Se há fila, porque é bom. Ninguém fica numa fila por algo ruim. Há mil alternativas de atendimento privado. Porque não vão lá?

Qualquer um de nós está vulnerável ao negacionismo, à desinformação, à falta de informação, ao excesso de informação é síndrome de fomo. Por isso acho importante a entrada de qualquer cidadão no sistema de saúde pelo SUS, pois do jeito que está existe uma deseducação em saúde, além de uma apartação social entre aqueles que acessam rapidamente os serviços e aqueles que esperam na fila.

Vejo muita gente reclamando da dívida pública, mas não levantam um pio pra falar da dívida privada com o poder público (rs). Desde que a iniciativa privada esteja submetida ao SUS, tanto melhor, não somente em termos de regulação, mas também de entrada do cidadão no sistema de saúde do país: no mundo ideal, a pessoa é atendida inicialmente e educada em saúde pelo SUS; se quiser, vai para a iniciativa privada para outras consultas, exames e procedimentos.

O crescimento das filas por especialistas tem uma causa principal: o sucateamento da atenção básica, cada vez mais não resolutiva e ineficiente. A história natural das doenças acabam por evoluir até o nível da complexidade. Vínculos precários, má gestão nos municípios, política, pressão do complexo diagnóstico-farmacêutico-indudtrial tornaram as UBSs balcões de fornecimento de remédios e de exames prescritos pela área privada. O SUS acabou. E Padilha põe a pá de cal.

Esse todos conhecem.

O PT consegue bons resultados em seus governos quando adota políticas “neoliberais”. Essa é uma antiga proposta do Partido Novo e de outros setores da Direita. Certamente, o militante-raiz deve estar confuso e bravo: “Lula está privatizando o SUS?!” Porém, como diz a sabedoria popular, “bom cabrito não berra”. Fosse um governo do NOVO a propor e executar essa política pública, a militância petista já estaria na rua a protestar contra a “destruição do SUS”.

Ótimo, precisamos utilizar a infra- estrutura de assistência de saúde construída da saúde. Enfrentar os gargalos e garantir o atendimento, um, SUS robusto, é possível.

Padilha não está uma política sustentável de Sasúde. Está, sim, construindo uma política eleitoral.

Puxa vida! A melhor coisa que o governo consegue pensar para melhorar o acesso da população aos especialistas é transferir dinheiro público, que não será cobrado em impostos, para a iniciativa privada. Quer dizer, em vez de montar uma estrutura perene no SUS, vai querer contar com o privado, que sempre deixa na mão em nome do lucro. E o ministro ainda tem a capacidade de dizer que o debate sobre as parcerias público privadas já está superado. Desesperador!