Felipe, excelente reflexão. Agora, note que a consequência direta é o aumento da participação da classe A (na verdade, do perfil AAA) no mercado e não a inviabilização do capitalismo como um todo (ou a sua conversão em 'algo diferente' na linha sugerida pelo Varoufakis). É duro admitir, mas o capitalismo não precisa que toda a sociedade participe para persistir.

No século passado, o Estado de bem-estar social foi a solução para redistribuir a riqueza produzida nas revoluções industriais, mantendo a saúde da sociedade capitalista. A inteligência artificial pode ser utilizada em grande escala e de forma intensiva, favorecendo o projeto educativo de transição de carreira de grande parcela da população, com bolsas temporárias de estudo, financiadas pelo Estado e pelo Mercado.

Respondo todos os leitores sempre. Meu pedestal é o chão. Conheço bem o Entrementes. Qual é o seu balanço sobre o programa? Uma coisa: o BF, como você deve saber muito bem, não é renda básica universal, mas um programa condicionado de transferência de renda (tanto que é preciso manter os filhos na escola para seguir recebendo e não é permitido gastar o benefício em bets), exclusivamente voltado para a parcela mais pobre da população.

É muito difícil dizer, especialmente sem uma bola de cristal (rs). Mas, uma tendência relevante a se considerar é a de que a economia está se dividindo como a letra K. O braço (da renda) superior segue uma trajetória de acumulação e consumo ascendente e vice e versa. A classe média, reduz-se em tamanho. Portanto, a tese diz que cada vez menos gente vai movimentar mais dinheiro.

crente k-h regra o dia inteiro

Robson, não são apenas os EUA que tem de fazer. Há propostas na União Europeia e no Brasil sobre regulação. Tem de parar essa história de que crime previsto no código penal não é crime na internet, ou não tem responsável porque o perfil é fake.

controlar os monopolios da iA se que jeito eles ja se inraizaram em todo sociedade ( classe media pra cima principalmente) saoeles que dominam trump enquanto ele for president dos EUA.

Olá Hercílio, eu concordo inteiramente contigo: há mesmo essa tendência. Porém, o que estou dizendo é que políticas insustentáveis como uma "renda básica universal em patamares capazes de sustentar até a classe média" é que tendem a vicejar. Uma vez que é evidentemente impossível que a classe média possa ser sustentada com dinheiro estatal, depositado de forma incondicional (isso é óbvio; nem em Luxemburgo seria possível fazê-lo por mais de alguns meses), segue a tese que entitula o artigo.

Caro Álvaro, a IA é apenas o último acréscimo a um avanço tecnológico que tem eliminado empregos e precarizado o mundo do trabalho, nesse aspecto não trás novidade alguma. Já o voto sempre foi mais complexo que esses esqueminhas que você sugere. A questão política relevante é que o sistema liberal democrático em que vivemos não tem encontrado resposta satisfatória, o que não implica que as respostas encontradas sejam sempre demagógicas (populistas?).

Olá Alberto. Veja, uma vez que "bolso" e "costumes" são independentes, segue que as pessoas podem privilegiar politicamente um deles (o bolso), a despeito de discordâncias no plano do outro eixo (o dos costumes). Agora, a questão que segue gira em torno do tipo de raciocínio econômico que tende a ser privilegiado. Uma vez que a IA cause pânico e desemprego, discursos populistas, baseados em promessas irrealizáveis, tendem a ter vantagem sobre os mais ponderados.

Olá Mônica. O medo tende a criar terrenos férteis para o populismo, bem na linha que você está dizendo. Agora, o xis da questão é saber se o medo da IA favorece o populismo de esquerda ou de direita? Ele favorece promessas irrealizáveis do tipo "renda básica universal até para a classe média", ou promessas irrealizáveis do tipo "vamos garantir que todo brasileiro possa se tornar um empreendedor de sucesso"? A resposta é óbvia e mostra como o populismo de esquerda tende a ser favorecido.

Olá José Cardoso, muito interessante o seu ponto, mas é claro que estou falando de 'benefício incondicional', sob a premissa de que é impossível para o governo brasileiro ofecerê-lo em níveis suficientes para sustentar o padrão de consumo de todos os que forem afetados pela IA. É exatamente essa 'sinuca de bico' que deve estimular a emergência de novos líderes populistas, já que os mais realistas soarão bem menos excitantes.