de qualquer tratamento mínimo em qualquer hospital público...

são muito os ópios do povo. mas beber do Malafaia, dá uma indigestão braba, e deu no que deu neste Brasil imenso.

A democracia abre portas para haver sentido em nossas vidas, algo que a igreja não dá, muito pelo contrário, ela força uma associação de narrativa religiosa sobre a vida após a morte ao passar do tempo de nossa existência, inclusive evitando debates de idéias para reduzir a revolta de não ter acesso aos bens que a outros sobram. Trata-se de um consolo aos despossuídos, em contraste com as Ciências e aos bem sucedidos financeiramente.

Hoje preciso discordar. A democracia nunca foi diretamente uma narrativa de prosperidade. Indiretamente, ela nos dizia que o livre debate, inclusive a garantia à expressão de grupos menores ou politicamente mais fracos, permitiria à sociedade encontrar soluções melhores para todos. Nunca foi exatamente verdade, grupos mais fortes, especialmente aqueles economicamente mais fortes, sempre controlaram a narrativa historicamente vencedora, final.

Penso que o mecanismo comunitário das igrejas também é um vetor importante. De dar sentido às nossas vidas. Uma única bóia para nos ajudar a não nos afogar na vida isolacionista que nos abraça.

Texto lúcido.

O que é um esquerdista senão um hipócrita, não? O sujeito sabe que o Brasil está rumo a venezuelização, com a ajuda da FSP, e ainda fala em comida. E a cara nem cora!

A religião ainda é o ópio do povo e fazedor de bilionários da fé. Um fio de esperança é que os evangélicos bateram o teto do avanço na sociedade.

Hoje mesmo saiu noticia que o PT pagou agora 2 milhoes a Joao Santana, o mesmo João Santana que confessou, delatou, devolveu 80 milhões e usou tornozeleira na lava jato agora recebe o que faltava do acordado com o PT pela roubalheira, com juros e correção simbólica, porque traição, no universo petista, só é imperdoável se for contra o script, não contra os cofres publicos , e a culpa e do evengelico!

Seu Rui, caríssimo, se me permite tangenciar de leve seu excelente texto, eu diria que a utopia ficou fora de moda; mais, ela passou a pegar mal: "utópico" virou ofensa, como se manter uma perspectiva futura que organiza as ações, expectativas, movimentos, fosse mau, porque uma antítese do presente possível, "pragmático". Ora, as igrejas são pós-utópicas, vendem um "topos" que nem pode ser aferido, de tão intangível por definição. Quedê nossas utopias, que vintanos atrás nos orientavam?

Impressionante como, no mundo encantado de Rui Tavares e Petra Costa, o Apocalipse democrático começa quando o povo vota errado, e nunca quando o partido no poder compra o Congresso a céu aberto com dinheiro sujo da Petrobras.

Mensalão? Petrolão? O maior esquema de corrupção da história do planeta Pfff... isso foi só uma "narrativa mal interpretada", diria Petra, com lágrimas nos olhos e música triste ao fundo. Porque no roteiro do progressismo performático, o verdadeiro golpe não é comprar 300 deputados com propina , é perder a eleição.

O projeto de poder do PT foi explícito, estruturado, bilionário, e quase deu certo: cooptaram partidos, rasparam estatais, manipularam imprensa amiga e tentaram eternizar o lulismo como religião oficial do Estado. Mas esse pequeno detalhe está foracluído do simbólico progressista. Lacan explica: quando o trauma é insuportável para o ego ideológico, ele é recalado com poesia, cinema e tese sociológica.

A "narrativa forte" que sequestra a democracia, segundo o colunista, é a religiosa. Não, camarada, a que sequestrou a democracia por duas décadas foi a do PT ungido, do "nunca antes na história deste país", da aliança com empreiteiras, do Foro de São Paulo e dos ministros do STF escolhidos a dedo pra blindar o esquema.

O verdadeiro apocalipse tropical foi quando o Estado virou departamento de marketing do partido e a ética virou instrumento de chantagem moral contra quem ousasse discordar. Mas vá dizer isso num debate com essa turma e você será acusado de "ameaçar a democracia" , como se a democracia não tivesse sido estuprada na calada das MPs, dos bilhetes da Odebrecht e dos cartões da JBS.

O Brasil quase virou uma Venezuela gourmet. Só não foi porque a Lava Jato (antes de ser sabotada), a imprensa (antes de ser comprada), e a classe média (antes de ser humilhada) deram um basta. Mas esse basta... não entra no documentário. Estraga a estética. Por isso, eles choram a perda de sentido da democracia como quem chora a perda do controle sobre a narrativa. O povo descobriu que pode existir fora do script. E isso, pra essa elite pseudoiluminada, é o verdadeiro apocalipse.

Os materialistas de esquerda acham que o dinheiro resolve tudo, um pensamento curto, porque desconhecem o poder da Bíblia, não a leem por preconceito, não conhecem a profundidade de suas revelações, como de fato muda vida das pessoas e por isso tem dificuldade em compreender certos fenômenos sociais…

infelizmente, uma das maiores e piores herança lusitana que recebemos aqui, foi o sebastianismo disfarçado de religião. aliás o sebastianismo chegou aqui antes dele. ou seja, Chico tem razão, Todos nós herdamos o sangue lusitano uma boa dosagem de lirismo (além da sífilis, é claro), e sacristias e mais sacristias que agora viraram templos presbiterianos disfarçados de urnas eletrônicas ou não, mais rentáveis que máquinas de cassinos, para os donos delas, é claro! Um bom artigo.

O sentido é diferente para cada um, e muitas vezes varia ao longo da vida. Não acho que seja tarefa da administração pública fornecer algum sentido para a vida das pessoas.

infelizmente, uma das maiores e piores herança lusitana que recebemos aqui, foi o sebastianismo disfarçado de religião. aliás o sebastianismo chegou aqui antes dele. ou seja, Chico tem razão, Todos nós herdamos o sangue lusitano uma boa dosagem de lirismo (além da sífilis, é claro), e sacristias e mais sacristias que agora viraram templos presbiterianos disfarçados de urnas eletrônicas ou não mas rentáveis como máquinas de cassinos, para os donos delas, é claro! Um bom artigo.

Rui não faz nada em terras lusitanas, um ou dois zeros a esquerda.. mas fala muito, apocaliptico, em artigos para brasileiro ler.

Acho que a onda religiosa vem por uma ausência de sentido da razão, "pregada" pelo mundo moderno. Não vi o filme ainda, mas definitivamente não acho que as pessoas se esqueceram do benefício das políticas públicas. Elas só não vêem mais sentido nisso